Clara Savelli

O livro que mudou minha vida

30 / julho / 2019

Todo leitor tem um livro que mudou sua vida, um livro que fez com que ele se tornasse leitor. Talvez você se lembre do seu, ou talvez você não tenha ideia. Eu me lembro perfeitamente de quando a chavinha da leitura virou na minha cabeça e eu comecei a devorar todos os livros que via pela frente: foi quando li o primeiro livro da Meg Cabot, em 2006. Eu costumava anotar a data em que eu começava e a data em que eu terminava cada livro, então, pelo registro do primeiro Meg que li, vocês já conseguem ver que foi paixão à primeira vista:

Não me entenda mal: eu já lia muito, desde sempre. Minha mãe vivia reclamando comigo, porque eu só pedia livros de presente e terminava de ler todos muito rápido. Nunca vou me esquecer do dia em que ela comprou Menino Maluquinho e eu terminei em uma tarde (e ela não acreditou, rs). Apesar de sempre ter lido muito, foi O diário da princesa que me fez perceber que eu tinha um tipo de livro favorito. E daí fui devorando todos que apareceram pela frente.

Summer Things GIF

Não é difícil achar livros que tocaram gerações e se tornaram verdadeiros clássicos. Nem estou falando de Machado de Assis, me refiro aqui a fenômenos editoriais contemporâneos, que vimos nascer e ganhar os corações em tempo real. Minha geração é a geração Harry Potter (ainda que eu seja a geração Meg Cabot), acompanhei de perto e participei dos surtos coletivos de outras sagas e livros, como Crepúsculo. Comprei todos os volumes na pré-venda, assisti a todos os filmes na estreia e berrei feito uma fã injuriada na cena da batalha de Amanhecer – Parte 2. Cheguei até a sonhar que eu era a Bella nessa cena do gif abaixo:

         

É engraçado, porque tem o livro que muda nossa vida e nos torna leitores, mas também tem outros livros no caminho, aqueles que nos marcam profundamente. Sejam esses fenômenos coletivos, best-sellers que viram filme e tudo mais, ou livros meio indie, de que ninguém ouviu falar, mas que por algum motivo vieram parar nas nossas mãos. Parece que eles solidificam nosso amor, tornando-o ainda mais profundo e tangível. É claro que Crepúsculo foi um desses para mim. Um dia, do David Nicholls, também. A série Os heróis do Olimpo, de Rick Riordan, idem. Alucinadamente feliz, da Jenny Lawson, mais um. Até hoje me vejo cativada por alguns enredos, a ponto de terminar as leituras, fechar os livros e pensar: “Uau, é por isso que eu amo tanto ler. É essa sensação que eu busco.”

Beauty And The Beast Books GIF by Disney

Não sei dizer por que esses livros em especial foram capazes de me marcar nesse nível, nem por que O diário da princesa foi o livro que mudou minha vida. Não existe um padrão, nem o “livro certo” para te fazer gostar de ler, ou um livro que vai fazer “todo mundo” se apaixonar. Cada pessoa tem o seu livro especial, aquele que tocará o fundo do seu coração e fará com que você se transforme em leitor. E a gente tem que ter um pouquinho de paciência com o pessoal que diz que “não gosta de ler” – provavelmente eles ainda não acharam o livro especial deles. Cabe a nós tentar apresentar a nosso amigo não leitor aquele livro que achamos a CARA dele e, quem sabe, convencê-lo a entrar nesse mundo doido e mágico.

Na minha caminhada literária, pessoas já me falaram que livros meus foram “o livro que mudou a vida delas”, e eu sempre fico ao mesmo tempo surpresa e emocionada. Saber que algo que eu escrevi foi responsável por fazer alguém se apaixonar por ler me deixa imensamente feliz. E faz com que meu trabalho como escritora me dê a mesma sensação de quentinho no coração que terminar de ler um livro incrível me dá. Espero que As férias da minha vida possa gerar essa paixão em muitos leitores – não só porque seria uma honra, mas especialmente porque quero que o máximo de pessoas possível se apaixone pela leitura. Porque, convenhamos, não há nada melhor!

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