Ponto de Partida Cego

Não sinto que seja de fato minha primeira paixão, entende? Porque eu era muito pequeno – seis, sete anos.

Eu decidi chamar de “Ponto de Partida Cego”, porque foi uma experiência que eu tive, mas que não mudou nada na minha vida. Hoje sei que se tratava de uma paixão gay, porém, na época, foi apenas mais uma coisa que aconteceu.
Não lembro de muita coisa da minha infância, na verdade, não lembro de quase nada. Mas dessa fase, eu lembro de gostar dele (Flávio). Lembro dele ser irmão da nossa professora e lembro que ele era apaixonado por uma colega de classe nossa, chamada Francielle (?). Eu fingia gostar dela só para causar ciúmes a ele, embora isso não fizesse diferença alguma. Não lembro se isso (essa paixão) me fez mal do mesmo tipo de mal que eu sinto hoje a respeito de outros caras que passaram pela minha vida ingênua. No entanto, hoje eu lembro disso tudo que é tão pouco e percebo que aquele eu é parte deste eu; poeta, introvertido, gay — tão aleatório quanto meu coração mental.
Eu nunca mais o vi. Eu sequer lembro seu rosto, sua voz ou seu olhar. Não lembro, nem mesmo, dos meus próprios sentimentos. Só sinto que, provavelmente, eram confusos. Não que tenham deixado de ser, contudo, mais organinzados; talvez.
Enfim, minha primeira paixão foi um colega de sala, a quem nunca pude chamar de amigo.

Com carinho, Blue 💙