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Como seria se você deletasse seus perfis e levasse uma vida diferente?

7 / fevereiro / 2019

Quase um segundo documento de identidade, as redes sociais ganharam uma importância absurda na nossa sociedade. Com as novas mídias, podemos curtir, comentar e compartilhar os mais diversos tipos de conteúdo com o restante do mundo em questão de segundos.

Porém, nem sempre essas tecnologias são boas para a gente: vivemos em bolhas personalizadas, controladas pelos algoritmos, que utilizam as informações que compartilhamos para controlar nosso comportamento diariamente sem que a gente perceba. Mas como seria se você deletasse seus perfis e levasse uma vida diferente? Essa é a proposta de Dez argumentos para você deletar agora suas redes sociais.

O autor Jaron Lanier, uma das maiores referências do Vale do Silício, busca conscientizar e explicar com clareza o lado perverso das mídias sociais. E, mesmo que você não saia definitivamente delas, pode aprender a utilizá-las de uma maneira melhor.

Leia um trecho do livro:

Vamos começar com gatos. Os gatos estão por toda parte na internet. Estão nos memes mais difundidos e nos vídeos mais fofinhos. Por que mais os gatos do que os cachorros? Os cachorros não foram até os humanos antigos implorando para viver conosco; nós os domesticamos. Eles foram criados para serem obedientes. Aceitam ser treinados, são previsíveis e trabalham para nós. Isso não é nenhum demérito para os cachorros. É ótimo que sejam leais e confiáveis. Os gatos são diferentes. Eles apareceram e, em parte, domesticaram a si próprios. Não são previsíveis. Os vídeos populares de cachorros costumam mostrar treinamentos, ao passo que a maioria dos vídeos absurdamente populares de gatos são aqueles que expõem comportamentos estranhos e surpreendentes.

Embora inteligentes, os gatos não são uma boa escolha para quem quer um animal que aceite o treinamento de maneira confiável. Basta assistir a um vídeo de circo de gatos na internet: o mais comovente é que fica claro que os animais estão decidindo se colocam em prática o truque que aprenderam, não fazem nada ou saem andando em direção à plateia.

Os gatos fizeram o que parecia impossível: se integraram ao mundo moderno, de alta tecnologia, sem se entregarem. Eles ainda estão no controle. Você não precisa se preocupar que algum meme furtivo produzido por algoritmos, pago por um oligarca sinistro e oculto, passe a dominar seu gato. Ninguém domina seu bichano; nem você, nem ninguém.

Ah, como gostaríamos de ter essa segurança não apenas em relação a nossos gatos, mas a nós mesmos! Os gatos na internet representam nossas esperanças e sonhos para o futuro das pessoas na grande rede.

Ao mesmo tempo, ainda que a gente adore os cachorros, não queremos ser como eles, pelo menos no que se refere à relação de poder com as pessoas. Tememos, porém, que o Facebook e redes afins estejam nos transformando em cachorros. Quando do nada fazemos alguma coisa desagradável na internet, podemos considerar isso uma resposta a um “apito de cachorro”, daquele tipo que só pode ser ouvido por eles. Temos medo de ficar sob algum tipo de controle obscuro.

Este livro é sobre como ser um gato, à luz das seguintes perguntas: como permanecer independente em um mundo onde você está sob vigilância contínua e é constantemente estimulado por algoritmos operados por algumas das corporações mais ricas da história, cuja única forma de ganhar dinheiro é manipulando o seu comportamento? Como ser um gato, apesar disso tudo? O título não mente: este livro apresenta dez argumentos para você deletar todas as suas contas nas redes sociais. Espero que ajude. E mesmo que você concorde com todo o meu raciocínio, pode ser que ainda queira manter algumas contas. Enquanto gato, você está no seu direito. Ao apresentar os dez argumentos, discutirei algumas maneiras pelas quais você pode pensar sobre sua situação para decidir o que é melhor para a sua vida. Mas só você é capaz de saber.


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Comentários

Uma resposta para “Como seria se você deletasse seus perfis e levasse uma vida diferente?

  1. Concordo com essa temática importantíssima do mundo atual, no entanto tem uma questão que preciso fazer. É quanto aos filhos que temos e que utilizam as rédea sociais e que nos compele a também participar delas, mesmo que fora de seus círculos de amizade com o intuito de “observar” e/ou monitorar (numa linguagem Mais específica embora não muito adequada) a vida social deles.

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