testeA revolta que incendiou Los Angeles

A história real que inspirou Todos envolvidos faz 24 anos

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Há 24 anos a internet ainda não era o principal meio de comunicação entre as pessoas. As notícias demoravam mais para serem espalhadas e era impossível enviar vídeos por grupo de Whatsapp, mas as imagens registradas por um cinegrafista amador mostrando um taxista negro sendo espancado foram capazes de gerar uma série de revoltas em Los Angeles. No dia 29 de abril de 1992, um júri inocentou os três policiais acusados de usarem força excessiva para controlar Rodney King.

O caso rapidamente gerou uma série de revoltas na cidade. O vídeo de 80 segundos mostrava cada detalhe da ação dos policiais e revelava como Rodney tinha sido violentamente espancado em uma blitz. O taxista foi algemado, jogado no chão, teve o rosto esmurrado e apanhou severamente com cassetetes.

211319todosenvolvidosIndignada com tamanha impunidade, a população não se calou e foi às ruas. A decisão do júri deixou a cidade de Los Angeles, literalmente, em chamas. Foram seis dias ininterruptos de caos. Carros e ônibus foram incendiados, propriedades foram depredadas e gangues aproveitaram a confusão para acertar as contas com os rivais. A situação foi tão grave que a Guarda Nacional e o Exército foram acionados para tentar controlá-la.

O episódio ganhou as páginas dos jornais de vários lugares do mundo e serviu de inspiração para o romance Todos envolvidos. No livro, o autor Ryan Gattis cria 17 personagens verossímeis com perfis diferentes: imigrantes coreanos, traficantes, grafiteiro, enfermeiro, bombeiro, entre outros, narram a história de seus pontos de vista. Todos ligados direta ou indiretamente ao mundo das gangues em Los Angeles. No clima de filmes como Uma Noite de Crime, Cidade de Deus, Pulp Fiction e séries como The Wire, Todos envolvidos revela, de forma eletrizante, a complexidade dos crimes e como a cidade ficou destruída após a semana de revoltas.

Ouça a playlist inspirada no livro:

 

testeLeia um trecho de Eu sou o Peregrino

Com anos de experiência no mundo da espionagem, no qual se tornou um dos agentes mais proeminentes em uma organização responsável por punir agentes que cometem crimes, Peregrino decide se aposentar. Em seu tempo livre, ele decide escrever sobre a arte da investigação forense e, com o nome de um policial já falecido, publica um dos maiores sucessos da literatura criminal. No entanto, uma série de crimes incomuns tira o agente da aposentadoria e o coloca de encontro a um criminoso internacional com planos de destruição em massa.

Romance de estreia do renomado roteirista britânico Terry Hayes, Eu sou o Peregrino é uma narrativa ágil, com ritmo alucinante, cujos personagens são construídos de forma primorosa em toda sua complexidade psicológica. Leia um trecho abaixo:

 

CAPÍTULO UM

Há lugares dos quais me lembrarei a vida inteira — a Praça Vermelha com o vento quente sibilando, o quarto de minha mãe no lado errado da 8 Mile Road, os jardins intermináveis de um elegante lar adotivo, um homem esperando para me matar em um conjunto de ruínas conhecido como o Teatro da Morte.

Porém, nada está mais profundamente gravado em minha memória do que um prédio sem elevador em Nova York — cortinas puídas, móveis baratos, uma mesa repleta de cristal e outras drogas recreativas. Junto à cama há uma bolsa, uma calcinha preta fio dental e um par de sapatos Jimmy Choo com saltos de quinze centímetros. Assim como sua dona, esses objetos não pertencem àquele lugar. Ela está nua no banheiro — com a garganta cortada, flutuando de bruços em uma banheira cheia de ácido sulfúrico, princípio ativo de um desentupidor líquido disponível em qualquer supermercado.

Há dezenas de garrafas vazias do produto — da marca Drain Bomb — espalhadas pelo chão. Sem ser percebido, começo a analisá-las. Todas ainda estão com as etiquetas de preço e vejo que, a fim de evitar suspeitas, quem a matou comprou o produto em vinte lojas diferentes. Eu sempre disse que é difícil não admirar um bom planejamento.

O local está um caos, o barulho é ensurdecedor — rádios da polícia aos berros, assistentes de legista implorando por reforços, uma mulher hispânica chorando. Mesmo que a vítima não conheça ninguém no mundo, parece que sempre há alguém aos prantos em uma cena como essa.

A jovem encontrada no banheiro está irreconhecível — os três dias que passou em meio ao ácido destruíram todos os seus traços. Esse era o plano, creio eu. Quem a matou também forçou suas mãos para baixo usando listas telefônicas. O líquido dissolveu não apenas as impressões digitais como também seus metacarpos.

A menos que os peritos do Departamento de Polícia de Nova York tenham a sorte de conseguir uma identificação utilizando a arcada dentária, vão ter muito trabalho para nomear esta vítima.

Em lugares assim, onde se tem a impressão de que a maldade ainda está entranhada nas paredes, sua mente pode vagar para territórios estranhos. A ideia de uma jovem sem rosto me fez pensar em uma antiga música de John Lennon e Paul McCartney — sobre Eleanor Rigby, uma mulher que usava um rosto que guardava em um jarro junto à porta. Em minha mente, começo a chamar a vítima de Eleanor. Os peritos da cena do crime ainda têm trabalho a fazer, mas ninguém ali duvidava de que Eleanor havia sido morta durante o sexo: o colchão metade fora do estrado, os lençóis emaranhados, um jato marrom de sangue em decomposição na mesa de cabeceira. Os mais mórbidos acham que ele cortou a garganta da vítima enquanto a penetrava. O pior é que podem estar certos. Seja lá como ela tenha morrido, aqueles que procuram o lado bom das coisas, pequenas misericórdias, podem encontrar algo positivo nisso: ela não deve ter percebido o que estava acontecendo, não até o último momento, pelo menos.

O cristal — metanfetamina — se encarregaria disso. Quando chega ao cérebro, faz com que você fique com tanto tesão, tão eufórico, que qualquer capacidade de pressentir algo ruim se torna impossível. Sob seu efeito, o único pensamento coerente que a maioria das pessoas consegue ter é encontrar um parceiro para trepar até desmaiar.

Ao lado dos dois papelotes vazios de metanfetamina há o que parece ser um daqueles frascos minúsculos de xampu, típicos de banheiros de hotel. Sem rótulo, contém um líquido claro — GHB, deduzo. A substância tem feito sucesso nos cantos obscuros da internet: em grandes doses, está substituindo o Rohypnol como a droga da vez para um “boa noite, Cinderela”. A maioria das boates está cheia dessa droga: os viciados a tomam em pequenas doses para cortar o efeito do cristal e a paranoia. Mas o GHB também tem seus próprios efeitos colaterais: perda de inibições e uma experiência sexual mais intensa. Nas ruas, um de seus apelidos é Trepada Fácil. Sem os sapatos e a minúscula saia preta, Eleanor deve ter parecido os fogos de artifício no Quatro de Julho.

Enquanto passo pela aglomeração de pessoas — um desconhecido para todas elas, um estranho com um casaco caro pendurado no ombro e um monte de orgias movidas a drogas no passado —, paro diante da cama. Abstraio o barulho e a vejo em minha mente, nua, cavalgando como uma vaqueira. Tem vinte e poucos anos, um belo corpo, e eu a imagino completamente envolvida naquilo — o coquetel de drogas precipitando um orgasmo arrasador, sua temperatura corporal subindo graças à metanfetamina, seus seios intumescidos balançando, o coração e o fôlego disparados pela paixão e pelas substâncias químicas, a respiração ofegante, a língua molhada com um movimento próprio, ansiando pela boca mais abaixo. Hoje em dia, sexo definitivamente não é para maricas.

Letreiros de néon de uma fileira de bares na rua teriam iluminado os reflexos alourados de seu corte de cabelo da moda, fios que brilhavam como o mostrador de um relógio de mergulho Panerai. Sim, o cabelo é tingido, mas é uma boa falsificação. Conheço essa mulher. Todos conhecemos — o tipo, pelo menos. Você a encontra na enorme nova loja da Prada em Milão, na fila do lado de fora das boates do SoHo, bebericando café com leite nas cafeterias famosas da avenue Montaigne; mulheres jovens que acham que a People é uma revista de notícias e que um ideograma japonês às costas é sinal de rebeldia.

Imagino a mão do assassino em seu peito, tocando o piercing de seu mamilo. O sujeito o toma entre os dedos e o puxa, trazendo-a mais para perto. Ela grita, excitada — tudo está hipersensível agora, especialmente os mamilos. Mas ela não se importa: se alguém quer jogar duro, isso apenas significa que deve gostar dela de verdade. Empoleirada em cima dele, a cabeceira da cama batendo com força contra a parede, ela estaria olhando para a porta da frente — certamente trancada e com a corrente. Naquele bairro, é o mínimo que você deve fazer.

Um diagrama na porta exibe uma rota de fuga — ela está em um hotel, mas qualquer semelhança com o Ritz-Carlton praticamente termina aí. O lugar se chama Eastside Inn, lar de itinerantes, mochileiros, gente desequilibrada e qualquer pessoa com vinte dólares para passar a noite. Fique o tempo que quiser — um dia, um mês, o resto da vida. Tudo que você precisa é de dois documentos que comprovem sua identidade, um deles com foto.

O hóspede do Quarto 89 estava ali havia algum tempo. Um pacote de seis cervejas repousa sobre uma cômoda junto a quatro garrafas meio vazias de destilados e algumas caixas de cereal matinal. Há um aparelho de som e alguns CDs em uma mesa de cabeceira, e eu os verifico. Ele tinha bom gosto musical, ao menos merece esse crédito. O armário, no entanto, está vazio. Parece que levou apenas as suas roupas, enquanto deixava o cadáver derretendo no banheiro. No fundo do armário há uma pilha de lixo: jornais descartados, uma lata vazia de inseticida, um calendário de parede manchado de café. Eu o pego, e cada folha exibe uma foto em preto e branco de uma antiga ruína: o Coliseu, um templo grego, a Biblioteca de Celso à noite. Muito artístico. Mas as páginas estão em branco, nenhum compromisso marcado. Parece que nunca foi usado para outra coisa além de suporte de xícaras de café, então eu o devolvo ao lugar onde estava.

Eu me afasto e, sem pensar, por pura força do hábito, passo a mão pela mesa de cabeceira. Estranho: nenhuma poeira. Faço o mesmo com a cômoda, a cabeceira e o aparelho de som e obtenho o mesmo resultado: o assassino limpou tudo para eliminar suas digitais. Isso não vai livrar a cara dele, mas quando sinto um odor característico e levo os dedos ao nariz, tudo muda. O cheiro do resíduo é de um spray antisséptico usado em UTIs para combater infecções. Mata as bactérias, mas, como efeito colateral, destrói material de DNA: suor, pele, cabelo. Ao pulverizar tudo no quarto e, em seguida, encharcar o tapete e as paredes, o assassino se certificou de que o Departamento de Polícia de Nova York não precisaria usar seus aspiradores de perícia criminal.

Com clareza súbita, percebo que aquilo é tudo, menos um clássico assassinato por dinheiro, drogas ou satisfação sexual. Como homicídio, é um feito notável.”

testeMapas afetivos de Buenos Aires

O Mercado Primeira Junta

O Mercado Primeira Junta

Conte os passos (baixe um aplicativo no celular para isso, se quiser), use tênis velhos e laceados, leve uma garrafa d’água e atente aos detalhes para não perder surpresas e encantamentos que só você pode ser capaz de ver. Fones de ouvido são bem-vindos: afinal, às vezes, só uma boa música consegue resumir o que a gente está sentindo.

Eis a primeira parte dos meus mapas afetivos de Buenos Aires. Ah, e se você acabar achando que viu Hugo, Eduardo, Carolina, Daniel, Pedro, Charlotte ou até Leonor, não será miragem ou alucinação. Eu também os vejo por todo canto em Buenos Aires.

 

1. Comece longe do Centro

Bogota, 101, Caballito

Pegue o metrô e vá à estação Rio de Janeiro. Por lá, não será difícil encontrar o caminho até a Livraria Caligari — pode perguntar para as pessoas (sim, elas vão ajudar) ou então usar o serviço de mapas do celular. A livraria preferida de Daniel — você vai conhecê-lo quando ler O amor segundo Buenos Aires — é comandada por Lalo, que, além de amante de livros (tanto dos novos quanto de peças de colecionador), é um senhor jazzista. Se tiver sorte (e bom papo), talvez Lalo faça uma palhinha do seu talento no contrabaixo especialmente para você. Se ele tiver mais o que fazer, não se preocupe: há jam sessions regulares na Caligari.

 

2. O que tem de mais neste mercado?

Metrô Primera Junta

Já me perguntaram o que o Mercado Primera Junta tem de tão especial. À primeira vista, nada. Mas dá para ir andando da Livraria Caligari até essa espécie de minimercado municipal (a caminhada dura uns quinze minutos) e eu sempre gostei, em viagens, de observar como vivem as pessoas que moram nos lugares por onde passo. E o bairro do Caballito é um local muito bacana para fazer isso. Pela manhã, as frutas estão sempre frescas no Primera Junta, e há uma enorme variedade de peixes. Se você achar o mercado meio sem graça, não tem problema: há uma estação de metrô bem em frente. Basta correr para o próximo destino.

 

3. O velho alfaiate

Scalabrini Ortiz

A umas seis quadras da estação Scalabrini Ortiz está a San Martin Confecciones Finas — e conhecer Martín, o proprietário, é um presente. Ele tem opinião sobre tudo — política, futebol, elegância masculina — e não é difícil conversar com ele por uma hora. Olhe em volta: observe os alfaiates fazendo riscas em giz para marcar os tecidos, as fileiras de trajes já prontos (em apenas duas ou três cores básicas) e, sobretudo, admire a elegância de Martín e de suas roupas impecavelmente passadas. Só tome cuidado: ele é um excelente vendedor e, antes que perceba, você pode deixar a loja com dois ternos novinhos em folha. Aconteceu com Hugo e Pedro, em O amor segundo Buenos Aires. E comigo também.

 

4. Surpresa na estação

Metrô Carlos Pellegrini (dentro da estação)

A mais central das estações de metrô de Buenos Aires, a Carlos Pellegrini, é muito movimentada. E conseguir chamar a atenção de qualquer um a caminho de casa, na hora do rush, não é nada fácil. Mas Tom Moore tem esse dom. Com seu repertório de raridades do rock, ele não chama a sua atenção, ele a furta — e tudo o que se pode fazer é sentar, ignorar o vaivém barulhento dos vagões antigos e se render. Fleetwood Mac, Creedence, Elvis, Beatles, Cat Stevens… Tom Moore é todos em um só. E vale comprar seu CD.

 

5. Reconciliação com o passado

Bairro de Mataderos

Um programa para o domingo. A melhor maneira de chegar à Feira de Mataderos é com o ônibus 126, que passa pelo Centro de Buenos Aires (há pontos perto da Casa Rosada e no bairro de San Telmo, por exemplo). A feira é um bom antídoto à Buenos Aires “moderna”: com comida típica e danças folclóricas, o programa acaba sendo um bem-vindo retorno ao passado — para Eduardo, outro personagem de O amor segundo Buenos Aires, a visita à feira marcou uma reconciliação com o próprio pai.

testeBordando a vida

Viajo por dez dias e, na volta, encontro tudo igual, talvez um pouquinho pior: tristes declarações da nossa presidente apoiando as barbáries do MST e mais um atentado absurdo em Jerusalém. Aqui em casa, tirando a morte de uma das plantas da minha varanda, tudo segue harmoniosamente igual.

As manchetes de jornal, já velhas, esperavam-me sobre a escrivaninha quando cheguei, e num ZH de domingo encontro uma matéria interessante sobre “as prendas femininas”. Dessas férias, eu trouxe uma sacola de lãs para tecer no inverno que se aproxima. Sempre trancei agulhas ¾ de pequena, minha mãe me ensinou a tricotar. Ela dava lãs para as três filhas, e nós mesmas fazíamos nosso guarda-roupa de inverno.

Era lei lá em casa, e aprendi muito naquelas noites entre meadas e fios. Engraçado que bordar, tricotar e costurar tenham sido afazeres crucificados até pouco tempo atrás. É verdade que, durante muitos anos, o feminismo e o capitalismo não admitiam que mulher produzisse para consumo próprio. Bordar, só se fosse na fábrica, para não deixar morrer de fome os cinco filhos analfabetos.

Não tenho nada contra mulheres que não gostam de tricotar ou cozinhar ¾ cada um faz o que quer com o tempo livre, inclusive nada, o que sempre é uma boa alternativa. Mas não compreendo a vergonha que alguns veem no exercício dessas “habilidades tipicamente femininas”.

O trabalho manual guarda em si um alento, um abandono, um recanto no qual os pensamentos fluem, dão voltas junto com a linha e transcendem. Sempre pensei muito enquanto bordava. Aliás, foi atrás de uma máquina de costuras que enveredei pelo caminho inexorável das histórias, pois eu tinha uma confecção quando comecei a escrever meu primeiro livro.

É bem verdade que bordar sempre clareou minhas ideias. E não só as minhas — tenho várias amigas (arquitetas, fotógrafas, publicitárias, advogadas) que nas horas vagas também empunham suas agulhas assim como faziam suas avós donas de casa, assim como fazia Penélope esperando o retorno do seu Ulisses. Se durante algum tempo nos envergonhamos disto, do talento das mãos para a criação, isso ficou no passado.

Seria tão ridículo quanto se envergonhar do nosso próprio ventre fecundo.“Eu gosto da metafísica, só pra depois. Pegar meu bastidor e bordar ponto de cruz. Falar as falas certas: a de Lurdes casou, a das Dores se forma, a vaca vez, aconteceu. As santas missões vêm aí, vigiai e orai que a vida é breve”, pois o feminino se encontra em muitas coisas, assim como na voz de Adélia Prado.

testeA PF deve focar só em corrupção?

 Antônio Cláudio Mariz de Oliveira

O advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira (fonte)

O jornal Folha de S.Paulo dedica sua manchete de hoje a uma entrevista com o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que chegou a ser cotado para assumir o ministério da Justiça num possível governo de Michel Temer, mas que já foi “descartado” por suas declarações a respeito da Lava Jato.

Numa de suas respostas, Oliveira é taxativo. Diz que “a Polícia Federal precisa ter outros focos paralelos à corrupção”, que “o crime organizado está tomando conta do país”, e assim por diante.

Há quem veja nesse posicionamento uma perigosa mensagem subliminar de esvaziamento da Operação Lava Jato. Pessoalmente, espero que não. Mas, na posição de quem estuda crimes contra a arte há cinco anos, vejo na entrevista uma brecha para os brasileiros finalmente cobrarem mais atenção, por exemplo, à investigação do roubo do Museu da Chácara do Céu, ocorrido no Rio de Janeiro em fevereiro de 2006.

Há dez anos — dez! — o inquérito está aberto, sofrendo sucessivas ampliações de prazo. Há quem pense que esse é um assunto menor, menos importante, algo que não mereceria destaque no horizonte de um eventual novo ministro. Lembro, no entanto, que roubo de arte movimenta 6 bilhões de dólares por ano em todo o mundo e que só perde em dimensão para o tráfico de drogas e armas.

Não me move o debate sobre se haverá ou não um novo governo, ou se Oliveira ocuparia ou não o cargo de ministro da Justiça. O que me move é lutar para que a investigação do maior roubo de arte do país — um dos dez maiores do mundo, segundo o FBI — avance. Cobre você também.

Para saber mais sobre essa história, leia um trecho de A arte do descaso.

testeUma semana sobre Simon

Até a próxima sexta-feira, 29, nossos parceiros têm um desafio: mostrar todos os detalhes do nosso novo xodó, o romance apaixonante Simon vs. a agenda Homo Sapiens, de Becky Albertalli.

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Dia 1: As mensagens entre Simon & Blue

Para entender por que a blogosfera está suspirando pelo livro, a primeira etapa desse desafio é dedicada às trocas de e-mail anônimas entre Simon (que usa o pseudônimo Jacques) e o misterioso Blue. Mas o que há de tão especial em simples trocas de mensagens? A resposta, para o Livroterapias, “é bastante simples: a possibilidade de ser exatamente quem somos.”

Aos 16 anos, sair do armário para amigos e familiares não é uma das prioridades de Simon. A única pessoa com quem ele se sente confortável para refletir sobre sua sexualidade é Blue, colega de escola que Simon conheceu em um Tumblr, embora não faça a menor ideia de quem o garoto seja.

ASSUNTO: Re: quando você soube
Não sei bem como foi comigo. Foram várias coisinhas. Por exemplo, um sonho estranho que tive com Daniel Radcliffe. E a obsessão que eu tinha pelo Passion Pit no fundamental, que depois percebi que não era bem por causa da música. (trecho do romance selecionado pelo Mais que Livros)

Mas o conteúdo dos e-mails vai além da preocupação dos dois sobre a aceitação de sua orientação sexual. Eles têm conversas engraçadíssimas sobre música e opções alimentares saudáveis e, obviamente, indispensáveis, como Oreo.

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(via De Tudo um pouquinho)

Ao longo da trama, é impossível “não ficar ansioso e com muitas expectativas sobre quem seria Blue. Rola até certa identificação, mesmo que você não se corresponda virtualmente com alguém sem saber exatamente a verdadeira identidade da pessoa. Quem nunca teve aquele crush virtual, que podia até mesmo ser de outra cidade muito distante, com quem trocava juras de amor nas redes sociais?! [Poesia Destilada]

As garotas do Versificados explicam por que essa conexão com o livro é tão grande: os personagens de Becky Albertalli são muito realistas. E o Livros & Fuxicos afirma que é fácil sentir que eles poderiam ser, sim, nossos amigos e ainda lista 5 razões para ler o romance:

Confira todos os posts na íntegra:
Livroterapias | Livros & Fuxicos | Mais que livros | A fábrica diversão e arte | Poesia destilada | Versificados | De tudo um pouquinho | Icebook Cream

Dia 2: Quebra de padrões

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Agora que vocês já conhecem os protagonistas dessa história, nossos parceiros mostram como o romance de Becky Albertalli discute vários padrões sociais:

Simon vs. a agenda Homo Sapiens é um livro que fala sobre opção sexual — desconstruindo um padrão socialmente estabelecido — mas também de amizade, lealdade, carinho, relações familiares, valores e muitos outros aspectos que estão presentes em nossas vidas. (Livroterapias) Sempre de maneira leve, direta e realista, como lembra o Versificados.

Becky Albertalli é psicóloga, o que lhe proporcionou o privilégio de trabalhar com muitos adolescentes inteligentes, estranhos e irresistíveis, e por sete anos foi orientadora de um grupo de apoio em Washington para crianças com não conformidade de gênero, ressalta o Claquete Literária. Em vídeo, o Who’s Geek conta mais sobre a autora norte-americana e como a experiência adquirida em pelo seu trabalho pode ser percebida no livro.

Confira todos os posts na íntegra:
Claquete Literária | Livroterapias | Versificados | Who’s Geek

Dia 3: A importância da família

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Foto por Mais que livros

Para quem já leu o livro ou está acompanhando a semana especial, já sabe que Simon está enfrentando uma difícil situação em sua vida. Ele é gay e precisa sair do armário! Mas por que Simon precisa expor sua orientação sexual e jovens héteros não precisam fazê-lo? E como ele conseguirá se abrir para a família e o mundo sem sofrer algum tipo de preconceito? Esse é exatamente o problema que Simon e muitos jovens no mundo enfrentam todos os dias, a falta de aceitação por não estar dentro dos padrões esperados.

Mesmo com uma família fora dos padrões religiosos e tradicionais a que estamos acostumados na literatura, para Simon expor sua condição não é nada fácil por muitos motivos. (Trecho do blog Mais que livros )

“Em Simon é um pouco diferente. A família tem um papel muito importante para ele, ainda mais porque Simon guarda um segredo de todos. Eles interagem com frequência ao longo do livro, brincam juntos, comem juntos, tem atividades normais de uma família. Ainda assim, por mais que aparentemente o relacionamento entre todos seja agradável, pai, mãe e as duas irmãs de Simon também podem ter suas próprias vidas e segredos. O que torna o convívio entre eles ainda mais plausível e crível.”, como aponta o blog Parafraseando livros.

Confira os posts na íntegra:
Mais que livros | Parafraseando livros

Dia 4: As amizades de Simon

O blog Mais que livros descreve um pouco do grupo de amigos de Simon: “Nesse grupo conhecemos Nick, que é amigo de Simon quase a vida toda, Leah que compartilha uma amizade de seis anos com nosso protagonista e Abby, a garota nova que chegou apenas a seis meses e já conquistou a amizade e confiança de Simon. Inclusive é por conta do interesse de Martin por Abby que Simon começa a sofrer as chantagens de ter suas conversas com Blue expostas para o colégio inteiro.”

“O personagem construído por Becky Albertally realmente é muito sortudo por estar rodeado de pessoas incríveis, mesmo rolando ‘ciuminho’ entre o triângulo-não-amoroso formado pelo casal de amigos que gostam de pessoas diferentes, costumo me referir a ‘chumbo trocado'” (…) (Trecho do blog Tédio Social)

Confira os posts na íntegra:
Mais que livros | Tédio Social

testeNovo trailer e trilha sonora de Como eu era antes de você

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Faltam menos de dois meses para a estreia de Como eu era antes de você nos cinemas! Para tentar diminuir a ansiedade, preparamos uma playlist com as músicas do filme. Ed Sheeran, X Ambassadors e Jack Garratt são alguns dos nomes confirmados na trilha sonora.

Na adaptação do romance de Jojo Moyes, Emilia Clarke, de Game of Thrones, dará vida à personagem Lou e Sam Claflin, de Jogos Vorazes, interpretará Will. Matthew Lewis, de Harry Potter, Charles Dance, também de Game of Thrones, e Jenna Coleman, de Doctor Who, são outros nomes do elenco.

Como eu era antes de você conta a história de Louisa Clark, uma jovem do interior sem muitas ambições que, quando vê a cafeteria em que trabalha fechar as portas, é obrigada a se tornar cuidadora de um tetraplégico. O livro, lançado em 2013 pela Intrínseca, acaba de ganhar uma nova capa inspirada no pôster do filme!

Assista ao vídeo dos atores divulgado no site da revista Entertainment Weekly.

testeAs mulheres do meu livro III

Rita Hayworth em Gilda (fonte)

Rita Hayworth (fonte)

Rita Hayworth (1918-1987) era considerada por muitos a mulher mais bela do cinema americano. Com sua atuação em Gilda, de 1946, ela se tornou um mito do cinema mundial. No filme, em uma cena marcante, faz um falso striptease e tira lentamente uma luva comprida de um dos braços. Rita foi casada cinco vezes. Entre seus maridos estavam o príncipe e playboy Aly Khan, o cantor Dick Haymes e o cineasta Orson Welles. Já na lista dos homens que namorou, consta o nosso maior playboy, Jorginho Guinle.

O namoro foi até longo, durou dois anos. Em sua biografia, ele relata que o affaire teve início em 1962, no Rio de Janeiro. Rita viera passar o Carnaval na cidade e ficara hospedada no Copacabana Palace, de Octávio Guinle, tio de Jorginho. Mas foi no Baile do Havaí, no Iate Clube, que tudo começou. Ela já não estava tão em alta, andava depressiva e bebia muito. No fim da noite, os dois foram para um dos barcos ancorados no deque.

Durante o Carnaval, badalaram na boate Blue Angel, em Copacabana, se esbaldaram nos bailes do Copa e do Theatro Municipal (ela, de baiana). Também foram ver os desfiles e Rita, toda de vermelho, sambou na frente de uma das escolas e desfilou por uns cem metros. O público delirou.

Jorginho não revela muitas intimidades sobre ela. Mas as poucas histórias que narra, do início da carreira da atriz, ainda como Rita Cansino, até sua fase mais decadente, são, no mínimo, saborosas. Eles já se conheciam desde a década de 1940 e, segundo o playboy, ela era “xucra”. Jorginho era amigo de Aly Khan, portanto recebeu informações de quem convivera bastante com ela.

Em sua biografia, ele menciona alguns “escandalosos incidentes” protagonizados pela beldade, quase todos relacionados com o excesso de bebida. Já no livro Os Guinle, eu falo sobre a capacidade intelectual de Rita. Aparentemente, ela tinha dificuldades de se relacionar com os homens. Tanto que, conta-se, justificava seus vários fracassos amorosos com a seguinte frase: “A maioria dos homens se apaixona por Gilda, mas acorda comigo.”

testeInscrições abertas para parceiros da Intrínseca

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As inscrições para o processo de seleção de parceiros 2016 estão abertas!!! Pode ser blog, vlog, Instagram ou página no Facebook. Tanto faz! O que importa é o conteúdo.

Se você tem uma página relacionada a literatura e quer se juntar ao nosso grande grupo de colaboradores, preencha o formulário até às 17 horas do dia 29 de abril.

Avaliaremos os candidatos de acordo com os seguintes critérios:

– Qualidade e estrutura das resenhas (Importante: não será avaliado se o parceiro gostou ou não da obra, e sim a capacidade de expressar sua opinião.)
– Frequência das postagens
– Ortografia dos posts e das resenhas
– Estética e conteúdo
– Número de seguidores/visualizações e alcance do canal
– Número de visitas mensais

Formulário de inscriçãohttp://www.intrinseca.com.br/parceiros-2016/

Como já temos 170 parceiros atualmente, selecionaremos um número reduzido neste ano. Os parceiros 2015 não precisam se inscrever. O resultado será divulgado até 31 de maio no blog e nas nossas redes sociais da Intrínseca.

testeA ditadura acabada, de Elio Gaspari, chega às livrarias em 1º de junho

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A mais aclamada obra sobre o regime militar no Brasil chega à conclusão com o livro A ditadura acabada. No quinto volume da Coleção Ditadura, o jornalista Elio Gaspari examina com riqueza de detalhes o período de 1978 a 1985, desde o final do governo do presidente Ernesto Geisel e a posse de seu sucessor, o general João Baptista Figueiredo, até a eleição de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral. São os anos da abertura política, momento decisivo na história de nosso país e repleto de acontecimentos, como o fim do AI-5, as manifestações políticas pela anistia e pela volta das eleições diretas para a presidência, os atentados promovidos por aqueles que se opunham à redemocratização, como o episódio da bomba no Riocentro em 1981, e uma crise econômica sem precedentes.

Com uma narrativa fluida e pesquisa profunda, Elio Gaspari compõe um painel fascinante de um país em plena ebulição, em que muitos dos protagonistas se mantêm como parte do noticiário atual. No epílogo, denominado “500 vidas”, o autor acompanha o destino de quinhentos personagens que sobreviveram ao fim da ditadura, entre militares e militantes, empresários e sindicalistas, torturados e torturadores. Alguns desses sobreviventes chegaram à presidência da República, como a presa política Dilma Rousseff, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva e o professor Fernando Henrique Cardoso. É uma conclusão impactante para uma obra fundamental sobre a história recente do Brasil.

A ditadura acabada estará disponível em duas versões de e-book, uma delas com áudios e vídeos acrescentados pelo autor, ambas contendo mais de trinta documentos históricos.

A Coleção Ditadura, com seus cinco volumes, poderá ser encontrada também em um luxuoso box em versão impressa e digital.

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Conheça o site Arquivos da ditadura