Para o sinforoso que um dia amei.

Para o sinforoso que um dia amei.

Meu querido ex amor,

Por muito tempo não senti sua falta. Me recusava a sentir. Você, com sua vida feliz: casa, amigos, gatos, mulher, bom emprego, carro e o que mais quer que você tenha. Você fez o que havia dito que faria, e o mais justo, você foi viver.

Não posso dizer que não o fui também. Viajei pra um país pelo qual me apaixonei. Conheci pessoas, viajei por alguns estados, mudei de emprego várias vezes. Jurei amor e não amar. Chorei. Perdi meu avô, minha melhor amiga e muitos remédios de nariz. Bebi. Nossa, como eu bebi. Se tequilas falassem, elas diriam que sou amarga e não as tenho amor. Mas tenho.

Amei uma só pessoa depois você. Ele não me amou. Demorei uns oito anos para amar alguém de novo. Meus amigos dizem que meu coração está distante. Eu digo que o matei afogado.

Te amei. As vezes, acho que te amo. E depois, de você aqui, na minha vida de volta, sinto a sua falta. A falta de dez anos. Mas, não deveria. Sempre fui assim, escondo tudo no fundo e acho de repente, como o chiclete que trouxe de outro país. Achei um ano depois. Achei sua falta agora, depois de dez anos. Não se preocupe. Na certa, a afogarei com algo que não me lembre você.

Da sua minhoquinha.

Lila

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