testeVelejando na Galáxia

Por Amâncio Friaça*

Projeção artística de Oumuamua (Foto: European Southern Observatory)

Em 19 de outubro de 2017, o astrônomo Robert Weryk, do observatório de Haleakala, no Havaí, descobriu um objeto se afastando da Terra a uma velocidade vertiginosa. Ele utilizava o telescópio Pan-STARRS, projetado para ser um caçador de asteroides e cometas. O astro veloz estava entre a órbita da Terra e de Marte e foi batizado, posteriormente, de ‘Oumuamua, que significa “sentinela avançada” em havaiano. 

Primeiro, pensou-se que o astro fosse um cometa. Logo depois, um asteroide, pois não desenvolveu atividade cometária. Por fim, verificou-se que sua órbita era extremamente hiperbólica, o que significa que não estava ligado ao Sistema Solar, mas que vinha do meio interestelar. O ‘Oumuamua era o primeiro representante de uma família de corpos do Sistema Solar, os interstellar interlopers (“intrusos interestelares”), ou seja, intrusos vindos do espaço interestelar. Quando essa característica de sua natureza foi confirmada, ele foi batizado como 1I / ʻOumuamua – “1” porque é o primeiro objeto descoberto e “I” de interestelar. Em pouco tempo, nosso visitante saiu do Sistema Solar para nunca mais voltar, a uma velocidade de 95 mil quilômetros por hora.

O ‘Oumuamua tinha uma cor avermelhada e era relativamente pequeno, com dimensões máximas de poucas centenas de metros de comprimento e poucas dezenas de metros de largura ou espessura. A primeira hipótese, de que seria um cometa interestelar, o primeiro da sua espécie descoberto, logo começou a soar inadequada, visto que o ‘Oumuamua tem diversas características peculiares, como uma aparência muito alongada, a presença de aceleração não gravitacional, rotação constante, ausência de solavancos no movimento. As variações de brilho indicam que possui uma razão comprimento/largura extrema de no mínimo 10:1.

Não foi possível obter imagens desse objeto, e por isso nos resta deduzir seu formato, que seria ou muito alongado, ou muita achatado. Sua primeira representação gráfica o ilustrava com o formato de um charuto. Contudo, seria extremamente improvável um núcleo de cometa tão alongado assim. Já a aceleração não gravitacional também é algo que se observa em cometas ¾ que são essencialmente icebergs cósmicos, constituídos na maior parte por gelo sujo que, ao evaporar, lança jatos de vapor que impulsionam o objeto pelo espaço. Porém, não houve registros da presença de água nas imagens obtidas pelo telescópio espacial de infravermelho Spitzer. Além disso, os jatos de vapor de um cometa são irregulares, o que é difícil de conciliar com sua rotação constante e o movimento sem mudanças bruscas do ‘Oumuamua.

 

Um veleiro interestelar

A vela estelar LightSail-2 (Foto: Josh Spradling/The Planetary Society/The New York Times)

É nesse momento que Avi Loeb, o astrônomo que foi chefe do Departamento de Astronomia da Universidade Harvard pelo período mais longo de sua história, e seu aluno de pós-doutorado Shmuel Bialy surgem com uma hipótese audaciosa. Na verdade, 10:1 é o limite inferior para a razão entre a maior e a menor dimensão do ‘Oumuamua. Ele poderia ser extremamente achatado e tão fino como uma folha de papel. Ou, como uma vela… Loeb e seu aluno propõem, portanto, que o ‘Oumuamua seria um artefato extraterrestre, uma vela de luz, semelhante à vela de um barco, mas impulsionada não pelo vento, e sim pela luz do Sol ou de outra estrela. Um verdadeiro veleiro interestelar.

A ideia das velas de luz já havia sido evocada para entes bem mais modestos do que dispositivos extraterrestres. Em 1903, o prêmio Nobel de Química Svante Arrhenius apresentou, em seu artigo “The Distribution of Life in Space” [A distribuição da vida no espaço], a hipótese de que formas microscópicas de vida podem ser transportadas pelo espaço, impulsionadas pela pressão de radiação (da luz) das estrelas. Essa é a hipótese da panspermia. A vida poderia ter surgido em algum canto remoto da Via Láctea e transportada até a Terra ou outros planetas. Cada microrganismo seria um minúsculo veleiro interestelar.

Posteriormente se verificou que a radiação UV e os raios X do meio espacial seriam letais para bactérias individuais. Por outro lado, elas seriam capazes de sobreviver em aglomerados em micrometeoritos ou em grãos de gelo. De fato, a maior parte do universo é gélido, e uma boa parte dos grãos de poeira interestelar é coberta por mantos de gelo. Formas de vida bem mais simples e robustas do que as bactérias terrestres poderiam ter sido encapsuladas no gelo desses grãos e depois revividas em um ambiente planetário mais hospitaleiro.

Amostras de gelo da Antártida com 8 milhões de anos abrigam bactérias que foram revividas após o degelo. É bem possível que o gelo mais antigo da Antártida, com 34 milhões de anos, também contenha bactérias dormentes. Essa escala de tempo é comparável com a meia volta de cerca de 100 milhões de anos do Sol em sua rotação galáctica.

As possíveis formas do ‘Oumuamua (Foto: Mark Garlick/Biblioteca de fotografias científicas)

Se o ‘Oumuamua fosse de fato um produto de inteligência alienígena, qual seria a sua natureza? Poderia ser um lixo espacial descartado por uma civilização extraterrestre em sua expansão pela Via Láctea, uma espécie de garrafa de plástico interestelar. Mas poderia ser também uma boia cósmica. Esta última hipótese foi levantada por Loeb e seus colaboradores ao calcularem que o ‘Oumuamua seria oriundo do Sistema Local de Repouso (SLR). O SLR é um sistema de referência centrado em um ponto que se move em órbita circular ao redor do centro galáctico, com velocidade igual à média das velocidades estelares em sua vizinhança.

O próprio Sol se move em relação ao SLR a uma velocidade de 71 mil quilômetros por hora, na direção do chamado ápex, que fica na constelação de Hércules. Em contraste, o ‘Oumuamua estava praticamente em repouso em relação ao SLR antes de entrar no Sistema Solar. A probabilidade de que estivesse tão imóvel quanto o calculado é de 1 parte em 500. Nesse caso, Loeb se pergunta qual seria o objetivo de uma boia plantada no SLR.

A história da Vela de Luz tem relação com a Iniciativa Starshot, da qual Loeb foi presidente do comitê, e que se propunha a enviar espaçonaves até nossa estrela mais próxima, Proxima Centauri, que é a estrela anã vermelha do sistema triplo de estrelas, Alpha Centauri, a estrela mais próxima de nós. Proxima é a estrela deste sistema mais perto do Sol, a 4,24 anos-luz, e ainda por cima tem um planeta habitável, Proxima b.

Loeb, seus alunos e pós-doutorandos projetaram seu próprio veleiro interestelar, uma microssonda que poderia fazer a viagem até lá em poucas décadas. O propulsor é uma vela de luz, uma folha finíssima e super-reflexiva com alguns metros de tamanho. Acelerada por um feixe de laser de 100 gigawatts, a nave alcançaria um quinto da velocidade da luz. A carga seria um chip, com câmeras e outros detectores que captariam informações sobre Proxima b e outros corpos em sua órbita durante o brevíssimo sobrevoo da nave pelo sistema.

 

As possibilidades de vida inteligente extraterrestre

A Iniciativa Starshot faz parte da Breakthrough Initiatives, um ambicioso projeto para a busca de vida e inteligência fora da Terra, lançado pelo bilionário russo Yuri Milner em 2015, na presença de nomes como Stephen Hawking, o cosmólogo Martin Rees, Pete Worden, ex-diretor da Ames Research Center da NASA, e o astrofísico Frank Drake, criador da equação que leva seu nome. A “equação de Drake” fornece uma estimativa do número de civilizações em nossa galáxia que têm a tecnologia necessária para a comunicação interestelar:

N = R*× fp × ne × fl × fi × fc × L

Aqui, R* é  a taxa de formação de estrelas em nossa galáxia; fp, a fração de estrelas com sistemas planetários; ne, o número médio de planetas em cada sistema com condições ambientais favoráveis à vida; fl, a fração de planetas onde surge a vida; fi, a fração de planetas onde a vida dá origem à inteligência; fc , a fração de vida inteligente que desenvolve tecnologia de comunicações interestelares; e L, a duração do tempo durante a qual tal vida inteligente é capaz de produzir sinais detectáveis.

Cada termo da equação de Drake representa um pedaço de conhecimento necessário para se formar um panorama da possível presença de inteligência no universo. Atualmente, com milhares de exoplanetas (planetas em torno de outras estrelas) cartografados, começamos a ter uma boa ideia dos termos fp e ne. O termo fl, que descreve a passagem de um mundo químico de moléculas orgânicas para um mundo biológico, ainda é uma grande incógnita. Contudo, não deve ser tão pequeno, já que o aparecimento da vida na Terra foi relativamente rápido.

Trajetória do ‘Oumuamua no Sistema Solar (Foto: ESA)

A Terra tem aproximadamente 4,55 bilhões de anos e seus primeiros tempos foram um verdadeiro inferno. Tanto que esse período é conhecido como Hadeano, termo oriundo de “Hades”, o deus dos infernos na mitologia grega. Durante o Hadeano, meia dúzia de vezes a Terra teve um oceano vaporizado pela queda de gigantescos asteroides e teve sua crosta esfacelada. O Hadeano acabou 3,9 bilhões de anos atrás e apenas 100 milhões de anos depois já havia sinais de vida. Esse rápido florescimento nos faz apostar que a vida não seja tão rara, quer tenha surgido de modo endógeno, no próprio planeta, ou exógeno, tendo sido transportada de outro lugar do universo por panspermia.

O surgimento da inteligência, dado por fi, deve exigir como condição o aparecimento de vida pluricelular, o que na Terra só foi possível devido à produção de oxigênio por uma classe específica de bactérias, as cianobactérias. O oxigênio permite o surgimento de seres de grande porte e de sistemas nervosos ou seus análogos, condições para que a inteligência emerja. Desse modo, o surgimento da inteligência depende de condições ambientais do planeta que proporcionem o desenvolvimento de formas de vida complexas. Isso é algo que pode ser estimado, apesar das grandes dificuldades e incertezas.

Dois pontos críticos da equação de Drake relativos à inteligência no universo são fc e L. Na verdade, a condição de uma inteligência extraterrestre produzir tecnologia interestelar é mais geral do que aquela de gerar comunicações interestelares direcionadas, pois pode haver tecnologia extraterrestre sem que haja comunicação em um modo como os terráqueos sejam capazes de identificar. Em outros termos, a probabilidade de uma inteligência alienígena produzir tecnologia interestelar, ft , é maior do que a dela enviar sinais captáveis por nós fc . Ademais, a inteligência extraterrestre já pode ter ultrapassado o lapso de tempo em que se desenvolve comunicação interestelar, L, mas seus resíduos tecnológicos podem persistir por um tempo muito mais longo, digamos, por um período de rotação da Via Láctea (225 milhões de anos na distância do Sol até o centro da Galáxia). O ‘Oumuamua poderia ser um desses “fósseis” tecnológicos.

 

Os vestígios da vida no universo

A proposta de Loeb para ‘Oumuamua certamente vai contra a ortodoxia e poderá ser descartada por uma explicação não artificial. Contudo, não deixa de abrir um novo caminho para a pesquisa da vida extraterrestre. A consideração desses vestígios de tecnologia extraterrestre, as tecnoassinaturas, seria um melhor modo de verificar a existência de inteligência extraterrestre, porque ela não precisaria estar ativa agora, mas poderia ter sido extinta ou ultrapassado o estágio tecnológico.

Uma das áreas de pesquisa da astrobiologia, o estudo da vida dentro do contexto cósmico, são as bioassinaturas, que assinalam a existência da vida em um planeta por meio de modificações em sua atmosfera, como a presença do oxigênio, metano ou outros gases fora do equilíbrio. As bioassinaturas não revelam seres vivos individuais, mas biosferas inteiras.

Os grandes responsáveis pelas bioassinaturas são os microrganismos. No caso do nosso planeta, as metanogênicas, quando a Terra era bem jovem, e as cianobactérias, 1 bilhão de anos depois. As primeiras encheram a atmosfera de metano e as últimas, de oxigênio. A busca de vida fora do sistema solar tem se concentrado nas bioassinaturas, que responde às formas de vida mais simples.

Loeb amplia as metodologias de busca de vida alienígena com as tecnoassinaturas, que são sensíveis ao outro extremo de complexidade da vida, as civilizações extraterrestres. As tecnoassinaturas incluem tanto inteligências extraterrestres presentes modificando todo um planeta por meio de ilhas de calor e produção de poluentes quanto inteligências do passado reveladas por seus restos materiais deixados em outros planetas ou descartados no meio interestelar. No último caso, estaríamos diante de uma astroarqueologia, da qual o ‘Oumuamua poderia ser a primeira relíquia astroarqueológica descoberta, uma vela de luz desenterrada dos campos da Via Láctea.

 

*Amâncio Friaça é astrônomo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). Trabalha em astrobiologia, cosmologia, evolução química do universo e nas relações entre astronomia, cultura e educação.

testeEra só um livro da Jojo Moyes

Por Rebeca Bolite*

(Reprodução: Netflix)

Todo mundo tem aquele(s) livro(s) muito querido(s). Não é um clássico da era vitoriana e o autor pode não ser um medalhão, um Nobel, mas a história do livro te disse alguma coisa muito importante. Sua vida mudou completamente enquanto lia. Um personagem, um diálogo ou uma passagem do livro te fez ver o mundo de outra forma.

A última carta de amor é um desses livros para mim (tanto que já fiz até outro texto no blog sobre ele). Claro que a Jojo Moyes agora é a Jojo Moyes, mas quando a Intrínseca adquiriu os direitos de tradução desse livro ela ainda iria se tornar essa autora best-seller muito famosa. E o livro, que chegou para a gente numa versão pocket surradinha de terras estrangeiras (ainda mandavam o livro físico, nada digital), teve que ser feito enquanto vivíamos uma loucura de Cinquenta tons, O lado bom da vida, Garota exemplar. Ele nem era tããão importante quanto esses outros. Olha só que loucura.

Na época, meu deus, 2011, 2012, fiquei responsável por trabalhar no livro e fui tomada pela história. O enredo todo é sensacional — Jojo amarra perfeitamente as pontas desse romance que é praticamente um suspense, de tanta reviravolta —, mas o que me marcou mesmo foi a questão da memória, ou, no caso, da falta dela. Fui arrebatada pelo argumento principal de uma mulher que perde completamente a memória e de repente acha as cartas de um amante que, claro, ela não lembrava que tinha.

A verdade é que vivemos esquecendo e ocultando quem fomos, muitas vezes até para poder seguir, dar um próximo passo. Isso pode acontecer por uma situação muito traumática que não queremos mais lembrar, ou uma ruptura na vida, como uma mudança de cidade, de emprego. E também pode não ser nada demais. “Só” o transcorrer do tempo.

Claro que Jennifer sofre um acidente, e perder a memória dessa forma é muito traumático para a pessoa e para os familiares e amigos. Só que nós também não acabamos nos esquecendo do Carnaval de 2007, das férias de 2011? Mas está lá a foto, um abraço muito apertado em pessoas com quem não falamos mais, e de quem éramos tão próximos… Uma viagem que poderíamos jurar nunca ter feito, lugares de que não nos lembramos, com alguém que não conseguimos nem entender como um dia fomos capazes de amar. Mas no âmago de todas essas histórias esquecidas estamos nós, em um trabalho de construção e reconstrução diária do nosso eu. Um eu vivo, cheio de lembranças perdidas e inventadas.

Eu realmente não lembro em detalhes quem eu era há quase dez anos, mas se tem uma coisa que não esqueço é daquele livrinho de capa rosada, papel jornal, cansado de ser manuseado. E meu eu de junho de 2021 está absurdamente animado para ver aqueles meus personagens queridos ganharem vida (será que Shailene vai ser a Jennifer que eu criei na minha mente? Será que Felicity vai fazer jus a minha Ellie?). Ansiosíssima pela estreia na Netflix dessa adaptação.

*Rebeca Bolite é editora de livros de ficção e não ficção comerciais na Intrínseca, e, apesar de amar as palavras, encontrou na comunicação por figurinhas de whatsapp o verdadeiro sentido da vida.

teste5 semelhanças entre Teto para dois e A troca, comédias românticas de Beth O’Leary

Quem não ama uma boa comédia romântica, não é mesmo? 

Os dois livros de Beth O’Leary, nossa autora especialista nesse assunto, têm histórias capazes de curar qualquer ressaca literária e encher os nossos corações de amor. Teto para dois e A troca são duas obras que todo leitor deveria conhecer, sobretudo aqueles que amam comédias românticas! <3

Confira a nossa lista de semelhanças entre os títulos:

1. Histórias inusitadas

Você dividiria o apartamento e a cama com uma pessoa que você nunca viu pessoalmente? Ou trocaria de vida — incluindo casas e celulares — por dois meses com sua avó? Bom, nas histórias da Beth O’Leary, é exatamente isso que as protagonistas fazem.

Em Teto para dois, Leon mora no apartamento de dia, e Tiffy, à noite. Os dois nunca se encontraram, mas estão prestes a descobrir que, para se sentir em casa, às vezes é preciso jogar as regras pela janela.

Em A troca, Leena Cotton tem 29 anos e sente que já não é mais a mesma. Já sua avó, Eileen Cotton, tem 79 e está em busca de um novo amor. Tudo que neta e avó precisam no momento é de uma mudança radical. Então, para colocar suas respectivas vidas de volta nos trilhos, as duas têm uma ideia inusitada: trocar de lugar uma com a outra.

 

2. Personagens secundários


Quem disse que os personagens secundários não podem ter histórias importantes? 

Ao criar personagens carismáticos como ninguém, Beth O’Leary sempre nos deixa com vontade de um spin-off de suas tramas, só para passarmos um pouco mais de tempo com eles e conhecer mais detalhes de suas histórias. Em Teto para dois, nos apaixonamos pelos amigos superprotetores de Tiffy e pelo irmão e pelos pacientes de Leon. Em A troca, gargalhamos com a Patrulha do Bairro de Eileen e com os amigos e vizinhos incríveis de Leena, além de enlouquecermos de paixão pelo Jackson.

 

3. Temas importantes

Relacionamentos abusivos, a dor do luto, síndrome de burnout e injustiças sociais são alguns dos temas que a autora aborda em seus livros de forma leve e emocionante.

 

4. Problemas familiares

Leon e Leena têm grandes questões familiares que precisam ser resolvidas. 

Precisando de grana urgentemente para pagar o advogado do irmão, que está na cadeia, o protagonista de Teto para dois decide colocar seu apartamento para alugar na parte da noite e aos fins de semana (que é quando ele, enfermeiro, está fora trabalhando). Assistente editorial em uma editora de livros de artesanato e DIY, Tiffy está quebrada, financeira e emocionalmente, depois de um término de namoro, e aceita esse acordo bastante inusitado.

Em A troca, Leena também está passando por um momento delicado: após a morte da irmã, sua relação com a mãe se deteriorou. Ao se mudar para a cidadezinha da avó, ela vai acabar ficando mais perto da mãe, e começa a se questionar se vai ser mesmo uma boa ideia. Será que um dia Leena conseguirá perdoá-la?

 

5. Nunca é tarde para amar

O sr. Prior, de Teto para dois, é um dos pacientes mais queridos de Leon no hospital. Ele vive fazendo cachecóis e contando sobre sua inesquecível história de amor com Johnny White, com quem conviveu durante a guerra e nunca mais pôde se reencontrar. 

Já Eileen, protagonista de A troca, está em busca de um novo amor depois que o ex-marido fugiu com uma professora de dança de salão. Só que as coisas não estão fáceis: ela mora em um vilarejo muito pequeno e nenhum de seus pretendentes parece ser o ideal. Será que trocar de vida com sua neta e viver em Londres durante dois meses vai ajudar Eileen a encontrar um novo parceiro?

testeBiblioteca Gaiman: conheça a coletânea inédita e exclusiva de HQs do autor

Não é novidade para ninguém que nós amamos Neil Gaiman — só pela Intrínseca, o autor tem onze títulos já publicados e muitos ainda por vir. Considerado um dos maiores escritores vivos, Gaiman já foi agraciado com diversos prêmios e conta com várias de suas obras adaptadas para a TV e o cinema, como Coraline, Deuses americanos e Belas maldições, além de projetos ainda em desenvolvimento, como a série da Netflix inspirada em Sandman.

Para honrar o gênero que o consagrou ainda na década de 1980, a Intrínseca dá início à publicação de um projeto inédito e exclusivo para o público brasileiro, uma coleção que reúne grandes histórias do autor adaptadas para os quadrinhos: a Biblioteca Gaiman.

Em uma edição de luxo com capa dura e fitilho, o primeiro volume reúne cinco graphic novels incríveis — duas delas inéditas no Brasil —, tem 288 páginas, arte de capa feita pelo artista paraibano Shiko (Piteco – Ingá, Lavagem, Três Buracos) e prefácio da ilustradora e colorista Cris Peter (X-Men, Batgirl, The Few and Cursed), ambos ganhadores dos prêmios HQMix e Angelo Agostini, além de projeto gráfico de Antonio Rhoden.

Mais que uma coletânea para os fãs do autor, a Biblioteca Gaiman é um verdadeiro resgate histórico e um mergulho na bibliografia do escritor britânico.

Conheça as histórias presentes no primeiro volume da coleção:

 

As noivas proibidas dos demônios desfigurados da mansão secreta na noite do desejo sinistro

Adaptação e arte: Shane Oakley | Cores: Nick Filardi
Originalmente publicada em 2006 e adaptada para graphic novel em 2017

Na trama que abre a coletânea, um escritor com bloqueio criativo quer criar histórias sobre donzelas delicadas e os perigos sombrios da noite, mas uma visita inesperada e uma conversa sincera com um corvo mudam por completo os rumos de sua inspiração.

As noivas proibidas dos demônios desfigurados da mansão secreta na noite do desejo sinistro é uma paródia da literatura gótica perfeitamente adaptada para uma HQ sombria, chocante e bizarramente cômica. Além da história, a edição também apresenta esboços, anotações e estudos de personagens e capas feitas pelo artista.

 

Criaturas da noite

Arte e cores: Michael Zulli
Originalmente publicada em 1998 e adaptada para graphic novel em 2004

Criaturas da noite adapta duas histórias mágicas sobre criaturas que não são bem o que parecem. Em O sacrifício, um gato preto se envolve em uma batalha noturna com um inimigo invisível e cruel. Já A filha das corujas conta a história de uma órfã amaldiçoada e do trágico destino daqueles que quiseram lhe fazer mal.

 

Mistérios divinos

Adaptação e arte: P. Craig Russell | Cores: Lovern Kindzierski
Originalmente publicada em 1992 e adaptada para graphic novel em 2002

Um cigarro compartilhado entre dois homens em Los Angeles dá início a uma trama sobre anjos, criminosos, amor, morte e o primeiro assassinato do mundo. E não se engane: o Paraíso pode ser tão perigoso quanto a terra.

 

A verdade sobre o desaparecimento da srta. Finch

Arte e cores: Michael Zulli
Originalmente publicada em 1999 e adaptada para graphic novel em 2004

Um grupo de amigos visita o Teatro dos Sonhos Noturnos, um espetáculo circense estranho, macabro e um tanto quanto feroz que atravessa os túneis subterrâneos de Londres. Mas o que eles não esperavam é que a impassível srta. Finch, a mulher que os acompanhava naquela noite, desapareceria de forma tão misteriosa e repentina.

A verdade sobre o desaparecimento da srta. Finch é uma história “quase real” que combina o realismo mágico que se tornou uma marca do autor com a espetacular arte de Michael Zulli.

 

Arlequim apaixonado

Arte e cores: John Bolton
Originalmente publicada em 1999 e adaptada para graphic novel em 2001

Arlequim apaixonado tem início quando uma mulher encontra um presente estranho e sanguinolento pregado em sua porta, obra de um admirador invisível e imprevisível: um coração humano. Neste conto atemporal sobre o amor desesperado de um arlequim bufão, o palhaço impulsivamente dá seu coração à amada, apenas para vê-lo arrastado distraidamente pela cidade antes de um final surpreendente.

A edição também apresenta um perfil de John Bolton e um anexo sobre os personagens da commedia dell’arte escritos pelo próprio Gaiman!

 

O primeiro volume dessa coleção especial já está nas livrarias e lojas on-line, disponível também em edição com brinde. Garanta já o seu!

Leia também:

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testeHolocausto brasileiro: das páginas para as telas da TV

Por Daniela Arbex*

Raimundo e Wanda são nomes fictícios dos personagens da série Colônia, que estreia nesta sexta-feira no Canal Brasil e na Globoplay, mas eles bem que poderiam se chamar Cabo e Sônia, pessoas reais cujas histórias foram retratadas no livro Holocausto brasileiro. Raimundo, Wanda, Juraci, Valeska, Elisa, Freitas, Gilberto e muitos outros personagens da série dirigida por André Ristum são o retrato de um Brasil onde cabem todas as exclusões. Das pessoas negras, dos militantes políticos, das mulheres silenciadas por insubmissão, dos homossexuais, dos indesejáveis sociais.

Com sensibilidade e contundência, Ristum usa a arte e em alguns momentos o humor para falar sobre uma das páginas de nossa história que mais nos envergonha: a do tratamento oferecido a todos aqueles que a sociedade julgava merecerem o extermínio. Ou melhor, o não tratamento. A série que ele criou não se omite diante do nosso passado. Escancara a nossa falta de humanidade para lidar com os sãos e com todos aqueles que recebem o estigma da doença mental.

A maior parte da trama se desenrola dentro do hospício de Barbacena, o cenário assustador do que foi o Hospital Colônia entre 1903, ano da sua inauguração, e 1980, quando os primeiros ventos da reforma psiquiátrica sopraram por lá. Colônia tem início com a história de Elisa, a filha solteira de um rico fazendeiro que é despachada de trem para o hospital após ter engravidado.

Assim como ela, outras milhares de Elisas foram colocadas no chamado trem de doido para expurgar no hospício os seus “erros” e tudo que era considerado fora das normas sociais. No Colônia, ela conhece Gilberto, expulso de casa por ser gay. Também se aproxima de Wanda e Raimundo. Relegados ao esquecimento social por serem negros e pobres, os dois passam décadas institucionalizados. Lá, Elisa ainda encontra Valeska, amante do prefeito da cidade. Aliás, é o político quem a interna no hospital com a conivência da medicina e do diretor da instituição.

O uso do eletrochoque sem finalidade terapêutica também é denunciado na série de Ristum, bem como a violência dos guardas para a manutenção da ordem e a venda de cadáveres. Também estão em cena os banhos frios, a substituição das camas por capim, a pouca comida, a ausência completa de alguma forma de atenção. Em meio a tantas dores, Elisa encontra na amizade de Wanda e de outros pacientes uma maneira de se salvar da loucura que lhe foi imposta, já que a sanidade dela é colocada em xeque a cada reviravolta da história.

Colônia, que será exibida em dez capítulos no formato preto e branco, tem fotografia assinada por Hélcio Alemão Nagamine, e traz ainda cenas inesquecíveis sobre a luta de muitos internos contra a desumanização. Aliás, resistir à ordem vigente, à loucura dos normais, é um imperativo na série — que é de uma atualidade assustadora. Ela nos coloca frente a frente com um Brasil que nega a realidade, com os tabus que sustentam a exclusão. Escancara o racismo, os nossos fantasmas e nos conecta com o que verdadeiramente somos. Homenageia, enfim, os 60 mil mortos que não tiveram a chance a uma vida digna. Dignidade e talento, aliás, são o que se encontra na interpretação de Fernanda Marques, Arlindo Lopes Júnior, Andreia Horta, Rejane Faria, Bukassa Kabengele, Marco Bravo, Naruna Costa, Augusto Madeira, Eduardo Moscovis e outros grandes nomes.

Preparem-se para mergulhar no Brasil profundo, onde a esperança nunca morre.

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testeCuidado com o que deseja

Por André Carvalhal* 

Paul Crutzen, ganhador do prêmio Nobel de Química em 1995, diz que a humanidade modificou o planeta Terra de forma tão intensa que substituiu a natureza como a força ambiental dominante. Isso é o que ele chama de Antropoceno. Como consequência, estamos mudando o clima, exercendo forte pressão seletiva sobre a fauna e a flora e provocando diversas outras transformações.

Quando exatamente isso começou a acontecer deixa margem para discussão. Segundo uma das teorias, o processo começou há oito ou nove mil anos, bem antes dos registros históricos, mas se intensificou apenas com a industrialização e a invenção de novas tecnologias.

As perdas agora se estendem por todos os continentes, oceanos e todas as espécies. Desejamos o desenvolvimento e agora estamos presenciando uma mudança global, comparável ao impacto do asteroide que acabou com o domínio dos dinossauros há 60 milhões de anos.

Nunca fomos encorajados a ter um estilo de vida que preservasse o planeta. Pelo contrário, fomos mais estimulados a controlar e explorar a natureza. Em decorrência disso, estamos criando um mundo cada vez mais inabitável, superpopuloso, esgotando recursos naturais e provocando mudanças climáticas.

 

A esperança de um futuro melhor

Elizabeth Kolbert, autora de Sob um céu branco: A natureza no futuro, nos alerta que nosso modo de vida atual pode acabar contribuindo com a extinção da nossa espécie. Faz-se prudente, então, retroceder e reduzir esses impactos. Mas somos tantos e fomos tão longe que recuar parece impraticável.

A população não vai parar de crescer, e assim a demanda de recursos naturais será cada vez maior para alimentos, roupas, energia… Quanto mais usamos recursos sem equilíbrio, mais desestabilizamos o ecossistema. E mais difícil fica a renovação desses recursos.

Os efeitos desse desequilíbrio já podem ser percebidos. Devido à escassez de peixes, é necessário procurá-los cada vez mais longe; diversas matérias-primas estão ficando mais caras, enquanto, na nossa própria casa, já sentimos também as consequências: pagando altos custos para consumir água e luz. Estamos diante de um dilema sem precedente. Haverá saída?

Kolbert mergulha em uma minuciosa investigação sobre o impacto da ação do homem na biodiversidade e entrevista biólogos e engenheiros genéticos e atmosféricos para entender como os cientistas estão agindo para remodelar a Terra. Sob o céu branco conta a história de pessoas tentando resolver problemas criados por pessoas tentando resolver problemas.

O livro apresenta alguns projetos que estão surgindo com o objetivo de solucionar o dano causado pelos humanos e sua má interação com a natureza. Nem tanto com um olhar de positividade, eu senti, mas para nos fazer refletir sobre os impactos das nossas ações e desejos. Afinal, a cada problema “resolvido”, outro acaba surgindo.

Pesquisei alguns outros exemplos de inovações que estão vindo por aí:

Para solucionar a questão da morte das abelhas — cujo papel na polinização é muito importante —, já foram criadas abelhas-robôs e até flores robóticas impressas em 3D para atrair os insetos. O projeto se chama Synthetic Pollenizer, criado por Michael Candy. Pensando em resolver os problemas do lixo eletrônico, alunos e professores da Universidade do Iowa criaram um mecanismo de autodestruição, que faz com que os aparelhos — como celulares, tablets, notebooks — desapareçam quase instantaneamente.

Em Kato, no Japão, estão sendo “plantadas” fazendas solares no mar. São grandes placas utilizadas para evitar a evaporação da água de represas e gerar energia. Ainda com este objetivo, mas substituindo as placas, uma equipe da Universidade de Michigan desenvolveu um tipo de vidro. A tecnologia se assemelha ao vidro que conhecemos, mas ele também captura a energia do sol e a converte em eletricidade. O EM1 é um produto composto por bactérias benéficas que “comem” as maléficas, contribuindo assim com a retirada de substâncias nocivas do leito de rios e atuando na sua revitalização (atualmente em fase de testes na Bahia).

Para mim, fica a mensagem de que precisamos da ciência — jamais podemos negá-la. E também de que precisamos encontrar o limite entre servir e usar o planeta, descobrindo formas de cooperar em vez de dominar.

Nós somos a natureza. Fazemos parte dela e precisamos dela para sobreviver. Sem essa noção, nem a ideia mais genial e tecnológica será capaz de nos salvar dos problemas que nós mesmos criamos.

 

André Carvalhal é escritor, consultor, colaborador-colunista de diversos veículos e especialista em design para sustentabilidade.

testeKamala Harris e o desafio de fazer a diferença

Kamala Harris é uma mulher movida por propósitos. Negra e filha de imigrantes, compreendeu desde cedo o impacto de ser parte de grupos minoritários e a necessidade de fazer com que essas vozes fossem ouvidas. Motivada a fazer a diferença, construiu uma sólida carreira no Direito e, aos poucos, enxergou na política uma oportunidade ainda maior de criar uma sociedade mais justa. 

Compartilhando sua trajetória de sucesso, a atual vice-presidente dos Estados Unidos oferece em As verdades que nos movem uma aula de gestão de crises e liderança em tempos desafiadores, com lições inspiradoras e detalhes de momentos que foram fundamentais para a construção de sua vida política. Ao reconhecer as dificuldades e influências que marcaram sua carreira, Harris também reforça o efeito coletivo de nossas ações e a importância de se manter fiel aos valores que trilharam seu caminho. 

As verdades que nos movem, que chega às livrarias no dia 12 de julho, mostra o lado humano de uma líder obstinada, que teve coragem de impor suas ideias progressistas — em ambientes há anos regidos por uma cultura excludente — e que conquistou em 2020 um dos cargos de maior relevância política do mundo. 

“O desafio diário que proponho a mim mesma é ser parte da solução, ser uma guerreira alegre na batalha que está por vir. Desafio você a se juntar a esse esforço. Para defender nossos ideais e nossos valores. Não vamos levantar as mãos em rendição quando a hora é de arregaçar as mangas. Não agora. Não amanhã. Nunca.”