testeComo a pandemia de COVID-19 escancara a necessidade de repensarmos a economia

Em 1987, físicos tentaram entender como as avalanches se formam e como se poderia prever seus impactos. A partir de um experimento que simulava o empilhamento de grãos de areia, eles perceberam que não era possível antever o momento exato da catástrofe — muito menos a sua intensidade. Assim como no experimento, os sucessivos avisos de especialistas não bastaram para prevermos a data exata nem todas as consequências de um evento de magnitude até então inédita: a pandemia causada pelo COVID-19.

Rapidamente, a crise gerada pela propagação do vírus SARS-CoV-2 pôs em evidência graves deficiências da economia moderna. Em um momento de exceção, os dogmas e as normas em geral aplicadas pelos profissionais da área se mostraram ineficientes. As medidas de contenção e de distanciamento social, além das centenas de milhares de mortes, geraram uma ruptura no pensamento econômico formal e têm obrigado economistas do mundo inteiro a repensarem os modelos vigentes.

Para a economista Monica de Bolle, uma das vozes mais influentes da área atualmente, os esforços para enfrentar o COVID-19 clamam por uma retomada da verdadeira essência da economia — um ecossistema dinâmico e não linear cujas práticas se alicerçam nas vidas humanas e não em métricas de ganhos e compensações. Repensar essas convenções exige criatividade e imaginação, além de uma visão interdisciplinar, pautada em princípios éticos e no dever dos profissionais em contribuir com a sociedade e o debate público.

Professora da Johns Hopkins University e pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics, Monica de Bolle está presente assiduamente na mídia impressa, pautando também as discussões sobre os desafios econômicos do Brasil hoje. Por acreditar que as discussões econômicas devem envolver a sociedade em geral, passou a ministrar em seu canal no YouTube aulas acessíveis sobre a área nas quais comenta os desafios enfrentados pelos governos e pela comunidade científica internacional.

Em Ruptura, primeiro livro da série A Pilha de Areia, a autora reúne os conteúdos de seu canal no YouTube e uma série de artigos publicados no jornal O Estado de S. Paulo e na revista Época. Mais que uma análise dos primeiros impactos da pandemia e seus efeitos na economia, a obra é também um esforço de olhar não só para o Brasil, mas também para o mundo e tentar entender e registrar os primeiros passos do mercado econômico desde que o COVID-19 se espalhou.

Ruptura chega às livrarias e lojas on-line em 25 de setembro em formato físico e e-book. Compre já na pré-venda.

testePodcast: A vida mentirosa dos adultos, de Elena Ferrante

O terceiro episódio do Sem Shrink, podcast sobre os livros do intrínsecos e as novidades da Intrínseca, fala de uma obra muito aguardada: A vida mentirosa dos adultos, novo livro de Elena Ferrante, autora de sucessos como A amiga genial e A filha perdida.

Enviado em junho no clube intrínsecos, a obra acompanha as transições da juventude usando a voz de Giovanna, cujo destino é selado por um comentário do pai, comparando a falta de beleza da filha com a de Vittoria, tia da menina há muito afastada do convívio da família.

Giovanna decide então conhecer a mulher que pode encarnar seu futuro e logo é jogada em uma espiral de reflexões e dúvidas devastadoras.

Taila Lima, Heloiza Daou, Elisa Rosa e Milena Vargas, que participaram do processo de produção e divulgação do livro, se juntam para uma conversa que se aprofunda nas reflexões e relações que movem a protagonista.

Confira o kit intrínsecos de A vida mentirosa dos adultos ou garanta o livro já em pré-venda on-line.

Ouça o episódio abaixo. Atenção: contém spoiler!

 

Se você ainda não conhece o Sem Shrink, confira os episódios anteriores.

 

Kit enviado em junho no clube intrínsecos

 

testeSorteio Facebook – Leituras Trevosas [ENCERRADO]

Fizemos uma seleção de leituras trevosas e você pode ganhar uma delas! Vamos sortear 3 vencedores que poderão escolher entre três livros: Malorie, As outras pessoas e Coraline.

Para participar, marque DOIS amigos nos comentários do post no Facebook e preencha o formulário abaixo!

Atenção:

– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

– Você pode comentar mais de uma vez no post, mas não pode repetir os amigos marcados.

–  Ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “Seu formulário foi enviado com sucesso”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição.

– Se você já ganhou um sorteio nos últimos 7 dias no Facebook, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 31 de agosto, segunda-feira, em nosso perfil no Facebook. Boa sorte!

 

testeSorteio Twitter – Leituras Trevosas [ENCERRADO]

Fizemos uma seleção de leituras trevosas e você pode ganhar uma delas! Vamos sortear 3 vencedores que poderão escolher entre três livros: Malorie, As outras pessoas e Coraline.

Para participar do sorteio, você precisa seguir o nosso perfil (@intrinseca), compartilhar essa imagem no FEED do seu Twitter PUBLICAMENTE e preencher o formulário abaixo!

Atenção:

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– Se você já ganhou um sorteio da Intrínseca nos últimos 7 dias no Twitter, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 31 de agosto, segunda-feira, em nosso perfil no Twitter. Boa sorte!

testeSorteio Instagram – Leituras Trevosas [Encerrado]

Fizemos uma seleção de leituras trevosas e você pode ganhar uma delas! Vamos sortear 3 vencedores que poderão escolher entre três livros: Malorie, As outras pessoas e Coraline.

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testeÉ possível criar personagens que sejam o oposto de seu criador?

Todos nós temos trejeitos, preferências e idiossincrasias. E, naturalmente, tendemos a gostar mais de determinadas pessoas do que de outras. Pois é justamente esse um dos maiores desafios para mim, como escritor: como criar personagens com quem eu, a princípio, tenderia a não simpatizar? Em bom português: personagens de quem eu não seria amigo ou com cuja visão de mundo eu não concordo.

Não estou falando necessariamente de “vilões”, que em geral são criados para serem odiados, mas sim de um homem comum com traços machistas ou uma pessoa cujo posicionamento político é diferente do meu. Como dar a esses personagens a complexidade que merecem? É muito fácil cair na cilada de construí-los com ironia ou superficialidade, renegando-os a um papel desbotado na narrativa.

Foi isso que aconteceu comigo no processo de escrita de O livro de Líbero. Nos primeiros rascunhos, a personagem Dona Norma, mãe do protagonista, era bastante diferente do que viria a ser na versão final. Eu, que nasci e cresci em uma cidade grande, tinha a tendência de descrever a devoção de Norma pela religião e seu apego por Pausado (a minúscula cidade onde se passa o livro) com sarcasmo, como algo tacanho, ingênuo e atrasado. O resultado era uma personagem extremamente rasa, caricatural, sem a complexidade que faria jus à sua importância dentro da história.

Só percebi isso quando uma professora de escrita comentou que havia achado emocionante o amor de Dona Norma à sua terra e às miudezas da vida, mas que isso fora sufocado pelas “tintas pesadas” que eu usara para descrever seu traço religioso. Eu até então vira o apego de Dona Norma pela pequena cidade como medo ou covardia simplesmente, mas nunca como amor. Era essa a chave que faltava para compreender a mãe de Líbero e que eu, na pressa ou na indiferença diante do diferente, não percebera até aquele momento. Voltei, então, ao texto, tentando enxergar Dona Norma por esse novo prisma, mais generoso.

A palavra-chave aqui, a meu ver, é empatia, algo tão em falta nos dias de hoje. Colocar-se no lugar dos outros, tentar pensar como eles, ver o mundo através de seus olhos, suas dores, suas histórias. E é justamente essa a grande beleza dos livros, seja no ofício de escrevê-los ou no hábito de lê-los: o exercício da empatia, de enxergar os que pensam e agem diferente de nós para além dos rótulos e caricaturas. Em tempos tão polarizados quanto este em que vivemos, em que tendemos a “cancelar” aqueles de quem discordamos, esse é mais do que nunca um exercício importante rumo a uma tentativa de diálogo e compreensão.

testeO jornalismo é uma ponte para o coração do outro

(Na foto: Ligiane, Flávio, Daniela e Paulo em Santa Maria)

Escrever para mim é um exercício de significados. Jamais publiquei algo que não tivesse sentido para mim. Por isso, os temas que eu escolho tratar me mobilizam. E penso que na vida de um autor precisa ser assim. Seria impossível enfrentar a solidão que a gente sente durante o processo de preparação de uma obra sem uma identificação profunda com a história que se vai contar.

Para mim o livro só termina depois que as palavras são compartilhadas e elas passam a ter um significado para o outro. Apesar de a construção do texto ser um ato individual, para que a história nasça de verdade, ela precisa habitar o mundo de quem a lê. É assim que a gente se realiza: nos sentimentos que a palavra é capaz de despertar.

E é pelo emaranhado de emoções que se descortinam a cada parágrafo de um livro que a gente se aproxima de quem conhece e até de quem nunca viu. Fica íntimo. Talvez por isso o jornalismo signifique tanto para mim, porque ele é uma ponte para o coração do outro. Atravessá-la me emociona.

Domingo passado experimentei o sabor dessa travessia — muitas vezes mágica. Pelo celular, recebi uma mensagem de São Paulo de um leitor que havia terminado Os dois mundos de Isabel. Confesso que o texto, assinado por Paulo Carvalho, pai de Rafael, que morreu em 2013 na boate Kiss, mexeu comigo.

Daniela, li o livro. Foi devagar.

A cada capítulo foi aflorando em mim sentimentos que estavam guardados. A história da dona Isabel é de muita generosidade e amor ao próximo. A sua perseverança gigante que a levou a tantas obras.

Quantas vidas de meninos foram salvas?

Quantos exemplos?

Quantas histórias de doação?

Em uma delas lembrei muito do meu filho lendo a história da Andrea. Fiquei com lágrimas.

Me trouxe, pouco a pouco, a cada página, uma sensação de paz depois de muito tempo.

Algo que não sei explicar, mas como um passe que foi aos poucos me dando algo que precisava. Algo que perdi.

Já te agradeci por nos dar voz pelo livro da boate Kiss. Agora te agradeço por me dar esse sentimento que eu chamei de paz, mas também de me fazer olhar para esse outro mundo.

No final de cada jornada que nos leva a começar e a finalizar um livro, o que nos espera é o olhar do outro. Ao reencontrar Paulo e, mais uma vez, tocar as memórias afetivas dele, eu tive o privilégio de ouvir seus sentimentos e de deixar no mundo dele o que procuro ter sempre comigo: empatia.

testeO conto de um canto

Nesse período de isolamento social, me dei como meta separar a p/arte da manhã para leitura ou estudos voltados diretamente aos assuntos que me são amáveis: música, poemas e qualquer manifestação estético-visual.

Esses dias, reencontrei Machado de Assis e seus contos clássicos — O alienista, O espelho, Singular ocorrência, Galeria póstuma, Fulano, A segunda vida, Trina e una, Uns braços, Um apólogo, Um homem célebre, Missa do galo… São apenas alguns dos tantos textos que atestam o quanto nosso bruxo do Cosme Velho é, de fato, um gigante. Na minha singela opinião, toda a grandeza do nosso maior escritor está contida no conto (ou seria canto?) Uma ideia de canário.

O cenário é um canário, uma loja e um senhor. Nada além. O homem de nome Macedo entra numa loja de bugigangas no centro da cidade. No meio daquelas tralhas todas, o único objeto com vida é uma ave que saltita dentro de sua gaiola. O pássaro dá as boas-vindas ao freguês. Atraído pela curiosidade, ele adentra. Papo vai, assobio vem; estranhamento dali; bizarrice de cá. E pronto! Estamos todos dentro do conto.

A partir daí, dá-se início a uma (ir)real sessão de análise, na qual: o canário é o psicanalista, o poleiro é o divã e Macedo, o paciente. Os assuntos mais profundos da existência pássarhumana são colocados, literalmente, em questão. Que coisa é o mundo? Pergunta Macedo ao aliado ser alado a seu lado. Este lhe responde:

Ora é “uma loja de belchior, com uma pequena gaiola de taquara, quadrilonga, pendente de um prego”; outrora é “um jardim assaz largo com repuxo no meio, flores e arbustos, alguma grama, ar claro e um pouco de azul por cima”; por fim se trata de “um espaço infinito e azul, com o sol por cima”.

Basicamente, o que o canário, aliás, o dicio-canário nos ensina é que, conforme vivenciamos as coisas, nossa visão de mundo se expande: cada um tem seu universo para ressignificar. A nossa existência (insistência?) vai ganhando novas definições em função de onde estamos. O que antes se limitava à gaiola agora mal cabe no firmamento. Sem arte (ou sensibilidade ou imaginação), tudo é mais curto.

O canário-falante se torna o calvário do homem. No caso, do Macedo. Que, mais cedo ou mais tarde, também passa a se questionar. Que bom! Sinal de que está vivo. Sinal de que não está passivo perante os acontecimentos cotidianos, simplesmente esperando a vida passar. Viver não é esperar essa passagem. Isso é uma espécie de morte. Viver é passar pela vida com esperança. 

Esperança? Ainda temos?

testeQuem não gostaria de conversar com Martin Luther King Jr?

Martin Luther King Jr. foi uma das vozes mais poderosas do século XX. O pastor e ativista deixou sua marca na história ao ser o porta-voz da luta pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos durante as décadas de 1950 e 1960, e até hoje é fonte de inspiração para jovens e adultos em todo o mundo. Quem não gostaria de ser como ele?

É partindo dessa premissa que Nic Stone escreve Cartas para Martin, seu livro de estreia. Através da voz (e das correspondências) do jovem Justyce McAllister, a autora levanta importantes questões sobre as complexidades de ser negro nos Estados Unidos. Em tempos de movimentos como o Black Lives Matter, o livro expõe a estrutura racista da sociedade e mostra que, quando se é negro, o sucesso profissional, acadêmico e financeiro não impede que o mundo hierarquize sua existência pela cor da pele.

A obra é uma excelente forma de conhecer alguns ideais defendidos por Luther King , além de apresentar aos jovens questionamentos importantes sobre racismo, injustiça social, privilégio e violência policial, ajudando-os a entender seu papel na luta antirracista.

A partir de hoje, 25 de agosto, Cartas para Martin está disponível nas livrarias e também em formato digital. Por coincidência (ou não), a primeira carta que Justyce escreve para Luther King foi escrita nesse mesmo dia.

Confira o texto completo:

MEU CARO MARTIN (OU “DR. KING”),

Antes de mais nada, quero que saiba que não é por desrespeito que me dirijo a você com certa intimidade, mas é que no primeiro ano pesquisei sobre sua história e seus ensinamentos para um trabalho, então, para mim, sinto como se você fosse de casa. Espero que não se incomode com isso.

Uma rápida apresentação: meu nome é Justyce McAllister, tenho dezessete anos, moro em Atlanta e estou no último ano da Escola Preparatória de Braselton, onde tenho bolsa de estudos integral. Sou o quarto colocado entre os oitenta e três alunos do meu ano, sou capitão da equipe de debate, fiz pontuações excelentes nos exames de admissão e, apesar de ter crescido numa área “ruim” da cidade (não muito longe de onde você morou), é muito provável que meu futuro inclua uma das melhores universidades do país, um diploma em Direito e uma carreira na administração pública.

Infelizmente, hoje de madrugada nada disso teve valor algum.

O que aconteceu, em resumo, foi que eu tentei fazer uma boa ação e acabei sendo atirado no chão e algemado. Minha ex-namorada é que estava doidona, mas, pelo visto, o grande perigo ali era eu, com meu casaco de capuz, a ponto de o policial que me abordou até ter chamado reforço.

Eu pensei que tudo fosse se resolver quando os pais da minha ex chegassem, mas o mais louco disso tudo é que os policiais não queriam me soltar por nada nesse mundo, não importava o que o sr. e a sra. Taylor dissessem. Quando o sr. Taylor avisou que ia ligar para a minha mãe, os caras deixaram muito claro que, como eu tenho dezessete anos, pela lei americana já sou considerado maior de idade em casos de infração legal — ou seja, não havia nada que a mamãezinha pudesse fazer por mim.

Ele acabou ligando para a mãe de uma amiga minha, a SJ. A sra. Friedman é advogada e teve que ir até a delegacia vomitar na cara deles um monte de termos legais para conseguir que eles tirassem minhas algemas. Já estava amanhecendo quando finalmente me liberaram.

Foram horas, Martin.

A sra. Friedman não falou muito enquanto me levava para o alojamento da escola, mas me fez prometer que eu ia passar na enfermaria para pegar compressas frias para botar nos meus pulsos inchados. Liguei para minha mãe e contei o que tinha acontecido. Ela disse que a primeira coisa que vai fazer amanhã é registrar uma ocorrência, mas duvido que dê em alguma coisa.

Sinceramente, não sei bem como deveria me sentir. Nunca achei que me veria numa situação dessas. Teve o caso de um garoto, Shemar Carson… negro, da minha idade… foi morto por um policial branco em Nevada, em junho. Não se sabem muitos detalhes, já que não houve testemunhas, mas tudo indica que o policial atirou num garoto que não estava armado. Quatro vezes. A história ficou ainda mais suspeita porque, de acordo com os médicos-legistas, houve um intervalo de duas horas entre a hora estimada do óbito e o momento em que o policial reportou o ocorrido.

Antes do Incidente (essa história de ontem), eu nunca tinha pensado muito sobre essas coisas. As informações que a gente encontra são conflitantes, então é difícil saber no que acreditar. A família e os amigos de Shemar dizem que ele era um bom garoto, que ia para a faculdade, que participava do grupo de jovens da igreja… mas o policial alega que o flagrou tentando roubar um carro. Houve confronto físico (diz ele), e aí, de acordo com os registros, Shemar tentou pegar a arma do policial, que então atirou no rapaz, em legítima defesa.

Sei lá. Eu vi umas fotos do Shemar Carson, e ele meio que tinha mesmo cara de bandido. Acho que pensei que nunca precisaria me preocupar com esse tipo de coisa, porque, comparado a ele, eu não pareço nada “ameaçador”, sabe? Não ando com a calça lá embaixo nem uso aquelas roupas largonas. Frequento uma boa escola, tenho objetivos de vida e “a cabeça no lugar”, como diz minha mãe.

Tudo bem que eu cresci numa área violenta, mas sei que sou uma pessoa boa, Martin. Sempre pensei que, se eu me esforçasse muito e fosse um cidadão exemplar, não passaria pelas coisas que os OUTROS negros passam, sabe? É difícil aceitar que eu estava enganado.

Agora, eu só consigo pensar o seguinte: “O que teria sido diferente se eu não fosse negro?” Até entendo que, de cara, o policial só podia confiar no que estava vendo (que realmente parecia meio suspeito), mas nunca tinham duvidado do meu caráter dessa forma.

A noite passada mudou algo em mim. Não é que eu vá sair por aí todo revoltado e fazendo mer… quer dizer, fazendo besteira, mas sei que não posso continuar fingindo que não tem nada errado. Pode até não haver mais bebedouros separados para as pessoas “de cor”, e racismo hoje em dia é crime, mas, se eu ainda posso ser forçado a sentar no chão de concreto com algemas apertando meus pulsos mesmo sem ter feito nada errado, é bem óbvio que temos um problema. Que a sociedade não é tão igualitária quanto as pessoas gostam de dizer.

Preciso ser mais atento, Martin. Começar a enxergar a realidade e escrever sobre essa questão. Entender o que posso fazer. É por isso que estou escrevendo para você. Você sofreu coisa muito pior que ficar algumas horas algemado, mas mesmo assim estava sempre pronto para o ataque. Na verdade, sempre pronto para a paz.

Quero tentar viver como você. Agir como você agiria. Quero ver aonde isso me leva.

Tenho que encerrar por aqui, porque meu pulso está doendo, mas obrigado por me escutar.

 

Um grande abraço,
Justyce McAllister

testeA regra é não ter regras: Conheça os bastidores da cultura corporativa da Netflix

Já imaginou trabalhar em uma empresa em que não existe código de vestimenta, nem regras rígidas sobre despesas e limite de férias? Um lugar em que você é incentivado a dar feedbacks sinceros para os seus colegas o tempo inteiro, incluindo seus próprios chefes, e ainda recebe os salários mais altos do mercado? Bom, assim é a Netflix.

Pioneira no mercado de streaming, a Netflix transformou-se em referência global não apenas por sua tecnologia inovadora, presença digital e conteúdos de excelência, mas também por sua filosofia corporativa e modelo de negócios totalmente fora do padrão.

Reed Hastings, cofundador e CEO da Netflix, se une à especialista no mundo dos negócios Erin Meyer para contar em detalhes como funciona a grandiosa e inovadora cultura corporativa da empresa em A regra é não ter regras: A Netflix e a cultura da reinvenção. O livro aborda como é implementada a filosofia de liberdade com responsabilidade, os erros e acertos da companhia, além de depoimentos e experiências de funcionários da empresa de todo o mundo — tudo isso com uma abordagem casual e acessível, no melhor estilo Netflix.

A regra é não ter regras: A Netflix e a cultura da reinvenção chega às lojas no dia 10 de setembro, em lançamento mundial, e já está disponível na pré-venda. Garanta o seu!