Clóvis Bulcão

Agosto

8 / agosto / 2016

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O Jockey Club na Gávea, lotado na época de glamour do turfe (Fonte)

Em um curto espaço de tempo, passei duas vezes pelo Jockey Club de São Paulo, por coincidência, em dois sábados. E foi com tristeza que vi as arquibancadas vazias. O mesmo acontece no Rio de Janeiro, pouco importa o dia – quinta, sexta, sábado ou domingo. Ninguém mais liga para corridas de cavalo. Nunca apostei nem sei a diferença entre uma aposta na dupla ou num placê, mas sempre amei o clima do entorno do Hipódromo da Gávea, em especial nos dias de Grande Prêmio.

Por décadas seguidas, mais especificamente entre 1933 e 2014, realizou-se em agosto no Rio de Janeiro, sempre no primeiro domingo do mês, o mais importante encontro do turfe nacional e mais sofisticado evento esportivo do país: o Grande Prêmio Brasil. A prova foi idealizada por Linneu de Paula Machado, casado com Celina Guinle, como pretexto para reunir os melhores animais brasileiros. Nos últimos anos, o páreo passou a ser disputado em julho.

O ápice da festa se dava nas arquibancadas do Hipódromo, particularmente nas “sociais”, setor reservado aos sócios do Jockey. Em geral, a prova era disputada com a presença do presidente da República, o que já causava burburinho. Como nessa época do ano a temperatura no Rio é amena, as mulheres aproveitavam para trajar estolas, peles e chapéus. Esse desfile do grand monde ajudava a glamourizar o encontro dos amantes do esporte.

Ao longo da história do GP Brasil, alguns personagens viraram lenda. Foi o caso do jóquei Juvenal Machado da Silva, que venceu cinco vezes o torneio (1979, 1982, 1986, 1987, 1990). Sua fama ficou imortalizada pelo bordão do locutor Hernani Pires Ferreira: “E lá vem o Juvenal.” Outro que fez história foi o treinador Ernani de Freitas, com seis vitórias (1939, 1943, 1944, 1947, 1948, 1975). Como os proprietários do Haras São José & Expedictus e os do Stud Linneo de Paula Machado são descentes de Linneu, temos uma única família detentora de seis vitórias, já que o Expedictus foi campeão em 1975, 1979 e 1985; e o Stud, em 1944, 1947 e 1948.

Não sei o motivo da decadência do turfe nacional. Mesmo não tendo frequentado hipódromos, sinto certa nostalgia do encanto do GP Brasil, com a transmissão da prova pela televisão, as complicações no trânsito da Zona Sul e as reportagens na imprensa falando das mulheres com casacos de pele e chapéus. Muitos chapéus.

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