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Leia um trecho de “Não se humilha, não”, novo livro de Isabela Freitas

20 / dezembro / 2019

Preparados para o novo livro da Isabela Freitas? Não se humilha, não chega às livrarias em fevereiro, e a gente não está se aguentando de ansiedade por aqui!

Antes de aprender a desapegar, Isabela precisou aprender a parar de se humilhar. Ao contar a história da personagem antes dos acontecimentos de Não se apega, não, o quarto livro aborda o relacionamento de Isabela com Gustavo, o garoto novo e misterioso da faculdade que vira a vida da protagonista de cabeça para baixo. Com o tempo, o príncipe encantado começa a se mostrar uma pessoa bem diferente do que ela imaginava, fazendo Isabela se questionar: será que vale arriscar tudo por um relacionamento? 

Não se humilha, não é uma história incrível sobre autoconhecimento e amor-próprio. O livro já está disponível na pré-venda da Amazon, com direito a autógrafo e pingente exclusivo. Mas corre! A promoção só é válida até o dia 7 de janeiro.

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Leia um trecho do livro:

Me levantei sem entender muito bem onde eu estava e observei a cena ao meu redor. Ok. Definitivamente estava na casa do Gustavo. Eu seria capaz de reconhecer essa casa impecável em qualquer estado. Os móveis que antes estavam milimetricamente posicionados, talvez por obra de um designer de interiores, sem nem uma pecinha sequer fora do lugar, agora se encontravam revirados no chão. Mas, afinal, o que aconteceu aqui?! O nosso jantar da véspera estava todo espalhado pelo carpete caríssimo da Dona Carmem, em meio a um monte de cacos do que antes eram as louças chiques da família Ferreira. Eu não sabia quem tinha feito aquela bagunça, mas olha, de uma coisa eu sei: Dona Carmem não deixaria tudo isso barato.

Ah, mas não deixaria mesmo.

Tentei me levantar do sofá e senti uma dor no braço direito sem igual. Poxa vida. Eu nem estava malhando o suficiente para sentir dores musculares.

Percorri a sala como um detetive numa cena de crime.

Estava um caos.

Sem tirar nem pôr.

De repente, senti um calafrio percorrer meu corpo. Tentei me lembrar da noite anterior, mas não conseguia me lembrar de praticamente nada. Meu Deus, será que aquele caos era culpa

minha? Eu tinha feito aquilo? Não, né? Pensamento positivo, Isabela, pensamento positivo. Veja bem, você não reviraria a mesa de jantar e deixaria tudo daquele jeito. Olhei novamente para a mesa, que estava mesmo de pernas para o ar. É. Com certeza eu não teria conseguido virar a mesa daquele jeito, porque, como já disse, não estava pegando nem um pesinho de dois quilos na academia, que dirá uma mesa de madeira maciça de não-sei-quantos-mil-quilos! Bem… Não eram mil quilos, mas vocês entenderam. Eu sou sagitariana, exageros são comuns por aqui.

Como é que as pessoas fazem mesmo nos filmes? Elas tentam reconstituir todos os seus passos. Vamos lá. Eu consigo. O Gustavo tinha me chamado para jantar na casa dele. Isso. Isso! Gustavo era meu namorado. E era lindo. Nossa, sim, muito lindo. Mas também era ciumento. Nossa, ele era muito ciumento. Inclusive, eu estava de saco cheio de ter que podar minhas atitudes para evitar cenas de ciúme, mas isso é papo para outra hora. Naquele momento, eu estava no meio do apocalipse e precisava me lembrar de quem eu era para conseguir me salvar. Rá-rá. Achar graça de tudo e fazer piada quando o mundo está desmoronando é comigo mesma. Prazer, Isabela. Vinte anos. Moro em Juiz de Fora e estudo na federal de Direito do meu estado, Minas Gerais. Eu amo gatos, o número 7 e batom vermelho. É. Acho que isso era o máximo que eu conseguia lembrar sobre mim mesma naquela situação.

De novo a dor no braço.

Pensei que talvez fosse melhor conferir como eu estava.

Olhei para baixo.

Minha saia vermelha estava rasgada. Rasgada. Era só o que me faltava. Não bastava ser universitária com medo de um futuro falido, eu ainda tinha rasgado minha saia favorita! Ah, não. Mexeram com a minha saia, mexeram comigo. Tá doido, tive que juntar dois meses da bolsa do estágio para conseguir pagar as parcelas. Isso não ia ficar barato mesmo. Dona Carmem, tô contigo! Esses assaltantes iam se ver com a gente. Ah, se iam. Porque só podiam ser assaltantes, certo? Quem mais reviraria a casa inteira e deixaria as coisas nesse estado? E ainda rasgaria uma pobre saia que não fez mal a ninguém? Assaltantes, é claro!

Comecei a revirar as almofadas do sofá à procura do meu celular, que ainda não tinha dado as caras. Não estava lá. Droga. Os assaltantes provavelmente tinham levado meu celular, era óbvio. Tentei calcular em quantos meses de estágio eu conseguiria pagar um celular novo. Pensamento positivo, Isabela, não pensa nisso agora. Andei até a cozinha quase me arrastando e encontrei outra cena caótica. Pelo visto, uma garrafa de vinho havia caído no chão, e aquele líquido avermelhado se espalhara pelo mármore, deixando a cozinha com um ar bem… macabro.

Era essa a palavra. Macabro.

De repente, escutei um celular tocar… Meu Deus, meu Deus do céu, era o meu celular! De onde estava vindo aquele som? Olhei para a lixeira no cantinho da cozinha. Ali! Ali! Peraí. Meu celular estava na lixeira? Que tipo de assaltante jogaria um celular na lixeira? Achei ofensivo, poxa, tudo bem que meu celular não era de última geração, nenhum daqueles modelos que estavam na moda, mas dava para o gasto, viu? Abri a tampa da lixeira e ali estava ele.

TODO QUEBRADO.

Ah, não.

Isso só podia ser um pesadelo, não podia ser real…

Tentei atender a ligação da minha mãe (sim, minha mãe era a única pessoa que tentava me ligar além do meu namorado) e não consegui. Com a tela quebrada, não dava para mexer em nada. Desculpa mamãe, fica para a próxima. Tenho uma invasão de domicílio para solucionar no momento. Será que ainda dá para ter pensamento positivo?

Comecei a me questionar. Onde estava o meu namorado depois daquela confusão toda? A família dele tinha viajado para Búzios e nós íamos passar o Dia de Finados na casa do Gustavo. Até aí tudo bem. Mas depois de tudo isso? Por que ele não ficou aqui para me proteger? Será que ele foi sequestrado pelos assaltantes? MEU DEUS! MEU DEUS! E se os assaltantes, na verdade, fossem sequestradores?

Então, tudo fez sentido.

Por isso eles quebraram meu celular e jogaram no lixo, é claro. Para que eu não tivesse uma comunicação rápida com a polícia. Rá! Mas eles não contavam com o fato de eu não ser apenas uma donzela em perigo, ah, não, e eu iria pessoalmente à polícia. Sou uma donzela que corre atrás dos seus direitos.

Fui até o banheiro pentear os cabelos, trocar de roupa e dar uma melhorada no visual. Afinal, eu não ia chegar de saia rasgada na delegacia, né?

Mas aí eu me olhei no espelho.

E a verdade me atingiu como um soco.

Que irônico.

Meu rosto estava desfigurado. Os dois olhos roxos. Havia sangue seco no meu nariz e na minha boca.

Não.

Não.

O que tinha acontecido?

Não.

Eu não queria me lembrar.

Não.

Eu não podia me lembrar.

Não.

Para, Isabela, esquece.

Esquece.

E aí eu me lembrei.

E entendi por que esqueci.

Não existia assaltante algum.

Tampouco sequestrador.

Gustavo não corria perigo.

Minha dor no braço não era por causa da academia. Eu nem estava indo malhar.

Meu celular quebrado não era para me impedir de ligar para a polícia.

A verdade era uma só: EU corria perigo.

Gustavo tinha me espancado na noite passada após uma crise de ciúme por eu ter colocado aquela saia vermelha. Era isso.

Olhei para a minha sainha vermelha rasgada e desatei a chorar. As lágrimas tomaram conta de mim, e fui deslizando devagarinho pela parede até ficar toda encolhida no chão gelado do banheiro. Eu estava envergonhada, com medo, sem saber o que fazer. Senti o gosto do sangue seco misturado com lágrimas na minha boca.

Por que isso estava acontecendo comigo? O que eu tinha feito de errado? Era minha culpa o descontrole do Gustavo? Afinal, eu sabia que isso poderia acontecer em algum momento. Sabia. E por que não terminei com ele antes? Por que não dei ouvidos a minha melhor amiga, a Amanda? Por que afastei todo mundo que gostava de mim? Por que não ouvi os conselhos da minha mãe que sempre me dizia para nunca aceitar uma atitude agressiva de um homem que viesse para cima de mim? Por quê? POR QUÊ?

Essas eram as perguntas que ressoavam na minha mente.

E então, como se não pudesse ficar pior, eu escutei uma voz gritando meu nome do lado de fora do banheiro.

— ISABELA, ABRE A PORTA AGORA. NÃO ADIANTA SE TRANCAR AÍ!

Era o Gustavo.

Comecei a tremer, o maxilar batendo de tanto nervoso. O que eu poderia fazer? Será que se tornar adulto era isso? Não saber o que fazer, mas mesmo assim ter que tomar uma decisão? Ninguém apareceria ali para me salvar. Ninguém. Meus pais achavam que eu estava passando o feriado em uma verdadeira lua de mel com o meu namorado. Minha melhor amiga, pff, estávamos brigadas exatamente porque ela tentou me alertar sobre o Gustavo. Os vizinhos pelo visto não se importaram com o barulho, e os empregados da família Ferreira estavam de folga. Eu precisava fazer alguma coisa. E rápido.

— ISABELA! — O som era acompanhado por socos na porta. — SE VOCÊ SABE O QUE É BOM PRA VOCÊ, ABRE ESSA PORTA AGORA! — Mais socos, agora mais fortes.

É isso. Eu precisava enfrentar a consequência das minhas más decisões. Me levanto para abrir a porta, como um guerreiro que desiste de lutar e se entrega ao seu adversário. Quando abro,

encontro Gustavo todo ensanguentado. E quando eu digo todo, é literalmente TODO MESMO. Não tinha um pedaço de pele que não estivesse vermelho.

Olho assustada.

— OLHA O QUE VOCÊ FEZ COM A GENTE! OLHA SÓ! — grita ele, enquanto me mostra o sangue escorrendo pelos braços.

Gente! O que está rolando aqui?

— Gustavo, eu…

Tento falar alguma coisa, mas a voz simplesmente não sai.

Fecho os olhos com força.

Isso não era para estar acontecendo.

Era inacreditável.

Ele me tocou com o braço ensanguentado e começou a passar o sangue em mim enquanto esbravejava com raiva que eu tinha feito aquilo com nós dois… Como assim?

O que eu fiz?

O que eu poderia ter feito?

Eu acordo.

Abro meus olhos e vejo Gustavo deitado ao meu lado, roncando com uma expressão feliz, abraçado a uma almofada e enrolado no cobertor.

Ah.

Não acredito.

Nós apagamos no sofá enquanto assistíamos a um filme.

As louças do jantar estavam intactas.

A mesa, no lugar de sempre.

A sala voltou a ser como sempre foi, impecável, sem nada fora do lugar.

Pego meu celular para ver as horas, 2h10 da manhã.

— Amor… Volta a dormir, estava tão bom aqui…

Gustavo me puxa para baixo das cobertas novamente.

Então me enrolo com ele nas cobertas, mas não consigo pegar no sono. Meus pensamentos estavam a mil. Ufa. Tudo isso só podia ser um pesadelo mesmo. Claro. O Gustavo nunca faria isso comigo. Olho para minha saia vermelha. Não. Ele nunca faria isso. Ele só disse que essa saia estava curta demais. É só uma opinião, certo?

Certo.

É.

Ele nunca faria isso comigo.

Nunca.

Nunca mesmo…

Faria?

Comentários

6 Respostas para “Leia um trecho de “Não se humilha, não”, novo livro de Isabela Freitas

  1. MEEEEEU DEUSSSSS… EU PRECISO DESSE LIVROOO… MARAVILHOSOO, SUPER REALISTA, EU REALMENTE ESTAVA ACREDITANDO QUE ERA VERDADE, JA QUERIA MATAR O GUSTAVO…….

  2. Nossa…parecia muito real mesmo , já amei esse livro.

  3. Eu amei esse trecho do livro vou adorar ler ele .

  4. Não vejo a hora de continuar a leitura ?

  5. Amei o primeiro livro que li dela que foi o, não se apega não,e tenho certeza que vou amar esse TMB

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