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A troca de favores que mantém um governo fascista no poder

4 / maio / 2022

Por Vanessa Corrêa*

Uma das principais características do fascismo é a antipolítica, uma recusa aos processos da política tradicional, que posiciona seu líder como uma figura distante dos jogos de poder vigentes.

Apesar de ter usado o discurso da antipolítica para ascender, Benito Mussolini só conseguiu se manter no governo da Itália por meio de trocas de favores com as tradicionais forças políticas e sociais do país.

Para obter a lealdade dos grandes industriais italianos, Mussolini fez um acordo que eliminou a representação sindical dos trabalhadores. Para assegurar a obediência dos burocratas, manteve seus privilégios.

Ao mesmo tempo em que sufocou a imprensa e reprimiu opositores nas áreas das ciências e das artes, instituiu a Accademia d’Italia, tirando das sombras artistas e intelectuais alinhados aos ideais e à estética fascista, que se tornaram importantes peças da propaganda do governo.

Em M, o homem da Providência, continuação do livro M, o filho do século, Antonio Scurati mostra como o fascismo aumentou gradativamente sua influência sobre diversas esferas da vida italiana por meio de alianças com a Igreja, empresários e outras lideranças políticas do país, garantindo assim a permanência de Mussolini no poder ao longo das décadas de 1920 e 1930.

 

* Vanessa Corrêa é jornalista.

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