testeSorteio Instagram – intrínsecos 2021 (parte 1)

Já passamos da metade do ano e chegou a hora de relembrar alguns dos títulos que enviamos esse ano no intrínsecos, o clube do livro da Intrinseca!

Ainda não faz parte? Assine até o dia 31/08 e garanta a caixa de aniversário que conta com livro extra: o novo livro de John Green, Antropoceno: Notas sobre a vida na terra. Leia um trecho aqui.

Vamos sortear 3 sortudos que poderão escolher um (1) dos livros da foto de presente.

Para participar, marque DOIS amigos nos comentários do post no Instagram e preencha o formulário abaixo!

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– Caso a mesma pessoa se inscreva mais de uma vez ela será desclassificada.

– Você pode se inscrever no sorteio do Facebook e Twitter também, é só seguir as regras.

– Você pode comentar mais de uma vez no post, mas não pode repetir os amigos marcados.

–  Ao terminar de preencher o formulário aparece a mensagem “Seu formulário foi enviado com sucesso”. Espere a página carregar até o final para confirmar a inscrição.

– Se você já ganhou um sorteio da Intrínseca nos últimos 7 dias no Instagram, você não poderá participar deste sorteio.

– O resultado será anunciado no dia 30 de agosto, segunda-feira, em nosso perfil no Instagram. Boa sorte!

testeBaixe planner e wallpapers inspirados em Susan não quer saber do amor

Você é do tipo “deixa a vida me levar” ou daqueles que preferem ter tudo meticulosamente organizado? Se escolheu a segunda opção, saiba que tem algo em comum com Susan Green, a protagonista da comédia romântica Susan não quer saber do amor

O problema é que Susan pode ser controladora e organizada demais. Tanto que sua família e seus amigos não sabem lidar direito com seu jeito antissocial, extremamente cuidadoso e muitas vezes difícil de entender. Mas desde que tudo esteja funcionando corretamente, ela parece não se importar com o que os outros pensam.

Até que uma sucessão de eventos imprevisíveis — incluindo uma gravidez não planejada, uma batalha judicial contra seu irmão irresponsável e um possível romance — ameaçam desequilibrar de vez sua vida estruturada. Parece que perder o controle vai ser só o início de uma longa jornada!

Inspirados por essa história encantadora, criamos um planner mensal para que você possa organizar sua vida como a Susan (e torcer para que os acontecimentos malucos fiquem só na ficção, haha). Para usar é só baixar e imprimir! Ele não é datado, então você vai poder usar quando quiser.

Baixe aqui o planner.

Além disso, preparamos wallpapers para enfeitar seu celular! Tá usando um deles? Tira um print e manda pra gente! 😉 

Wallpaper 1 – baixe aqui

Wallpaper 2 – baixe aqui

Wallpaper 3 – baixe aqui

Wallpaper 4 – baixe aqui

testeConheça as lições atemporais que os antigos ensinaram ao mundo sobre felicidade, sucesso, resiliência e virtude

Após as obras O ego é seu inimigo e A quietude é a chave, Ryan Holiday está de volta com A vida dos estoicos, escrito em parceria com Stephen Hanselman.

Na obra, os autores apresentam histórias fascinantes de homens e mulheres que se esforçaram para seguir as virtudes estoicas atemporais da coragem, da justiça, da temperança e da sabedoria, revelando também os principais valores e ideais que uniram personalidades como Sêneca, Catão e Cícero ao longo dos séculos: o autogoverno é o maior império; caráter é destino; é benéfico se preparar para o sucesso, mas também para o fracasso; e aprender a amar — e não apenas aceitar — o que o destino nos traz é a chave que nos possibilita viver bem.

Organizado em breves biografias que abordam desde os estoicos mais estudados aos menos conhecidos, este livro lança luz sobre os hábitos de pessoas que viveram essa filosofia e as lições que devem ser aprendidas de suas dificuldades e de seus sucessos.

A vida dos estoicos já está disponível nas lojas online e livrarias. Garanta o seu exemplar!

testeSorteio Twitter – intrínsecos 2021 (parte 1) [ENCERRADO]

Já passamos da metade do ano e chegou a hora de relembrar alguns dos títulos que enviamos esse ano no intrínsecos, o clube do livro da Intrinseca!

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testeSorteio Facebook – intrínsecos 2021 (parte 1) [Encerrado]

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testeLuiz Gama, Herói da Pátria

Tiago Rogero é o convidado desta semana do Quintas pretas, projeto da Intrínseca que abre espaço semanalmente para um convidado pautar conversas sobre temas fundamentais para a nossa construção como sociedade.

Por Tiago Rogero

 

São Paulo parou, em 1882, por causa de um enterro. “Segundo estimativas da época, 10% da população da cidade, que contava com 40 mil habitantes, compareceram ao cortejo”, escreveu o jornalista Fernando Granato em Bahia de todos os negros: As rebeliões escravas do século XIX, que está sendo lançado pelo História Real, selo da Intrínseca.

 

Com os olhos de hoje, tamanha comoção talvez nem provoque assombro — afinal, houve outras na história do país. Mas, naquele 25 de agosto, o que aconteceu não foi pouca coisa. “Segundo as crônicas da época, jamais houvera na capital paulista funeral de tamanhas proporções e cujo impacto movimentaria por um bom tempo a cidade. A data de 25 de agosto tornou-se histórica”, escreve a professora e escritora Ligia Fonseca Ferreira em Lições de resistência (Edições Sesc, 2020).

Os sinos choravam por Luiz Gonzaga Pinto da Gama.

Escritor, jornalista e advogado, Luiz Gama é um dos principais intelectuais e abolicionistas de nossa história, que fazia dos tribunais a sua arena de luta (e, em considerável parte das vezes, de vitórias); e que não se furtava de publicamente enfrentar, nas páginas dos jornais, os ricos e poderosos — sinônimos, naquela época, de “escravocratas” (“Os senhores dominam pela corrupção; têm ao seu serviço ministros, juízes, legisladores”, publicou Gama no periódico carioca Gazeta da Tarde, em 1880).

O baiano Luiz Gama era filho de uma mulher africana, Luiza Mahin, com quem só pôde conviver até os 7 anos. Um homem negro. Pele negra, cabelo crespo, lábios grossos. E oito anos antes da Lei Áurea, no único país das Américas ainda escravocrata àquela altura, conquistou tanto prestígio que, ao morrer, parou São Paulo.

Luiz Gama era tudo isso, e sua história impressiona por seus feitos e sua produção intelectual, mas também pela trajetória única: nascido livre, tornado escravo ainda criança de forma ilegal (vendido pelo pai, branco) e, anos depois, tornado livre por seus próprios esforços.

Advogado autodidata que, até o fim da vida, lutou pelo fim da escravidão e para que outros pudessem também vivenciar a liberdade — foi, nos tribunais, pessoalmente responsável pela libertação de centenas de pessoas ilegalmente escravizadas, “em número superior a 500”, como escreveu numa carta, já no fim da vida (em 1880), ao amigo Lúcio de Mendonça (escritor e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras).

Na maioria dos casos, trabalhava de graça.

 

Trajetória

Luiz Gama nasceu livre em Salvador, em 21 de junho de 1830. “Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa Mina (Nagô de Nação), de nome Luiza Mahin”, escreveu na carta. A mãe, “mais de uma vez, na Bahia, foi presa como suspeita de envolver-se em planos de insurreições de escravos, que não tiveram efeito”. O pai era um fidalgo baiano, de origem portuguesa, também citado na carta, mas a quem Luiz nunca nomeou — também pudera, vide o que acabaria fazendo com o filho.

Segundo Luiz, tanto o pai quanto a mãe participaram da Sabinada, o movimento (liderado pelo médico Sabino Barroso) pela independência da Bahia. Em Bahia de todos os negros, Fernando Granato conta que, “depois de contido o levante pelas forças oficiais, a repressão aos negros se tornou mais severa, e Luiza Mahin teve que fugir da cidade, deixando a criança aos cuidados do pai”.

Um ano depois de precisar fugir, Luiza teria sido expulsa do Brasil, mas o filho só chegaria a essa conclusão já adulto, após tentativas frustradas de encontrá-la.

As 229 palavras que Luiz usa para descrever a mãe são o único registro histórico conhecido envolvendo Luiza Mahin (o que não surpreende num país notável por não preservar e até mesmo queimar acervos e documentos). Ainda assim, os esforços dos movimentos negros e, em especial, dos coletivos de mulheres negras deram a ela o merecido reconhecimento, hoje, como um mito libertário.

 

Liberdade

Três anos depois de ver a mãe pela última vez, Luiz foi vendido ilegalmente (afinal, havia nascido livre) pelo pai, aparentemente para o pagamento de dívidas de jogo.

Acorrentado, o menino de 10 anos foi transportado num barco para o Rio, depois para Santos e, a pé, para Campinas. Rejeitado pelos compradores por ser baiano — o que, após sucessivas insurreições de escravizados na Bahia, era sinônimo de rebelde —, acabou levado para trabalhar na casa do traficante, em São Paulo.

Lá conheceu, sete anos depois, o estudante Antônio Rodrigues do Prado Júnior, que, para estudar Humanidades na capital da província, havia ido morar na casa do traficante. “Fizemos amizade íntima, de irmãos diletos”, contou Luiz na carta. “E ele começou a ensinar-me as primeiras letras.”

Com a alfabetização, Luiz acabou descobrindo que não poderia ter sido escravizado. “Em 1848, sabendo eu ler e contar alguma coisa, e tendo obtido ardilosa e secretamente provas inconcussas de minha liberdade, retirei-me, fugindo da casa.”

O primeiro emprego remunerado foi na Guarda Municipal. Nas horas vagas, trabalhava no gabinete do chefe de polícia, um professor catedrático da Faculdade de Direito que se tornaria mentor de Luiz (e com quem anos depois ele romperia após discutirem nas páginas dos jornais).

O jovem adulto ficou na Guarda por seis anos. Abandonou a carreira militar depois do episódio em que passou 39 dias preso por “ameaçar um oficial insolente” que o havia insultado. Dois anos depois, começou a trabalhar na Secretaria de Polícia de São Paulo. Foi nessa época que conheceu a esposa, Claudina Fortunata Sampaio, com quem teve dois filhos: Luiza (que acabou falecendo aos 2 meses) e Benedito.

O gosto voraz pelas letras o acompanhava e, em 1859, Luiz se lançou escritor: publicou Primeiras trovas burlescas de Getulino, uma coletânea de sátiras e poemas. Começou também a carreira como jornalista: em 1864, chegou a fundar um semanário com o caricaturista italiano Ângelo Agostini, o Diabo Coxo. Tornou-se membro de uma loja maçônica e, em 1869, começou a atuar como “advogado provisionado, alguém que, mesmo não tendo diploma de bacharel em direito, recebe autorização expressa do governo para atuar como advogado em primeira instância”, como explica Ligia Fonseca Ferreira em “Lições de Resistência”.

A partir daí, jornalista e advogado passam a se complementar. Nos tribunais, uma atuação mais “direta” em ações de liberdade — num texto biográfico sobre o amigo, Lúcio de Mendonça afirma que, “como defensor de escravos perante o júri, (Luiz) foi mais de uma vez chamado à ordem pelo presidente do tribunal, por pregar francamente o direito da insurreição: ‘Todo o escravo que mata o senhor’, defendia Luiz Gama, ‘seja em que circunstância for, mata em legítima defesa!'”.

Nos jornais, ele expunha a desumanidade do regime escravocrata, as ilegalidades cometidas mesmo pelos homens da lei (os “sábios magistrados”, como costumava escrever com ironia), e exigia o fim da escravidão.

A principal linha de atuação de Luiz Gama era contra a escravização ilegal. Desde 1831, estava proibido o tráfico de pessoas escravizadas da África para o Brasil. Todo africano que chegasse deveria ser considerado livre, assim como seus descendentes. Na prática, a lei, de tão desrespeitada, acabou conhecida como a “lei para inglês ver”, já que fora promulgada para aplacar a pressão de uma Inglaterra recém-industrializada que não via mais vantagem na exploração do trabalho escravo. Calcula-se que 745 mil africanos tenham sido ilegalmente trazidos para o Brasil entre 1831 e 1850, quando a Lei Eusébio de Queirós proibiu de vez o tráfico.

Para o professor e historiador Luiz Felipe de Alencastro, um dos maiores especialistas em escravidão, a última geração de escravos existentes no Brasil (justamente o momento em que Luiz Gama está atuando) “era formada, em sua esmagadora maioria, por indivíduos livres, sequestrados e ilegalmente escravizados”. E “poucas vozes denunciaram esse crime em massa antes de Luiz Gama. Nenhuma foi mais corajosa e mais consequente que a sua depois que ele iniciou esse combate”.

Luiz Gama não viveu o suficiente para ver a Abolição (que, hoje sabemos, foi inconclusa). Mas foi determinante para que ela acontecesse, ao lado de outros abolicionistas e intelectuais negros como André Rebouças, José do Patrocínio e Ferreira de Menezes (os quatro, aliás, chegaram a trabalhar juntos na Gazeta da Tarde).

Doutor Gama morreu jovem, aos 52 anos, vítima de diabetes, que à época não tinha cura.

Um homem cuja história não é ensinada nas escolas o tanto quanto deveria (salvo valorosos esforços de professores que ainda são exceção, mas um dia serão a regra) nem é valorizada pela chamada mídia mainstream.

Por outro lado, não têm sido poucos os esforços (às vezes de uma vida, como o da professora Ligia Fonseca Ferreira, ou em obras como o livro de Fernando Granato e a ótima cinebiografia Doutor Gama, de Jeferson De) a fim de recontar essa história e posicionar Luiz Gama em seus lugares de direito: como Herói da Pátria (pela lei federal 13.628/2018) e Patrono da Abolição da Escravidão (lei federal 13.629/2018).

 

Tiago Rogero é jornalista. Idealizador e apresentador dos podcasts narrativos Vidas Negras (original Spotify produzido pela Rádio Novelo) e Negra Voz (pelo jornal O Globo). Vencedor do 42º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog (2020) com o “Negra Voz”. Foi repórter de O Globo, O Estado de S.Paulo e da BandNews FM. Em 2019, foi fellow do International Center for Journalists (ICFJ), nos EUA, com foco na produção de podcasts.

testeO que um sobrevivente de um dos piores momentos da humanidade pode nos ensinar?

Em 2019, uma palestra do TEDx ganhou o mundo. Eddie Jaku, um sobrevivente do Holocausto, então com 99 anos, falava sobre sua vida, os horrores dos campos de concentração da Alemanha nazista e por que, apesar de tudo isso, ele se considera o homem mais feliz do mundo.

Agora com 101 anos, Eddie expande sua mensagem, transmitida naquele vídeo de pouco mais de 11 minutos, em um livro: O homem mais feliz do mundo. Compartilhando memórias de sua infância, sua família e do período mais sombrio de sua juventude, ele traz importantes conselhos sobre a vida em uma obra inspiradora sobre o poder do amor, da gratidão e da gentileza.

Esse é um livro poderoso e emocionante, com uma lição de esperança que nos mostra que, mesmo após situações que parecem nos destruir, ainda é possível ser feliz e acreditar em uma vida melhor.

 

Leia um trecho:

Meu querido novo amigo.

Estou vivo há um século e sei o que é olhar o mal na cara. Vi o pior da humanidade, os horrores dos campos da morte, os esforços dos nazistas para exterminar minha vida e a de todo o meu povo.

Mas hoje me considero o homem mais feliz do mundo.

Ao longo de todos esses anos, aprendi o seguinte: a vida pode ser bela se você a torna bela.

Vou lhe contar minha história. Algumas partes dela são tristes, com muita escuridão e muita dor. Mas é uma história feliz no fim, porque felicidade é algo que podemos escolher. Cabe a você.

Vou lhe mostrar como.

***

Eu nasci em 1920, em uma cidade chamada Leipzig, na Alemanha Oriental. Meu nome era Abraham Salomon Jakubowicz, mas meus amigos me chamavam de Adi. Em inglês, pronuncia-se Eddie. Portanto, por favor, me chame de Eddie, meu amigo.

[…] Meu pai tinha grande orgulho de ser cidadão alemão, pois era um imigrante da Polônia que se estabeleceu na Alemanha. Deixou seu país natal como aprendiz de engenharia mecânica fina na empresa Remington, fabricante de máquinas de escrever. Como falava bem alemão, acabou indo para os Estados Unidos, trabalhando a bordo de um navio mercante alemão.

[…] Nada podia abalar o patriotismo e o orgulho de meu pai pela Alemanha. Nós nos considerávamos, em primeiro lugar, alemães; em segundo, alemães, e só depois judeus. Nossa religião não nos parecia tão importante quanto sermos bons cidadãos de nossa Leipzig. Praticávamos nossas tradições e celebrávamos nossos feriados, mas lealdade e amor tínhamos mesmo pela Alemanha. Eu tinha orgulho de ser de Leipzig, que, havia oitocentos anos, era um centro de arte e cultura: possuía uma das orquestras sinfônicas mais antigas do mundo e inspirou Johann Sebastian Bach, Clara Schumann, Felix Mendelssohn, escritores, poetas e filósofos como Goethe, Leibniz, Nietzsche e muitos outros.

Durante séculos, os judeus fizeram parte do tecido da sociedade local. Desde os tempos medievais, o grande dia do mercado era sexta-feira, não sábado, para permitir que os mercadores judeus participassem, já que o trabalho é proibido no sábado, o Shabat judeu. Proeminentes cidadãos e filantropos judeus contribuíram para o bem público, assim como para a comunidade judaica, supervisionando a construção de algumas das sinagogas mais bonitas da Europa. A harmonia fazia parte da vida. E era uma vida muito boa para uma criança. A cinco minutos de casa, a pé, tínhamos o Jardim Zoológico, famoso no mundo inteiro por sua coleção e por criar mais leões em cativeiro do que qualquer outro lugar do mundo. Você consegue imaginar como isso era impressionante para um menino pequeno?

[…] Meu pai trabalhava duro para nos sustentar, e levávamos uma vida confortável. Mas ele fazia questão de que entendêssemos que a vida era muito mais do que coisas materiais. Toda sexta-feira à noite, antes do jantar do Shabbos, minha mãe assava três ou quatro tranças de chalá, o delicioso pão usado em cerimônias religiosas, feito de ovos e farinha, que comíamos em ocasiões especiais. Quando eu tinha seis anos, perguntei a meu pai por que assávamos tantos pães se éramos uma família de quatro membros, e ele explicou que levava os outros à sinagoga, para dar aos judeus necessitados. Ele adorava a família e os amigos. Sempre trazia amigos para jantar conosco em casa, embora minha mãe batesse o pé e dissesse que não dava para ter mais de cinco pessoas por vez, pois não havia como apertar mais gente ao redor da mesa.

“Se você tem sorte o bastante para ter dinheiro e uma boa casa, pode ajudar aqueles que não têm”, dizia-me ele. “A vida é isso. É compartilhar sua boa sorte.” Meu pai me contava que há mais prazer em dar do que em receber, que as coisas importantes na vida (amigos, família, bondade) são muito mais preciosas do que o dinheiro. Um homem vale mais do que sua conta bancária. Na época, eu achava que ele era louco, mas agora, depois de tudo que vi nessa vida, sei que estava certo.

Mas havia uma nuvem sobre o cenário de nossa família feliz. A Alemanha passava por dificuldades. Havíamos perdido a última guerra, e a economia estava arruinada. As potências aliadas vitoriosas exigiam mais dinheiro em reparações do que a Alemanha podia pagar, e 68 milhões de pessoas estavam sofrendo por isso. Havia escassez de alimentos e combustível e uma pobreza desenfreada, sentida de forma aguda pelo orgulhoso povo alemão. Embora fôssemos uma família de classe média com uma vida confortável, não era possível encontrar muitos itens necessários, mesmo para quem tinha dinheiro em espécie. Minha mãe caminhava muitos quilômetros até o mercado para trocar bolsas e roupas que reunira em tempos mais fartos por ovos, leite, manteiga ou pão. No meu aniversário de treze anos, meu pai me perguntou o que eu queria, e pedi seis ovos, um pão branco (algo difícil de encontrar, porque os alemães preferem pão de centeio) e um abacaxi. Eu não conseguia imaginar nada mais impressionante do que seis ovos e nunca tinha visto um abacaxi. E, de alguma forma, ele arranjou um… Não faço a menor ideia de como, mas meu pai era assim. Ele fazia coisas que pareciam impossíveis só para pôr um sorriso em meu rosto. Fiquei tão empolgado que comi todos os seis ovos e o abacaxi inteiro de uma só vez. Eu nunca experimentara uma comida tão magnífica. Mamãe me avisou para ir com calma, mas eu a ouvi? Não!

A inflação era terrível, o que tornava impossível estocar alimentos não perecíveis ou fazer planos para o futuro. Meu pai chegava em casa, vindo do trabalho, com uma valise cheia de dinheiro que na manhã seguinte não teria valor. Ele me mandava à loja e dizia: “Compre o que puder! Se houver seis pães, compre todos eles! Amanhã não teremos nada!” Mesmo para os afortunados, a vida estava muito difícil, e os alemães se sentiam humilhados e irritados. As pessoas ficaram desesperadas e receptivas a qualquer solução. O partido nazista e Hitler prometeram uma solução ao povo alemão. E lhes ofereceram um inimigo.

 

 

testePelo direito de ser uma mulher difícil

Por Iana Villela*

Quando foi a última vez que você foi escrota? E olha que a pergunta não é nem se você já foi, é quando foi a última vez. Pode buscar na sua mente, não tem ninguém olhando. Quando foi a última vez que você resolveu esticar a ética até o limite, até quase arrebentar (e talvez tenha arrebentado), em uma situação?

É muito difícil olhar para si e entender que nem tudo que nós temos a oferecer ao mundo são sabedorias, epifanias e felicidade. Somos seres humanos e sofremos de todas as mesquinharias e traumas que cabem a cada um de nós. Nossas experiências, que muitas vezes não são as melhores, entremeiam o que nos forma, dando corpo a um tecido com linhas de todos os tipos. Inclusive, escrotos.

Provavelmente, é nossa dificuldade em admitir para nós mesmos que o nosso núcleo emocional não é um apanhado de tudo que há de melhor na face da Terra que torna tão árduo lidar com as famosas mulheres difíceis da dramaturgia. Elas, com as atitudes de caráter duvidoso, grosseria não apologética, sexualidade afrontosa e completa falta de filtro, nos colocam de frente com nossas supostas falhas.

A personagem de Phoebe Waller-Bridge na série Fleabag é um exemplo clássico: pervertida, falida e desbocada, ela é tudo que tememos ser. Objetifica as pessoas com as quais se relaciona, rouba a escultura valiosa da madrasta, aterroriza a irmã. E a gente, rindo de forma cúmplice, se questiona: por quê? A cena que entrega tudo é a em que a melhor amiga da personagem, Boo, comenta a notícia de que uma criança havia sido presa por introduzir um lápis no ânus de um hamster. Boo questiona a prisão e diz que o infrator precisava ser acolhido e cuidado, porque “ninguém feliz faz uma coisa horrível dessas”.

Mia Warren, uma das protagonistas de Pequenos incêndios por toda parte, não nos impacta com deboche, como acontece em Fleabag, mas sim com um desdém tão constante que parece fazer parte do contorno do seu rosto. Nem mesmo a cortesia de Elena, uma das mulheres mais influentes da cidade, é capaz de penetrar o ar de desprezo da artista plástica, que trabalha como garçonete para sustentar a família e, também, para camuflar um segredo guardado a sete chaves. O ditado diz que quem desdenha quer comprar”, mas, no caso de Mia, quem desdenha traz dolorosos (e valiosos) aprendizados sobre a vida. Racismo, disparidade social e maternidade são o combustível para o embate entre as duas personagens principais.

Já Susan, do livro Susan não quer saber do amor, passa pelo trauma da morte da mãe em meio a uma gravidez-surpresa aos 45 anos de idade. Ignora todos esses acontecimentos, vai trabalhar e exige, de forma fria e distante, que o irmão enlutado não a chame de Suze. Distância, aliás, é uma das tais linhas que Susan usou para tecer quem é. Ela não nutre amigos, relações no trabalho, namoro, nada. Tudo o que ela tem, além de uma rotina milimetricamente regrada, é um muro enorme ao seu redor, construído à base de grosserias e bastante amargura. Só muito depois de taxar Suze de escrota, é que mergulhamos em sua infância, adolescência e traumas e entendemos que os muros podem até servir para afastar, mas também para proteger. Se gato escaldado tem medo de água fria, pessoas extremamente magoadas podem ter medo de trocas e afeto. Excesso de controle, como a rotina cronometrada, não deixa de ser uma forma de se proteger do imprevisível. E é possível se proteger do que não se pode prever? Susan nos emociona mostrando que, talvez, não.

Além da premissa de mulheres protagonistas virando nossas anti-heroínas da forma mais macunaímica possível, abandonando a caixa da obediência ao deus-dará e quebrando todos os costumes que nos tornam mulheres “dignas e aceitáveis”, essas tramas nos colocam diante de uma das faces mais difíceis da psicologia: a dor humana.

Nós, mulheres, fomos educadas para sofrer sem reagir e a nos comportarmos com doce resiliência. Gestar os filhos no ventre e as dores no peito com pouco alarde e um sorriso no rosto. Vinicius de Moraes, em “Samba da Benção”, diz que alegria é a melhor coisa que existe, mas que uma mulher, para ser boa, precisa ter “alguma coisa de triste”. Em meio a tantas opressões, como não amar essas mulheres que se recusam a carregar seus traumas em silêncio ou com candura? Que manifestam suas frustrações aos quatro ventos? A desobediência, em diversas esferas, nos impulsionou para grandes conquistas. De Rosa Parks, que se negou a ceder seu assento a um homem branco no ônibus, a Kathrine Switzer, a primeira mulher a correr uma maratona em meio a empurrões e agressões dos outros competidores, toda conquista de minorias, seja feminina ou racial veio de uma transgressão.

Celebremos as mulheres desobedientes e difíceis. A elas, devemos muito.

 

*Iana Villela é feminista, influenciadora, sócia-fundadora e diretora de comunicação da Co.Brand, agência de comunicação digital com foco em negócios fundados e geridos por mulheres. Com forte atuação nas redes sociais, debate através de seus textos questões de gênero e saúde mental. 

testeIntrínseca ganha três selos Altamente Recomendável FNLIJ em 2021

A Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) anunciou as obras publicadas em 2020 que receberam o selo Altamente Recomendável este ano. Coraline, de Neil Gaiman, Árvore dos desejos, de Katherine Applegate, e The Outsiders: vidas sem rumo, de S.E. Hinton foram selecionados pela Fundação como um dos melhores livros publicados no Brasil no ano passado na categoria Tradução e Adaptação Jovem.

Com tradução de Bruna Beber, Coraline é uma história assustadora sobre uma menina corajosa que descobre um portal para um lugar macabro e fascinante — uma versão alternativa de sua casa onde moram versões alternativas de seus pais. O problema é que eles querem que ela fique ali. Para sempre. Sucesso de público e crítica, a história também deu origem em 2009 a uma animação dirigida por Henry Selick, de O estranho mundo de Jack.

The Outsiders: vidas sem rumo também é outro livro que ganhou uma adaptação cinematográfica, dessa vez dirigida por ninguém menos que Francis Ford Coppola. A obra que se tornou um clássico da literatura jovem e teve um papel muito importante na vida de vários leitores retornou às livrarias em uma edição de luxo com tradução de Ana Guadalupe e uma seção dedicada aos bastidores do filme.

Árvore dos desejos é uma fábula inesquecível sobre a importância do respeito às diferenças e o poder da amizade, da empatia e do afeto para a vida em sociedade. Com tradução de Thaís Paiva, a obra é uma história sensível e poderosa que vai encantar leitores de todas as idades.

Os livros agraciados com o selo Altamente Recomendável também concorrem ao Prêmio FNLIJ, que acontecerá no mês de setembro.

testeSorteio Instagram – Pintura trilateral [Encerrado]

Quem aqui ama pintural trilateral? Dessa vez vamos sortear três sortudos que poderão escolher um dos livros da foto de presente.

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