Joaquim Ferreira dos Santos

Quando o Rio era uma festa

15 / dezembro / 2016

Alain Delon

O ator francês Alain Delon na boate Regine’s (Fonte)

Zózimo Barrozo do Amaral gostava de música, com exceção da lambada (“já dançou?”, perguntou alguém numa nota, enquanto o outro respondia, “só na horizontal”). A minha biografia sobre ele, Enquanto houver champanhe, há esperança, está recheada de referências musicais.

A primeira de todas é “Cadê Zazá”, sucesso do Carnaval dos anos 1940, mas que na história de Zózimo não vem carregada de humor e alegria, como seria de supor pela letra divertida — ela aparece para ilustrar um dos dramas da família Barrozo do Amaral, um clã de muitos sucessos, mas também algumas decepções. Na adolescência, nos anos 1950, Zózimo ouvia canções francesas dramáticas. Quando passou por uma desilusão amorosa, ficou dias seguidos ouvindo Charles Trenet cantando “Que reste-t-il de nos amours”. Na virada para a década de 1960, durante uma temporada em Paris, aprendeu, antes dos brasileiros, a dançar o twist — e quando voltou ao país tornou-se um campeão no ritmo, ganhando até mesmo um concurso de dança no programa “Hoje é dia de rock”, da TV Rio.

A partir dos anos 1970, vamos encontrar Zózimo e a sociedade carioca festejando a vida sob os globos de espelhos das discotecas. Primeiro foi a Hippopotamus, depois a Regine’s — e Zózimo costumava ser um dos primeiros a entrar na pista. Ele também frequentou a cena disco internacional. Ia ao Studio 54, a célebre casa de Nova York que, entre tantos escândalos, nem reparou quando o produtor de discos Ezequiel Neves, futuro namorado de Cazuza, cheirou uma carreira de cocaína nas costas do vestido decotado de Liz Taylor.

Sobre esse período, de muito sexo, drogas e rock and roll, preparei uma trilha sonora com os hits que Zózimo e sua turma dançavam nas noites do Rio. Os DJs eram pioneiros, como Ademir, Monsieur Limá, Big Boy, Pelé e Amândio. As casas eram, além de Hippopotamus e Regine’s, templos da diversão, como New York City Discotheque, Le Bateau, Sótão e Papagaio. Zózimo passava por todas. Em algumas podia até buscar notícia, mas, homem da noite, de espírito livre, estava sempre atrás de diversão. A música não só balançava o corpo, como era de ótima qualidade. Ouve só. 

Comentários

2 Respostas para “Quando o Rio era uma festa

  1. Zozim foi hóspede Carlos Lemos em minha casa em Cabo Frio. Espumem
    búzios mas, logo que chegar aí Rio compro o seu livro

  2. Zózimo Barroso do Amaral colunista Carlos Lemos chefe de redação me lembro bem trabalhava nós classificados do JB na época da condessa. Tive a sorte de trabalhar na mesma época. Trabalhava nós classificados pena que não tinha a cabeça que tenho hoje. Foi a melhor empresa que trabalhei na minha vida. Fiz concurso para Petrobrás mas preferi o JB.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *