Tenho admiração profunda por pessoas vestidas de humanidade. Falo de gente rara, capaz de se preocupar verdadeiramente com o próximo. Dona Isabel Salomão de Campos, a biografada de Os dois mundos de Isabel, tem a característica da singularidade.
Apaixonada por cascatas, ela construiu uma na varanda de casa para ouvir o barulho da água caindo nas pedras. E foi nesse mesmo lago que ela solucionou “grandes” dilemas domésticos. Um deles diz respeito à aflição de um menino de 5 anos. Aluna do colégio criado por ela na década de 80, a criança deixou a sala de aula em direção à casa da médium, localizada no prédio vizinho ao da escola.
Sem hora marcada, o menino bateu na porta de Dona Isabel.
— Posso entrar? ― perguntou a visita inesperada.
— Entra, beleza.
O menino logo foi falando o que o trazia ali:
— Sabe o que é, Dona Isabel, estou com um problema enorme.
— O que foi, filhinho? ― perguntou Dona Isabel, parando o que fazia para dar atenção ao pequeno.
— Dona Isabel, eu tenho um aquário lá em casa, sabe? Mas meu pai não quer mais que meus peixes morem lá. Estou muito triste. O que eu vou fazer? ― perguntou, desolado.
— Já sei o que faremos ― respondeu a médium, abaixando-se para ficar quase na mesma altura do menino.
— O quê?
— Traga seus peixes para cá. Eu vou cuidar deles. Assim, quando você estiver com saudades pode vir visitá-los a hora que quiser.
A criança abriu um sorriso enorme e abraçou a médium. Aliviada com o desfecho do caso, pode voltar tranquila para a sala de aula.
A atenção dada por Dona Isabel ao dilema da criança foi a mesma dada ao caso do cientista David Goodall. Em 2018, o australiano de 104 anos ficou mundialmente famoso ao anunciar que se submeteria a um suicídio assistido. Como o procedimento era proibido em seu país de origem, Gooddal precisaria viajar para Suíça, mas não tinha recursos suficientes para pagar por sua morte.
Logo que a notícia foi veiculada na imprensa, pessoas de toda a Europa passaram a doar dinheiro para ajudá-lo a cumprir seu desejo final.
No interior do Brasil, porém, Dona Isabel agiu na contramão do restante do mundo: começou a pensar em formas de ajudá-lo a viver. Queria fazer chegar a ele uma mensagem de esperança. Como David era materialista, a médium abriu mão de falar em Deus pela primeira vez porque sabia que ele não entenderia. Então gravou um recado cheio de amor e de encorajamento. A última voz que o cientista ouviu em vida foi a de Dona Isabel. E o que parece ser o fim é apenas o começo da história.
Ficou curioso? Corre para ler Os dois mundos de Isabel.
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