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Sabe a última do Elon Musk?

Garanta o seu exemplar

22 / fevereiro / 2021

Por André Machado*

(KEVORK DJANSEZIAN/GETTY IMAGES)

Sabe a última do Elon Musk? Talvez seja melhor perguntar: sabe as últimas? Porque esse guru da tecnologia, dono da fabricante de carros elétricos Tesla e da empresa de exploração espacial SpaceX, poderia muito bem ser descrito como um foguete desta última, tamanha sua velocidade de atuação em várias frentes. 

O empresário, que agora é o homem mais rico do mundo (sua fortuna estava avaliada em US$ 200 bilhões pelo Índice de Bilionários da Bloomberg em 19 de fevereiro), recentemente anunciou uma competição que dará US$ 100 milhões em prêmios a start-ups que desenvolverem tecnologias capazes de remover o dióxido de carbono diretamente do ar, em vez de somente reduzir as emissões industriais do gás poluente. “Negatividade de carbono, não [apenas] neutralidade”, disse Musk em um comunicado sobre a empreitada. “Esta não é uma competição teórica… Custe o que custar. Tempo é essencial.”

As empresas interessadas precisarão desenvolver um método para capturar até 1 tonelada de CO² por dia, e que seja o mais barato possível. E deverão comprovar também que a tecnologia seja expansível, de modo a remover até 1 bilhão de toneladas de carbono por ano.

Musk já quer nos levar a Marte com a SpaceX em missões privadas (seara em que vive uma corrida espacial com Jeff Bezos, fundador da Amazon e dono da rival Blue Origin). E corre com a Tesla para liderar a revolução dos carros elétricos, que já faz a indústria automotiva tradicional repensar seu modelo de negócio mundial com fusões gigantes como a da Fiat com a Peugeot. Mas ele também virou estrela nos mercados financeiros ultimamente. Este mês, anunciou um investimento de US$ 1,5 bilhão na moeda virtual Bitcoin e afirmou que a Tesla vai passar a aceitá-la como forma de pagamento, o que levou a criptomoeda a se valorizar como um  raio, chegando a até US$ 43.780 na Bolsa de Londres, e mais adiante ultrapassando os US$ 50 mil.

Também este mês, a SpaceX concluiu uma rodada de captação de US$ 850 milhões que elevou sua avaliação para cerca de US$ 74 bilhões, informou a CNBC. Recentemente, a empresa lançou em órbita mais 60 satélites de seu projeto de internet de alta velocidade Starlink, chegando a mais de mil deles (a meta é alcançar 1.440 até o fim do ano). 

Semanas antes, o executivo participou indiretamente da corrida frenética de pequenos investidores à Bolsa de Nova York que hipervalorizou as ações da rede de varejo de videogames GameStop, insuflada por grupos de usuários do site Reddit, o que impôs a Wall Street um prejuízo de US$ 1,6 bilhão. Musk publicou em seu Twitter um post com o link para as discussões no Reddit sobre a GameStop e ajudou a escalada. Ele tuitou o link escrevendo apenas “Gamestonk!”, trocadilho para ações da loja com a grafia propositalmente errada. Bastou para ajudar o mercado a pegar fogo. 

Foto: Getty Images

Ele também impulsionou a nova rede de conversas por voz Clubhouse ao bater papo pela plataforma com Vlad Tenev, o diretor executivo do app de investimentos Robinhood (usado por boa parte dos investidores na GameStop),  gerando uma corrida por convites para lá (na nova rede só se entra convidado). Segundo a consultoria alemã Statista, o aplicativo já conta com mais de 2 milhões de usuários ativos semanalmente. Recentemente, o empresário convidou pelo Twitter o presidente russo Vladimir Putin para uma conversa no Clubhouse.

Musk também virou o homem mais rico do mundo com a ajuda das Bolsas. Logo na primeira semana de janeiro de 2021, as ações da Tesla se valorizaram 5,8% e levaram a fortuna do empresário à estratosfera, o que o fez ultrapassar Bezos na lista de bilionários. E a Tesla apresentou seu primeiro lucro anual com o anúncio recente dos resultados da montadora em 2020  — foram ganhos de US$ 690 milhões, contra um prejuízo de US$ 862 milhões no ano anterior.

Nada mau para um sujeito que, fora dos círculos do Vale do Silício, onde é endeusado, segundo Ashlee Vance, autor da biografia homônima de Musk publicada pela Intrínseca, é visto como uma figura controversa. “Esqueça Steve Jobs”, escreve Vance. “Musk é a versão em ficção científica do famoso picareta P. T. Barnum, que ficou extraordinariamente rico se alimentando do medo e da autodepreciação das pessoas. Compre um Tesla. Esqueça por um tempo a bagunça que você fez no planeta.”

O empresário, porém, não esmorece. No final do ano passado, mudou-se para o Texas para se concentrar em duas prioridades para suas empresas: o novo veículo espacial da SpaceX, o foguete Starship, e a nova Gigafactory da Tesla, que está sendo construída em Austin. E afirmou que o Vale do Silício, com sua influência enorme no mundo dos negócios, está acomodado. 

E ele continua com os olhos no futuro fora da Terra. Recentemente, comemorou a escolha da SpaceX pela Nasa para desenvolver lançamentos com o foguete Falcon Heavy para a montagem de um posto avançado que vai orbitar a Lua e servir de trampolim para missões futuras no espaço profundo. O lançamento de seus componentes no foguete está programado para maio de 2024 e custará à agência americana US$ 331,8 milhões.

Segundo o engenheiro espacial Lucas Fonseca, diretor do projeto Garatéa, voltado à divulgação científica, Musk tem um método na SpaceX que vai aperfeiçoando voo a voo, “tanto que demorou anos para chegar a uma configuração final para o foguete Falcon 9 (batizado em homenagem à Millennium Falcon de Han Solo em Guerra nas Estrelas)”. De acordo com o engenheiro, a visão de Musk do futuro é apocalíptica. “Ele foca em Marte pensando na necessidade de a humanidade reaprender a viver em outro ambiente.”

*André Machado é jornalista

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