Essa é mais uma carta clichê que te escrevo, mas dessa vez não te entregarei ou mostrarei, será apenas uma reflexão minha.
Parece até que foi ontem que nos conhecemos, eu achei que você namorava um garoto da sua classe, porém mais tarde descobriria que não, o que foi um alívio e um tormento, mais uma vez uma faca de dois gumes.
Comecei a falar com você de supetão, decidi que iria, ensaiei muitas vezes, me desesperei mas no final tomei coragem e consegui me aproximar. Descobri que gostava de você mas depois de uma convivência rápida comecei a te amar. Um amor puro porém com apelos eróticos em doses medianas. Peguei o número de seu celular e passamos a conversar religiosamente todos os dias e nos aproximamos a partir de uma iniciativa minha, consegui quebrar o gelo com uma troca de segredos e foi ali que fui apresentado a uma verdade dura. Você estava apaixonado, não soube o que fazer a não ser te apoiar e aconselhar mas meu coração gelava cada vez que falava do amor, entretanto estava de mãos atadas.
Minha segunda queda ocorreu de uma forma abrupta e foi ainda mais dolorosa que a primeira. Vocês estavam oficialmente namorando. Comecei a ouvir relatos de colegas de classe que presenciaram vocês dois namorando de forma calorosa e intimidadora. Já estava morrendo de ciúmes, queria machucar essa pessoa e estava a um passo de fazer isso mas a consciência não permitiu.
Minha terceira queda aconteceu também de uma forma súbita, as primeiras descrições do sexo. Vocês estavam entregues ao prazer carnal e espiritual, toda terça-feira era um martírio, os dois se encontravam na casa de um e se deixavam levar pelo momento. Paravam apenas pela ausência de preservativos. Você até me pediu para comprar alguns, mas como eu poderia fazer isso? Eu estava num abismo fundo e meu corpo totalmente chamuscado pela raiva, minha garganta não estava lá muito bem também, encontrava-se repleta de cacos de vidro.
Eu estava com uma inveja bruta. Sedento. Deseja você com todas as minhas forças e acho que a mistura de tudo isso fez com que as coisas terminassem do jeito que terminaram.
O Destino tomou o meu partido, finalmente, e resolveu dissolver essa união.
Eu estava do seu lado mas não foi o suficiente.
Minha última queda foi a mais dolorosa, acabei contando o que sentia. Você sabe muito bem o que aconteceu. Gostaria de te mudar e fazer com que me aceitasse, me amasse como te amo mas ainda não consegui.
Torço para que o Destino mais uma vez interceda por mim.
Com esses votos me despeço,
Até lá.