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Conheça Terra americana, thriller de Jeanine Cummins

6 / março / 2020

Livro será lançado em 16 de março

Lydia simpatiza com Javier assim que ele entra em sua livraria. Ali está um raro cliente com interesse real em literatura, um leitor que não faz escolhas óbvias. Nas visitas seguintes, um flerte descompromissado surge, embora os dois sejam casados. Encantador na livraria, nas ruas de Acapulco Javier é um líder implacável. Conhecido como La Lechuza (a Coruja), é o chefe do cartel que domina o tráfico de drogas na cidade.

Casada com um repórter especializado na investigação de cartéis, Lydia acaba descobrindo as atividades criminosas de Javier. E, quando o marido publica um perfil do novo chefão do crime, a vingança é devastadora: uma chacina, na casa da família, que vitima dezesseis pessoas, incluindo seu marido, Sebastián. A livreira e o filho Luca, de oito anos, escapam por um lance de sorte — e precisam fugir.

Desse argumento nasce Terra americana, o thriller de Jeanine Cummins que narra a fuga de Lydia e Luca em direção à fronteira dos Estados Unidos. Desde antes da publicação, o livro está sob os holofotes da imprensa e das redes sociais — primeiro, por ter sido um manuscrito disputado acirradamente por diversas editoras; depois, pelos elogios de autores e veículos importantes dos Estados Unidos e Europa, e, finalmente, pela polêmica em torno do fato de ter sido uma mulher branca, nascida nos Estados Unidos, a contar essa história.

Colocar em xeque a propriedade de um artista para criar a sua obra é um dilema que merece ser discutido. Por um lado, aflige imaginar que um escritor de ficção, com a intenção legítima de explorar algo que lhe tenha despertado paixão, não possa fazê-lo, sob o risco de ser acusado de se apropriar de um tema que não lhe pertence. Por outro, vale pensar: por que não são ouvidas outras vozes sobre pautas acerca das quais elas querem e merecem falar, temas dos quais são protagonistas. Os debates contemporâneos sobre lugar de fala e apropriação cultural nos ensinam a não só entender o espaço de fala de cada um, mas a não ocupá-lo, caso haja alguém com mais propriedade para estar ali. Mas e quanto à arte? Uma artista não poderia escrever um romance do ponto de vista do gênero masculino? Ou refletir sobre realidades diferentes da que vive?

Uma obra de ficção jamais dará conta de todas as dimensões de determinado assunto, sobretudo, de situações tão complexas quanto as que envolvem migrações na realidade sociopolítica em que vivemos. Mas a ficção pode, sim, lançar luz sobre ele, inseri-lo em um contexto, provocar reflexão, emoção e gerar debates. Como no caso de Terra americana, que faz pensar sobre solidariedade e empatia pela mãe desesperada em salvar um filho.

Nascida nos Estados Unidos, de ascendência porto-riquenha, Jeanine Cummins passou cinco anos pesquisando e escrevendo o livro. Viajou pelo México visitando orfanatos e casas que dão abrigo a migrantes no longo caminho até os Estados Unidos. Também fez trabalho voluntário em restaurantes que servem os viajantes, e conversou com quem tentava a difícil entrada clandestina no país do norte. Durante o período, perdeu o pai — o maior incentivador de sua carreira de escritora. O luto foi um processo custoso, mas ela afinal conseguiu emergir da depressão determinada a concluir a obra. Dessa dor tão particular, nasceu um livro sobre o sofrimento e a esperança de uma mãe latina que, para salvar a si mesma e ao único filho, é forçada ao risco de atravessar a fronteira até um país que ergue muros para afastá-la.

Leia um trecho:

 

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