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Paixões, segredos e um verão inesquecível na Itália

13 / julho / 2017

Antes de morrer, a mãe de Lina faz um último pedido a ela: que a filha passe passar um verão na Itália. Do dia para a noite, Lina se vê longe da melhor amiga e no pior lugar possível naquele momento, pois nem mesmo a lindíssima paisagem da Toscana alivia a barra de ter que morar em uma casa construída dentro de um cemitério.

Sim, porque sua mãe queria que ela morasse por um tempo com um antigo amigo, Howard, responsável pelo memorial aos soldados americanos vitimados durante a Segunda Guerra Mundial. E tem um pequeno detalhe: esse homem, que Lina nunca viu na vida, pode ser seu pai.

É nesse turbilhão de emoções que Lina conhece o encantador ítalo-americano Lorenzo e recebe um presente inesperado: o antigo diário em que a mãe, ainda jovem, narra suas paixões e descobertas durante o tempo em que morou na Itália.

No apaixonante Amor & gelato, romance de estreia da americana Jenna Evans Welch, que também passou parte da adolescência em Floresça, acompanhamos Lina descobrindo os segredos de sua família, a maravilhosa culinária local e que a Itália é o melhor lugar do mundo para se apaixonar — mas o pior para ter o coração partido.

Leia um trecho do romance que chega às livrarias a partir de 21 de julho:

 

Você já teve dias ruins, não é? Sabe aqueles em que o alarme não toca, o pão praticamente pega fogo na torradeira e você lembra tarde demais que todas as suas roupas estão encharcadas, esquecidas na máquina de lavar? Aí você entra correndo na escola, quinze minutos atrasada, rezando para ninguém notar que seu cabelo está igual ao da noiva do Frankenstein, mas bem na hora em que senta no seu lugar, o professor berra um “Atrasada hoje, Lina?” e todo mundo olha para você.

Aposto que você já teve dias assim. Todos nós temos. Mas e quanto aos dias péssimos? Aqueles tão tensos e horríveis que trituram as coisas de que você gosta só pelo prazer de cuspi-las na sua cara?

O dia em que minha mãe me contou sobre Howard se encaixa perfeitamente na categoria dos péssimos, mas, na época, isso era a menor das minhas preocupações.

Eu tinha começado o segundo ano do ensino médio duas semanas antes e estava voltando com minha mãe de uma consulta médica dela. O silêncio reinava dentro do carro, exceto pelo comercial no rádio com as vozes de dois imitadores do Arnold Schwarzenegger, e, embora fosse um dia quente, minhas pernas estavam arrepiadas. Naquela manhã, eu havia chegado em segundo lugar na minha primeira maratona estudantil e não conseguia acreditar em como aquilo se tornara insignificante.

Minha mãe desligou o rádio.

— Como está se sentindo, Lina?

Sua voz estava calma, mas quando olhei para ela comecei a chorar de novo. Ela estava muito pálida e magra. Como eu não tinha notado que ela emagrecera tanto?

— Não sei — respondi, tentando manter a voz calma. — Acho que estou em choque.

Ela assentiu, parando no sinal. O sol fazia de tudo para nos ofuscar, e eu olhei diretamente para ele, mesmo com os olhos ardendo. Este é o dia em que tudo vai mudar, pensei. De agora em diante, haverá o antes e o depois de hoje.

Minha mãe pigarreou e se empertigou como se tivesse algo importante a me dizer.

— Lina, já contei sobre a vez em que me desafiaram a nadar num chafariz?

Eu me virei para ela.

— O quê?

— Lembra que contei que passei um ano estudando em Florença? Eu tinha saído para tirar fotos com um pessoal da minha turma, e o dia estava tão quente que achei que fosse derreter. Um amigo meu, Howard, me desafiou a entrar num chafariz.

Não se esqueçam de que tínhamos acabado de receber a pior notícia do mundo. A pior.

— … Eu assustei um grupo de turistas alemães. Eles estavam posando para uma foto, e quando saí da água um deles perdeu o equilíbrio e quase caiu no chafariz comigo. Eles ficaram furiosos, então Howard gritou que eu estava me afogando e pulou na minha direção.

Ela olhou para mim e deu um sorrisinho.

— Hã… mãe? É engraçado e tal, mas por que você está me contando isso agora?

— Eu só queria falar do Howard. Ele era muito divertido.

O sinal abriu, e ela pisou no acelerador.

O quê?, pensei. O quê? O quê? O quê?

 

A princípio, achei que a história do chafariz fosse um mecanismo de defesa, como se talvez ela achasse que falar sobre um velho amigo pudesse nos fazer esquecer aqueles dois blocos de concreto que pendiam sobre nossa cabeça. Inoperável. Incurável. Mas então ela me contou outra história. E mais uma depois dessa. E chegou ao ponto em que ela começava a falar e, depois de três palavras, eu sabia que ia mencionar o tal de Howard. E quando finalmente me contou o porquê de todas aquelas histórias sobre o amigo, bem… Digamos apenas que a ignorância é uma bênção.

— Lina, eu quero que você vá para a Itália.

Estávamos no meio de novembro, e eu havia me sentado diante da cama de hospital dela com uma pilha de revistas velhas de beleza que roubara da sala de espera. Eu tinha passado os últimos dez minutos fazendo um quiz chamado “Numa escala de frio a fervente: quão sexy você é?”, e fiz sete pontos num total de dez.

— Itália? — perguntei, meio distraída.

A pessoa que fizera o quiz antes de mim gabaritou, e eu estava tentando descobrir como isso era possível.

— Falei que quero que você vá morar na Itália. Depois.

Aquilo chamou minha atenção. Para começar, eu não acreditava no depois. Sim, o câncer da minha mãe estava progredindo exatamente do jeito que os médicos explicaram que aconteceria, mas eles não sabiam de tudo. Naquela manhã mesmo, eu tinha salvado nos meus favoritos uma matéria sobre uma mulher que subira o Monte Kilimanjaro depois de vencer um câncer. E tem outra coisa: Itália?

— Mas por quê? — perguntei, sem ser grosseira.

Era importante não contrariar minha mãe. Evitar estresse ajuda na recuperação.

— Quero que você fique com o Howard. O ano que passei na Itália significou muito para mim, e quero que você viva a mesma experiência.

Olhei o botão para chamar as enfermeiras. Ficar com Howard na Itália? Será que tinham dado morfina demais a ela?

— Lina, olhe para mim. — Ela usou seu tom autoritário que dizia “Mocinha, eu sou sua mãe”.

— Howard? O cara de quem você não para de falar?

— Sim. Ele é o melhor homem que já conheci. Vai mantê-la a salvo.

— A salvo de quê?

Eu olhei para ela, e de repente comecei a ficar ofegante. Minha mãe estava falando sério. Será que tinha algum saco de papel por ali?

Ela balançou a cabeça, com os olhos brilhando.

— Vai ser… difícil. Não precisamos falar disso agora, mas queria que você ouvisse de mim mesma sobre essa decisão. Você vai precisar de alguém. Depois. E acho que ele é a melhor pessoa.

— Mãe, isso nem faz sentido. Por que eu iria morar com um desconhecido?

Eu me levantei e comecei a vasculhar as gavetas na mesinha de cabeceira dela. Devia ter um saco de papel em algum lugar.

— Lina, sente-se.

— Mas, mãe…

— Sente-se. Você vai ficar bem. Você vai conseguir. Sua vida vai seguir em frente e vai ser maravilhosa.

— Não. Você vai conseguir. Às vezes as pessoas se recuperam.

— Lina, Howard é um amigo maravilhoso. Você vai amá-lo.

— Duvido. E se ele é um amigo tão bom assim, por que nunca o conheci?

Desisti de encontrar um saco, então me joguei de novo na cadeira e coloquei a cabeça entre os joelhos.

Ela se sentou com dificuldade, depois estendeu a mão, tocando as minhas costas.

— As coisas eram meio complicadas entre nós, mas ele quer conhecê-la. E disse que adoraria que você ficasse com ele. Prometa que vai tentar. Pelo menos por alguns meses.

Bateram à porta. Nós duas erguemos o rosto e vimos uma enfermeira com um uniforme azul-bebê.

— Só vim checar como vocês estão — disse ela, cantarolando.

Ou estava ignorando ou não percebeu minha expressão.

Numa Escala de Tranquilo a Tenso, o quarto estava mais ou menos 100 para 10.

— Bom dia. Eu estava dizendo à minha filha que ela deve ir para a Itália.

— Itália — repetiu a enfermeira, com um suspiro. — Passei minha lua de mel lá. Gelato, a Torre de Pisa, as gôndolas de Veneza… Você vai adorar.

Minha mãe abriu um sorriso triunfante para mim.

— Mãe, não. Eu não vou pra Itália de jeito nenhum.

— Mas, querida, você precisa ir — insistiu a enfermeira. — Vai ser uma experiência única.

No fim das contas, a enfermeira estava certa sobre uma coisa: eu precisava ir. Mas ninguém me deu nenhuma pista do que eu encontraria quando chegasse lá.

 

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Comentários

2 Respostas para “Paixões, segredos e um verão inesquecível na Itália

  1. Estou super ansiosa para comprar quando lançar!! <3 <3

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