testeThe Poppy War chega ao Brasil em 2022

Vocês pediram muito e finalmente o momento chegou! A trilogia The Poppy War é da Intrínseca e o primeiro volume será publicado no Brasil ano que vem! ♥

Na história, Rin é uma órfã de guerra que trabalha para uma família de comerciantes de ópio. Seus pais adotivos planejam vendê-la como noiva de um oficial para terem condições de expandir o negócio e, por isso, quando ela decide participar do Keju, o exame de admissão para as escolas de guerra, não esperam que ela passe nos testes. Menos ainda que ela seja aprovada na Sinegard, a escola militar de elite de Nikan.

Rin sabe que órfãos e, principalmente, meninas órfãs não têm muitas alternativas na vida. E o fato de ser uma simples camponesa de pele escura no sul da China poderia condená-la a uma vida ainda pior. Quando ela descobre ter um antigo poder xamânico, sua vida fica ainda mais difícil. Rin aprende que os deuses considerados mortos estão bem vivos e que seus recém-descobertos poderes podem ajudá-la a sobreviver à escola, mas também lhe custar sua própria humanidade.

Inspirada em eventos históricos da China nos séculos XIX e XX, The Poppy War é uma saga fantástica, cruel, eletrizante e perturbadora, considerada uma das 100 melhores fantasias de todos os tempos pela revista Time. Finalista do Nebula em 2018 e vencedora do Compton Crook Award e do Crawford Award, a trilogia também já teve seus direitos vendidos para a TV pela mesma produtora de Asiáticos podres de ricos!

O primeiro volume de The Poppy War, ainda sem título em português, chega ao Brasil no segundo semestre de 2022.

Animados?

testeQual é o seu livro do conforto?

Todo mundo tem aquele livro que funciona como um porto seguro. Você pode já ter lido aquelas páginas várias e várias vezes, mas as palavras continuam tão encantadoras e fazendo tanto sentido — ou até mais — quanto da primeira vez. Não importa se sua edição está meio castigada pelo tempo, velhinha e amarelada, ela é importante para você e nenhuma outra se compara a ela. Esse é o seu comfort book, o seu livro aconchegante, que te dá forças e aquece o seu coração.

Se você ainda não encontrou o seu, não se preocupe. Talvez ele só apareça daqui a alguns anos, quando você menos esperar. Ou talvez ele chegue muito em breve. Tipo hoje, tipo agora. Ele pode ser O livro do conforto, de Matt Haig.

Reunindo reflexões, dicas e pequenas histórias, O livro do conforto oferece boas doses de esperança que consolam e ajudam a atravessar momentos difíceis. Autor de best-sellers como Razões para continuar vivo, Observações sobre um planeta nervoso e Biblioteca da meia-noite, Matt Haig superou ele próprio momentos sombrios de depressão e sabe como sentimentos de angústia, medo do futuro, vazio e profunda tristeza podem chegar de mansinho e tomar conta de tudo. E é por conhecê-los bem que assegura: embora pareça que nada vai melhorar, vai.

Escrevendo com leveza, ele nos oferece novas maneiras de ver o mundo e enxergar a nós mesmos, além de nos mostrar como tudo, por mais complicado que pareça, pode melhorar dependendo da nossa perspectiva. Confira um trecho:

Vai passar.

Você já sentiu outras coisas. Sentirá outras coisas novamente.

As emoções são como o clima. Mudam e variam. As nuvens podem parecer imóveis como pedra. Olhamos para elas e mal notamos alguma mudança. Ainda assim, estão sempre em movimento.

A pior parte de qualquer experiência é quando você sente que não aguenta mais. Então, se você se sentir assim, é provável que já esteja no pior momento. Os únicos sentimentos que sobraram para ser experimentados são melhores do que esse.

Você ainda está por aqui. E é isso que importa.

 

O livro do conforto chega no dia 3 de dezembro e já está em pré-venda.

testeCinco trechos emocionantes de Os dois morrem no final

Se você é do tipo de leitor que adora se emocionar, precisa conhecer Os dois morrem no final

O livro de Adam Silvera acompanha o encontro de Mateo e Rufus em seu último dia de vida. Os dois acabaram de receber uma ligação da Central da Morte avisando que eles vão morrer em algum momento das próximas 24 horas. E agora? O que fazer com o tempo que lhes resta? A resposta está no aplicativo Último Amigo, uma rede social para se conectar com quem também recebeu essa ligação. Eles se conhecem pelo app e decidem realizar uma última e inesquecível aventura: viver uma vida em um único dia.

Delicado, emocionante e repleto de frases memoráveis, é praticamente impossível não ficar com os olhos cheios de lágrimas durante a leitura! Nos apaixonamos tanto por essa história que fizemos uma listinha com cinco trechos que você precisa ler. Confira:

1. O valor da amizade

 

2. O poder de saber escutar

 

3. Não ter medo de tentar

 

4. Ser honesto consigo mesmo

 

5. Aproveitar a vida

Qual dos trechos você mais curtiu? Tem algum outro que mora no seu coração? Conta pra gente nos comentários!

testeSorteio Instagram – Livros roxos (Encerrado)

Você sabia que a cor roxa está ligada à criatividade?
Essa é a sua chance de colorir mais a sua estante! Serão 3 vencedores que poderão escolher 1 livro.

Para participar, é só preencher o formulário abaixo!

ATENÇÃO:

– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

– Você pode se inscrever no sorteio do Facebook e Twitter também, é só seguir as regras.

–  Ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “Seu formulário foi enviado com sucesso”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição.

– Se você já ganhou um sorteio da Intrínseca nos últimos 7 dias no Instagram, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 16 de novembro, terça-feira, em nosso perfil no Instagram. Boa sorte!

 

 

testeSorteio Twitter – Livros roxos [Encerrado]

Você sabia que a cor roxa está ligada à criatividade?
Essa é a sua chance de colorir mais a sua estante! Serão 3 vencedores que poderão escolher 1 livro.

Para participar do sorteio você precisa seguir o nosso perfil (@intrinseca), compartilhar essa imagem no FEED do seu Twitter PUBLICAMENTE e preencher o formulário abaixo! Boa sorte!

ATENÇÃO:

– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

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– Se você já ganhou um sorteio nos últimos 7 dias no Twitter, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 16 de novembro, terça-feira, em nosso perfil no Twitter. Boa sorte!

 

testeSorteio Facebook – Livros roxos [Encerrado]

Você sabia que a cor roxa está ligada à criatividade?
Essa é a sua chance de colorir mais a sua estante! Serão 3 vencedores que poderão escolher 1 livro.

Para participar, preencha o formulário abaixo!

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– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

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testeNossos pratos vêm de longe: a alimentação brasileira numa afroperspectiva

Bruna Oliveira é a convidada desta semana do Quintas pretas, projeto da Intrínseca que abre espaço semanalmente para pessoas negras pautarem conversas sobre temas fundamentais para a nossa construção como sociedade.

Por Bruna de Oliveira

 

 

Descolonizar os debates em torno do entendimento sobre alimentação e a cultura alimentar brasileira é um processo necessário e urgente. O caminho para descolonizar nossos pratos passa pela descolonização da nossa mente, conduzindo-nos a lugares que nos permitem sentir e conhecer diferentes perspectivas na concepção dos significados de comer e nutrir. Assim, chegamos num momento histórico que se assemelha a estarmos numa feira no horário da xepa, onde, além dos vegetais ali disponíveis, há uma abundância de ciências e sabedorias que são deixadas de lado para apodrecerem nas calçadas quando não são mais rentáveis.

A marginalização e invisibilização da participação africana diaspórica na culinária brasileira é histórica e cotidiana e se revela por meio da subalternização de mulheres negras e seus trabalhos culinários desde a época da escravização. Subverter é reconhecer que tanto a história da alimentação quanto os fazeres alimentares e o trabalho culinário no Brasil são fenômenos construídos por meio do protagonismo indígena e africano, lido e interpretado, historicamente, por lentes racistas e colonizadoras da casa-grande branca. Inspirada pela antropóloga Lélia Gonzalez, afirmo: a xepa vai falar, e numa boa.

Ao me tornar (ainda estou nessa caminhada) uma negra pesquisadora da cultura alimentar brasileira, não consigo me contentar com a história que vem sendo contada e assumida por autores brancos. De Luis da Câmara Cascudo a Carlos Alberto Dória, não compactuo com os pressupostos apresentados para descrever e analisar a gênese social da cultura alimentar no Brasil. Utilizar a alimentação para sustentar o mito da democracia social, minimizar ou destituir a atuação de pessoas negras na formação alimentar deste país e, até mesmo, sugerir a inabilidade criativa de um povo com cultura e história milenares – o que também envolve seus sistemas alimentares -, é, no mínimo desonesto. Eu prefiro, porém, chamar de racismo essa distorção dos fatos, mais precisamente epistemicídio culinário, com base na análise proposta por Aparecida Sueli Carneiro, segundo a qual a construção do outro como não ser fundamenta o ser. Uma das perversidades que herdamos da escravização foi a infantilização e animalização sistemática da população negra (ainda que no nível inconsciente), que deprecia sujeitos negros, dotados de acúmulo histórico e cultural, desacreditando-os de suas  competências cognitivas e subjetivas para atuar na formação culinária deste país.

Quanto mais me aproximo das verdades propostas por nossos ancestrais ligadas à alimentação e à saúde, e do ser subjetivo que eu poderia ter sido se tivesse me econtrado com essas perspectivas ainda na infância, mais cresce em mim um sentimento de vazio, tão imenso quanto a extensão da travessia do Atlântico até Benim ou Angola. Todo o conhecimento branco que adquiri até aqui sobre a importância estrutural da comida na organização social de um povo e na construção subjetiva de uma pessoa faz com que eu me sinta essencialmente sequestrada. Compreender as interfaces da alimentação enquanto um fenômeno político, econômico, social, cultural e étnico é tão relevante quanto contarmos a história alimentar vinda do continente africano para o americano há quatrocentos anos.

É preciso construir uma rede de sustentação teórica, mental e emocional para organizar o que foi intencionalmente desorganizado, apagado, extinto. Quanto menos sabemos sobre os conhecimentos produzidos em África, menos sabemos sobre nós mesmos enquanto sujeitos de direito à vida e à alimentação adequada. Quanto menos conhecemos o desenvolvimento das sociedades ancestrais africanas, menos sabemos sobre como fortalecer nosso povo. É por isso que a fome de mais de 19 milhões de famílias, principalmente as chefiadas por mulheres negras, é um crime tão alarmante e revoltante. A fome, assim como a prevalência de doenças crônicas não transmissíveis, os desertos alimentares, o silenciamento e múltiplas barreiras de acesso a espaços de construção de conhecimento estão conectados por um projeto epistêmico, subjetivo e político de extermínio. E nesse mosaico, a morte das nossas capacidades de arquitetar uma sociedade a partir de pressupostos ancestrais se aproxima velozmente.

 

“Nossos pratos vêm de longe”

Esta é uma afirmação feita a partir da proposição de Jurema Werneck que demarca de maneira plural e complexa a presença africana na culinária brasileira pelo protagonismo de mulheres pretas. A diáspora africana no Brasil de maneira resistente e resiliente materializou diferentes realidades deste país. O lastro histórico da culinária brasileira vem de práticas africanas, das memórias e saberes associados aos alimentos que também fizeram essa travessia diaspórica. Ainda que existam estudos que tentam mitigar a presença africana da formação culinária brasileira, é impossível dissociar a nutrição das senzalas ou cozinhas das casas grandes de mãos negras de mulheres. Como Beatriz do Nascimento nos alerta: “É tempo de falarmos de nós mesmos não como ‘contribuintes’ nem como vítimas de uma formação histórico-social, mas como participantes dessa formação.”

São vários os alimentos que vieram do continente africano. Apenas para citar alguns exemplos: coco, inhame, feijão guandu, quiabo e dendê atravessaram o Atlântico. É sempre bom lembrar que África não é um país, são muitas as suas culturas alimentares. Igualmente, a experiência culinária da diáspora africana está presente em todo o nosso país, não somente na Bahia.  

 

Mulheres negras no centro do debate

É por tudo isso que a xepa precisa falar, a xepa que também é formada por corpos repletos de subjetividades de mulheres pretas, a carne mais barata do mercado. Porque quando se evidencia que as vozes autorizadas para contar os capítulos da história alimentar brasileira são de homens brancos, é preciso gritar e escrever por todos os lugares denunciando essa barbárie. Cozinhar é, dentre tantas coisas, profissão e ciência que deve ser contada por quem as vive e escreve ao longo da história. Gênero, raça e classe são uma triangulação analítica imprescindível para compreender cozinhas, panelas e trabalho. Comida, cozinha, ciência popular sempre se fez nas bordas, às margens. E são desses lugares que somos e é a partir deles que falaremos. São as mulheres, sobretudo mulheres negras, que alimentaram e alimentam este país com mãos, seios, vidas. Mulheres mercadoras, que compraram a liberdade de tantos irmãos e irmãs. Mulheres que ainda hoje são subalternizadas pela gastronomia proposta para as elites. Mulheres pesquisadoras e ativistas que com seus trabalhos acadêmicos e ativismo enegrecem a cena acadêmica e gastronômica. Estou de pleno acordo com Rute Costa ao afirmar que a história alimentar no Brasil está incompleta e que é preciso denunciar o mito da democracia racial nas relações brasileiras desde os sabores da feijoada.

Deslocar nosso olhar para as ciências africanas nos campos da alimentação e da cultura é um exercício diário onde tenho dado meus passos. As descobertas deixaram de ser uma profunda dor para se tornar uma motivação; deixou de doer como uma chaga para pulsar como um compromisso de conexão com o meu passado para criar um novo futuro mais belo e nutrido para o povo preto. Hoje, ainda que com reflexões iniciais, tem sido uma tarefa de muita honra ser participante da história que precisa ser ecoada pelo tempo. Sem romantização, entendendo esse caminho como uma disputa de narrativa, um enfrentamento da hegemonia posta pela supremacia branca e racista no que diz respeito à presença africana na construção da cozinha brasileira.

É preciso aquilombar. É necessário que nos aproximemos de toda a sabedoria de África para fortalecermos nossas vidas em todas as dimensões. A ciência branca não nos serve e não atua para nossa vida. Por isso registro que este texto não foi escrito por uma única mulher, cada palavra escrita emerge dos meus encontros e encantamentos semanais com mulheres incríveis e inspiradoras que me ensinam tanto com suas práticas em diferentes localidades do Brasil. Quando entendi que precisava me aquilombar para não sucumbir, comecei uma série de lives no meu perfil no instagram (@brunacrioula) para conhecer, ouvir e aprender com mulheres negras também comprometidas com alimentação e ancestralidade africana.

Conversas radiantes como o sol que povoaram meu imaginário com suas histórias como pesquisadoras, cozinheiras e ativistas alimentares. Meu principal desejo com essas lives é ampliar nossa consciência, reconhecendo valores, princípios, filosofias e ciências oriundas do acúmulo vivencial milenar do povo africano. Desde junho de 2020, converso com mulheres inspiradoras que fazem deste mundo um lugar mais solidário e nutrido. As conversas são realizadas, majoritariamente, com mulheres negras que, contando suas histórias de vida, permitiram-me mergulhar na diversidade de realidades que nutrem e gestam futuros melhores.

 

Bruna de Oliveira é nutricionista, comunicadora popular e coletora urbana. Está mestranda em Ciências Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos. Ativista e pesquisadora alimentar, atua na popularização da biodiversidade brasileira. É empreendedora social, sócia fundadora da Crioula | Curadoria Alimentar, empresa que cria soluções ecológicas em sistemas alimentares.

testeOuça a playlist inspirada em O exorcismo da minha melhor amiga

Boas histórias de terror têm o poder de mexer com nossas emoções e deixar nossos sentidos aguçados: o coração bate mais forte, o suor escorre frio, a respiração acelera… Para ficar melhor, só com uma trilha sonora, né? 

Escrito por Grady Hendrix, um dos autores de terror mais celebrados da atualidade, O exorcismo da minha melhor amiga é inspirado na década de 1980 e na febre do satanic panic (“pânico satânico”, em tradução livre). Nessa época de histeria coletiva, surgiu nos Estados Unidos um movimento para censurar jogos, filmes, músicas, brinquedos ou qualquer conteúdo que tivesse uma suposta relação com o oculto.

Repleto de referências musicais, cada capítulo do livro leva o nome de uma canção. Por isso, decidimos fazer uma playlist especial inspirada nessa leitura perturbadora. Confira:

NO SPOTIFY

 

NA DEEZER

 

testeA história de Shuggie Bain: um épico sobre vício, abandono e autodescoberta

Em dezembro, chega ao Brasil um dos livros mais premiados de 2020: A história de Shuggie Bain, de Douglas Stuart, um romance sobre autodescoberta e o amor de um filho por sua mãe imperfeita.

A obra se passa em Glasgow, outrora um dos polos industriais mais importantes da Escócia, mas que, na década de 1980, entra em declínio: desindustrialização em massa, medidas de austeridade e desemprego nas alturas. A cidade está morrendo, a pobreza, aumentando, e as pessoas veem seus sonhos evaporarem.

Agnes Bain nasceu e cresceu no subúrbio da região, mas sonhava com coisas grandiosas: uma casa com entrada privativa, uma vida comprada e quitada, ainda que tão falsa quanto seus dentes perfeitos. Mas, quando o marido, um taxista mulherengo, sai de casa, ela e os três filhos são deixados à própria sorte em uma região mineradora decadente, afastada do centro da cidade.

Enquanto Agnes se entrega ao álcool em busca de conforto, os filhos a abandonam, um a um, na tentativa de salvar a si mesmos. Até que só resta o jovem Shuggie Bain, o filho mais novo e mais paciente com os problemas da mãe, que muitas vezes abre mão de seu bem-estar para ajudá-la.

Mas Shuggie também tem seus problemas. Apesar de suas tentativas e do empenho do irmão mais velho em ajudá-lo a se comportar como manda a masculinidade bruta e castigada dos homens que os cercam, todos acham que há “algo de errado” com ele. Agnes quer apoiar e proteger o filho, mas seu vício é tão destruidor que eclipsa todos que estão próximos a ela, inclusive Shuggie.

Glasgow, 1980 © Raymond Depardon / Magnum Photos Fonte

Douglas Stuart, que nasceu e cresceu em Glasgow com uma mãe alcoólatra, coloca muito da própria infância na obra. Na história, todos são vítimas em alguma medida. Se não dos outros, de si mesmos; se não de si mesmos, das circunstâncias, da crueldade da pobreza, do vazio do orgulho, da violência dos vícios e da dor da perda e da autodescoberta.

Vencedor do Booker Prize 2020 e eleito um dos melhores livros do ano passado, A história de Shuggie Bain acompanha o crescimento e o amadurecimento desse menino, que ainda jovem enfrenta bullying, abuso sexual e abandono familiar. Um livro de estreia comovente sobre o amor irrestrito e inexplicável que somente as crianças sentem por seus pais.

O livro foi lançado em outubro no intrínsecos, nosso clube do livro, em edição especial com brindes, e chega às livrarias e lojas on-line brasileiras a partir do dia 6 de dezembro.

Kit enviado exclusivamente para os assinantes do clube intrínsecos em outubro

 

testeQuebre regras e cometa erros: a fantástica jornada de Neil Gaiman

Foto por Jeremy Sutton-Hibbert/Getty Images

“Em retrospecto, tive uma jornada extraordinária. Não sei se posso chamá-la de carreira, porque uma carreira dá a entender que eu tinha algum tipo de plano, algo que nunca tive. O mais perto que cheguei disso foi uma lista, escrita aos 15 anos, com tudo que eu gostaria de fazer: escrever um romance, um livro infantil, um quadrinho, um filme, gravar um audiolivro, escrever um episódio de Doctor Who… e por aí vai.”

Em 2012, durante uma cerimônia de formatura na University of the Arts, Neil Gaiman contou um pouco de sua história no discurso que mais tarde se tornou o livro Faça boa arte. O autor, que ainda escreveria Coraline e Deuses americanos, cresceu em meio ao movimento punk inglês da década de 1970 e chegou a fugir da escola. Participou de uma banda na adolescência e, no fim das contas, virou jornalista. Escrever para jornais, revistas ou qualquer veículo que lhe desse uma remuneração razoável parecia ser o primeiro passo para conquistar cada item de sua lista. Além disso, segundo ele, “jornalistas podem fazer perguntas e simplesmente sair e descobrir como o mundo funciona”.

Ao longo de suas quase quatro décadas de carreira, Neil Gaiman cometeu muitos “erros fantásticos”, como ele mesmo diz. Seu primeiro livro, Duran Duran: The First Four Years of the Fab Five (Duran Duran: Os primeiros quatro anos dos cinco magníficos, em tradução livre) é uma biografia com pouco mais de 120 páginas que não parece ter lhe dado muito orgulho: “Esse é o tipo de coisa que você faz quando é um jornalista de 22 anos e alguém lhe oferece dinheiro. Foi ótimo. Não só paguei o aluguel, como aquela biografia me permitiu comprar uma máquina de escrever elétrica”, revelou em entrevista à January Magazine.

No fim dos anos 1980, Gaiman conquistou o mundo e revolucionou a indústria com as HQs Sandman e Orquídea Negra. Também publicou muitas histórias curtas em antologias e editoras menores, algumas nunca republicadas. Imerso em sua paixão pela escrita, ele não se dedicou a apenas uma mídia: na verdade, fez de tudo, e ao mesmo tempo. Lugar Nenhum, por exemplo, foi o primeiro romance que escreveu sem coautorias, e o livro era uma adaptação da minissérie homônima da BBC transmitida em 1996 e escrita pelo próprio Gaiman.

Edição publicada em 2016 pela Intrínseca

Para o autor, não existe uma única direção ou forma de fazer arte: suas obras já foram adaptadas para quadrinhos, séries, cinema, radionovelas, audiodramas, peças de teatro e musicais, e muitas delas foram escritas originalmente nesses formatos e depois adaptadas para livros.

Porque para Gaiman não existem formas certas ou erradas de se contar uma história: um roteiro para quadrinhos é tão relevante quanto um romance, assim como um livro infantil é tão relevante quanto um roteiro de cinema. “Quebre regras. Deixe o mundo mais interessante por estar nele”, afirma o autor no fim de Faça boa arte.

O jovem inglês que não tinha planos traçados para sua vida se tornou Embaixador da Boa Vontade da ACNUR, agência da ONU para refugiados, e influenciou milhares de pessoas em todo o mundo com suas histórias e personagens únicos. Citado no Dicionário de biografia literária como um dos dez maiores escritores pós-modernos, Gaiman já ganhou inúmeros prêmios e seus livros continuam na lista de mais vendidos até hoje. Tudo isso porque ele não teve medo de tentar, de tomar escolhas difíceis, de experimentar coisas novas e, sobretudo, de errar.

Essa é a hora e a vez de Neil Gaiman. E, se fizer boa arte, em breve pode ser a sua.