Para alguém nos Céus

Para alguém nos Céus

Amado,
Você não é um garoto. Passei a te amar quando já era um senhor. E sei que, assim que me viu, já me amou. Bem, assim me disseram. Você faz falta.
Eu acho que não percebia a sua ausência até então. Pra mim, você estaria ao meu lado para sempre. Entraria na igreja comigo. Me daria abraços e eu te retribuiria, quando crescesse, todos os presentes que você já me deu.
Mas você está ausente e o que eu mais percebo nessa saudade é a sua influência sobre mim. Jamais entendi totalmente sua importância, até agora. Não sabia o quanto pensava em ti diariamente, até você não estar mais por perto. Agora eu vejo coisas, sinto, aprendo coisas que quero te contar e sei que não posso. Agora eu tenho dúvidas que só você tiraria e eu levarei comigo para o túmulo. Agora eu tenho as respostas e a experiência que não poderei demonstrar nunca para você, porque você simplesmente se foi. E toda a sabedoria que foi contigo ficará guardada, mas ainda é pouco.
Meu querido amor, você não foi o primeiro porque o primeiro amor da vida de alguém é a mãe. Mas digo, com convicção que o imediato segundo amor da minha vida é você e continuará sendo, por quanto tempo minha alma saudosa existir.
A dor anda grande e você sabe quantas vezes eu pensei em desistir de tudo, mas hoje só quero continuar por você. No fundo, você sempre esteve por trás de toda a motivação. E agora é a principal. Quem me dera mais um beijo, um abraço, um carinho, um sorriso, um desejo de bom dia, boa noite, uma palavra. Duas palavras.
Amo você, meu querido. E como eu quero encontrar você de novo. É a minha última esperança. Se Deus está aí, esperando por mim, então ele nos dará a honra do reencontro. Ele há de enxugar as minhas lágrimas, que correm todos os dias nas horas mais inapropriadas, com a fé e o conforto de saber que ainda estaremos juntos. Ah, eu amo-te. E um dia te olharei nos olhos e verei o seu sorriso sereno de novo. Se Deus quiser. Você é tudo.
Com todo o coração e o amor possíveis de existir no mundo,
Sua neta caçula.

Amanda Agustini

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