Para o primeiro que amei

Para o primeiro que amei

Quem diria. Justo eu, me apaixonei.
Já faz tempo que não te vejo, e da mesma forma, tempo que não te amo, mas nunca vou poder negar, foi você quem eu amei primeiro.
Sei que você nunca lerá isso, e talvez seja só por isso que escrevo.
A gente era tão pequeno, eu era tão pequena, mas ali estava, naquele dia de aula, a garotinha gordinha de tranças, com o coração na boca e uma sensação estranha no estômago, encarando o garoto do outro lado da sala.
Você era tão legal. E tão bonito. Me lembro até hoje de quando te vi: a pele clara como a minha, o cabelo escuro bagunçado, a franja cobrindo a testa. Você ria.
Eu fui apaixonada por você durante quatro longos anos, e quantas vezes eu chorei, quantas vezes eu achei que estava maluca. Por quê? Por que, justo eu, de todas as garotas daquele colégio, por que eu tinha que me apaixonar?
Nunca tive para quem contar, e acho que se alguém descobrisse, morreria de vergonha, por isso passei a escrever, diários e mais diários, trancados a setes chaves, e escondidos, para ninguém nunca saber. E até hoje escrevo.
As vezes, nos dias que a gente conversava, eu achava que você me notaria, que também viria a gostar de mim, e viajava na minha imaginação achando que ficaríamos juntos por muito tempo... mas aí, tinha os dias em que eu ouvia as garotas dizendo que você gostava da menina mais linda do colégio. Isso doía. Eu nunca fui muito bonita mesmo...
E foi assim que eu vivi por quatro anos, as vezes sorrindo por ter dançado com você na apresentação, por ter te ajudado com a tarefa, por você ter decidido sentar ao meu lado, por nós dois termos conversado. E tantas vezes chorando de noite, bem quietinha, pra ninguém ouvir, com raiva de mim, por ter me metido nessa confusão, por gostar de você mais do que eu queria...
Lembro, que quando a gente estava no último ano no mesmo colégio, a gente ficou tão próximo que eu achei, sonhei, que talvez tivesse chance, só que então as aulas acabaram, cada um foi pro seu lado e viveu a sua vida.
Hoje eu tenho 16, quase 17, já me apaixonei só mais uma vez, e da mesma forma não deu certo, não fui correspondida, mas a verdade, é que sou obrigada a te agradecer, porque se não fosse você, sabe Deus o quanto eu teria me machucado, o quanto as coisas teriam sido piores.
Espero que seja feliz, e te digo uma coisa, sendo obrigada a dar o braço a torcer, nunca, nem sobre todas as circunstâncias, eu vou te esquecer, porque embora você não saiba, você foi o primeiro que amei.

Para I. S. B., o primeiro que meu coração abraçou, e de quem eu me despeço.

T. Silva

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