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Como a saga Crepúsculo marcou a minha vida

4 / agosto / 2021

*Por Joyce Souza

Eu tinha 12 anos quando comecei a me aventurar pelo mundo da leitura. Não tinha tanto interesse na época, achava chato, maçante, e não entendia porque minhas amigas iam toda semana na biblioteca da escola pegar um novo livro. As minhas experiências com a leitura até então não tinham sido nada agradáveis. Até que, no início de 2009, resolvi dar uma chance a um livro que mudou a minha vida de maneiras que eu jamais imaginaria: Crepúsculo, de Stephenie Meyer

O interesse não surgiu do nada. Não posso afirmar que o universo me colocou ao lado da saga Crepúsculo de uma hora para a outra, como se estivéssemos destinados a estar juntos. Foi pouco tempo depois de despretensiosamente assistir ao filme em casa, ao lado do meu irmão, em um DVD com imagem e áudio de péssima qualidade. Eu precisava saber mais sobre aquela história, desvendar os segredos da família Cullen, conhecer mais a Bella e viver, nem que fosse só por mais algumas horas, em Forks. Ah, e também descobrir  como me tornar uma vampira e fazer o Edward Cullen se apaixonar por mim, é claro. 

Após o filme, meu irmão comprou os livros da saga para ler. Como eu não era muito fã de literatura, resolvi pesquisar o assunto na internet e encontrei muita coisa boa: testes sobre qual seria o meu nome de vampira, tutoriais de como me tornar vampira e as fofocas do elenco no Foforks, que eu acompanhava para saber se a Kristen Stewart e o Robert Pattinson estavam namorando mesmo — porque ela era a única pessoa além de mim que poderia namorar com ele, né. Passei a comprar todas as edições da Capricho que viessem com um pôster da saga ou com o elenco na capa. Até que, de tanto encará-los ali no cantinho da minha casa, resolvi pegar o primeiro livro para ler. 

Eu me apaixonei imediatamente pela história. Não conseguia parar. Passava todas as minhas tardes após a escola lendo, querendo descobrir mais sobre cada pedacinho daquele universo. E, quando não estava lendo, estava planejando a minha mudança para Forks e pensando em qual seria a minha habilidade quando o Edward me transformasse em vampira e eu me juntasse à sua família (queria poder prever o futuro, mas meus planos não deram muito certo). 

Maaaas, uma coisa que nem a Alice poderia prever é que, mais de uma década depois, eu reencontraria a saga da maneira mais louca e incrível possível: trabalhando na campanha de Sol da meia-noite, o tão aguardado livro na visão de Edward — que, depois de tanto tempo sem notícias, já tinha virado uma grande lenda urbana dentro do fandom de Crepúsculo

O livro que me transformou em leitora estava de volta. Do fundo do meu coração, eu esperava que a Stephenie Meyer não estivesse me fazendo de otária mais uma vez. E quem pensa que eu descobri sobre o lançamento do livro muito antes por trabalhar na Intrínseca, pensou errado: descobri que publicaríamos Sol da meia-noite apenas 3 dias antes do anúncio nas redes da editora — o que também quer dizer que eu tinha 3 dias para pensar em como faríamos o anúncio. 

Foram muitas, muitas ideias, mas nada que fizesse jus ao que Crepúsculo representava para mim e para outros milhões de fãs. Eu estava empenhada em fazer O ANÚNCIO DO ANO. Um anúncio que o mercado editorial nunca viu antes. Um anúncio que fizesse a Stephenie Meyer chorar de emoção e me mandar uma cópia antecipada dos outros livros da saga pela visão do Edward. Um anúncio que trouxesse nostalgia para as pessoas, que mostrasse o amor pela história, que fizesse elas se reconectarem com quem elas eram em 2008, quando Crepúsculo estava no auge e a paz mundial estava muito próxima de existir (ou quase isso).

A verdade era que eu tinha pouquíssimo tempo, mas mesmo assim queria fazer algo especial e que deixasse os leitores felizes. Algo que eu, enquanto crepusculete, gostaria de ver. Mas… por que fazer um anúncio só? Por que não fazer um anúncio do anúncio? Por que não fazer DOIS VÍDEOS? Superfácil para quem tem que escrever nota para o blog, cadastrar o livro e subir tudo no site, verificar se a loja já disponibilizou o livro para a pré-venda, brifar e acompanhar o andamento das artes de um livro que ainda nem existe, enquanto cuida de outras 1.564.654 campanhas da editora. Vai dar certo, sim…

Interrompemos a programação para uma curiosidade: Se você acompanha a Intrínseca e tem algum tipo de TOC como eu, deve ter percebido que a imagem de Sol da meia-noite nas lojas está virada para o lado oposto. Por que isso? Como o livro ainda não existia, a capa foi simulada com uma grande gambiarra digna do Oscar de Melhor Efeito Visual, e ainda não tínhamos a lombada para fazer as imagens. A gente que lute para anunciar… 

E deu certo. Depois de muito trabalho, surtos e de noites maldormidas procurando na Deep Web a fanfic Bella Problema x Edward Solução para reler no final de semana, o belíssimo vídeo do pré-anúncio VEIO AÍ (literalmente), seguido do vídeo principal, que focou no que era mais importante naquele momento: as crepusculetes. 

Chorei muito. Estávamos no início da pandemia, trabalhando de casa e sem muitas esperanças… Poder trazer essa notícia tão aguardada e ver a felicidade dos fãs nas nossas redes sociais foi um momento mágico para mim, que jamais vou esquecer. E foi então que a ficha caiu: eu estava trabalhando com o famigerado Sol da meia-noite. Ele existia, não era alucinação coletiva. A Stephenie não tinha desistido de escrever a visão do Edward, depois de todos esses anos. Nem nos meus maiores sonhos eu poderia imaginar que isso tudo aconteceria. 

Foi então que a Talitha, da equipe editorial do livro, me ligou para dizer que gostaria que eu lesse Sol da meia-noite antecipadamente, buscando trazer o meu olhar de fã para o livro. Era algo superconfidencial, eu não podia falar nada para ninguém e teria que assinar um contrato de sigilo. Tudo o que eu conseguia pensar era: Meu deus, eu vou vazar esse livro. Por que estão confiando em mim? É óbvio que os fãs vão me achar, hackear o meu computador e pegar o texto. Meu deus, eu não posso vazar esse livro, eu assinei um contrato e sou pobre, não tenho dinheiro para pagar a Stephenie Meyer. E se eu vazar alguma parte e ela desistir de publicar de novo? As pessoas vão me matar. Ai meu deus, o Foforks vai me achar e vazar esse livro. É melhor eu baixar um antivírus potente… 

Gostaria de deixar claro aqui que eu não vazei o livro, mesmo surtando escondido na minha casa e falando em códigos com a Talitha, a Suelen (editora responsável pelo livro e que fez um trabalho impecável para o lançamento simultâneo) e a Clara (mais uma belíssima companheira de sofrimento crepusculete na equipe de marketing), que estavam lendo também. “10ª FRASE DA PÁGINA 125!!!!!!” “SIMMMMMMM”. Era exatamente assim.

Terminei de ler no final de junho, próximo ao meu aniversário. A Stephenie Meyer e a Intrínseca me deram o melhor presente que eu poderia ganhar. Reencontrar a saga foi muito mais do que sentir nostalgia e reviver o meu crush no Edward Cullen. Foi poder fazer parte de algo muito maior que apenas um livro. Algo muito maior que uma campanha, conteúdos, peças, textos e muitas aprovações internacionais (muitas mesmo). Foi poder reencontrar a Joyce de 12 anos que se aventurou pelo mundo da leitura pela primeira vez com Crepúsculo e nunca mais parou. Foi poder dizer para aquela menina que, de alguma forma, ela contribuiu para que outros milhares de crepusculetes se sentissem abraçados depois de tanto tempo, em um momento tão difícil.

Sol da meia-noite foi o livro de ficção mais vendido de 2020. Um ano depois, ele já encontrou um espacinho especial na estante e no coração de 200 mil leitores no Brasil. Torço para que a leitura tenha sido tão especial para você quanto foi para mim. 

Feliz aniversário, Sol da meia-noite. <3

*Joyce Souza é da equipe de marketing da Intrínseca, é crepusculete com orgulho e usa uma caneca da saga na editora para sempre se lembrar de que trabalha com Crepúsculo


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Comentários

2 Respostas para “Como a saga Crepúsculo marcou a minha vida

  1. Ai Joyce, tô aqui aos prantos com meu coração crespusculete com esse seu relato. Com certeza o lançamento desse livro foi um dos únicos dias felizes de 2020. Eu perdi tudo qndo você fala sobre simplesmente a MELHOR fanfic que já existiu, eu acompanhava a publicação igual novela hahahaha. Amei, excelente texto e depoimento

  2. Meu Deus, me identifiquei tanto com este texto. A saga abriu o caminho pra eu conhecer outros livros maravilhosos. Além disso, definiu minha carreira e fez eu estar onde estou hoje.

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