Os olhos tristes de Dimitri

Os olhos tristes de Dimitri

14/07/2015
Em alguma cidadezinha do interior, aquela menina fascinada por olhos escreve esta carta. Ela já foi vigiada pelos olhos verdes ciumentos de Luís, se perdeu na escuridão dos olhos de jabuticaba de Fernando e se encantou pelos lindos olhos azuis cor do céu de Oscar, mas os olhos que a fizeram derramar muitas lágrimas e que ela amou tanto, foram aqueles olhos de Dimitri. Aqueles olhos castanhos tão comuns e tão lindos, com aquela tristeza profunda e que despertavam nela apenas o sentimento de tirá-lo daquela melancolia e fazê-lo feliz...
Eles se encontravam todo dia, ela voltando do trabalho, ele indo trabalhar, se comunicavam por olhares tímidos e disfarçados. Ela o achava tão diferente, entre tantos caras que saíam por aí com suas camisetas do Avenged Sevenfold, Rammstein e Nirvana, ele se destacava por usar uma do Pink Floyd, era algo pequeno, mas pra ela diferente, seguiram se esbarrando nas esquinas até que um dia começaram a conversar e meu Deus!!, quanta coisa em comum, ele mudou de turma e passaram a ser colegas de sala, se tornaram amigos, era bom demais pra ser verdade, as coisas começaram a desandar e ela não entende porque tudo chegou ao fim, assim do nada, na verdade ainda não teve fim, é só uma história mal terminada, ele sempre vai a culpar por sabe Deus o que e ela sempre se sentirá culpada por algo que nem sabe direito o que é, mas tudo bem, ela está acostumada (não há quem ela não decepcione). Ela nunca foi boa com as palavras, ele nunca a entendeu, ele nunca quer ouvir o que ela tem a dizer, ele sempre foge dela e ela tenta esquecer toda essa história, uma luta quase que inútil...

Agora, ela odeia escrever essa carta, ela odeia lembrar de como as coisas eram no começo, ela odeia o fato dele adorar Bukowski, ela odeia o bom gosto musical dele, ela odeia aquele bilhetinho que ele deixou naquele livro na biblioteca, ela odeia ele falar alemão e ela odeia principalmente aquela maldita camiseta do Pink Floyd que começou com tudo isso...
Mas ela ama profundamente aqueles olhos que a fizeram acreditar de que talvez, dessa vez, ela tinha acertado, aqueles olhos vivem a enganando... Ela sabe que amor sem amor, não é amor, é só teimosia. Mas ela é teimosa e não se cansa de se iludir por um par de olhos...

Ela espera que se ele chegar a ler isso, consiga entender o quanto significa para ela, o quanto faz falta conversar com ele, apenas isso, ela não pede mais que isso, sabe que o que ela quer ele não pode fazer. Antes ela queria reciprocidade, depois amizade, por fim sobrou esperar o perdão, nem isso ela conseguiu, agora ela só quer uma explicação... Por favor me dê uma explicação.

Com amor, Hanna

Hanna Folq

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