Márcia Vieira

O campeão voltou

3 / maio / 2017

Adriano de Souza (Fonte)

Chegou a hora. Nos próximos dias, o Rio de Janeiro se tornará novamente a capital mundial do surfe. Depois de três etapas disputadas na Austrália, os melhores surfistas do mundo, com destaque para Adriano de Souza e os demais brasileiros, desembarcam por aqui esta semana. De 9 a 20 deste mês, a trupe estará em Saquarema para uma nova etapa do Circuito Mundial, num momento muito bom para o surfe nacional. Desde que Adriano, o Mineirinho, conquistou vaga na elite do esporte, em 2006, o Brasil deu um salto de qualidade tão grande nas ondas que a imprensa americana criou o termo Brazilian Storm para definir o fenômeno. A saga de Adriano, contada no livro Como se tornar um campeão, marca o início da Tempestade Brasileira. Campeão mundial em 2015, ele é o líder dessa geração de ouro que tem estrelas como Gabriel Medina, Filipe Toledo, e que não para de produzir novos atletas.

Adriano desembarca em Saquarema como o brasileiro mais bem colocado no ranking e continua firme na luta pelo título mundial de 2017. No momento, é o quarto, atrás do havaiano John John Florence, do sul-africano Jordy Smith e do australiano Owen Wright. E Mineirinho está em plena forma. Acabou de disputar um torneio em Bali, onde terminou em terceiro lugar, dando show. Conquistou duas notas 10 numa das baterias e deixou claro que pretende brilhar no Brasil.

O surfe nacional vive a explosão de uma geração bem-sucedida. Com dois campeões mundiais no currículo (Medina e Adriano) e outros sete atletas entre os 32 do Circuito Mundial, o Brasil passou a ser respeitado num esporte dominado por americanos, havaianos e australianos. Não é pouca coisa. Quando Adriano chegou à elite, havia certo preconceito em relação aos brasileiros. Os gringos achavam nossos surfistas muito barulhentos. Alguns não falavam muito bem inglês, a língua oficial do circuito. Outros se envolveram em brigas em praias havaianas. Adriano sentiu a tensão no ar e quis construir uma nova imagem, exigindo respeito pelo seu talento e pela sua estratégia de competidor. As disputas no mar ficam no mar. Fora da água, sempre foi humilde e companheiro, comportamento que o tornou grande amigo de ídolos como o australiano Mick Fanning.

Quando a garotada brasileira chegou ao circuito, viu em Adriano um modelo a ser seguido. Viraram um time: andam juntos nas competições, divertem-se juntos, torcem um pelo outro. O comportamento desse Time Brasil foi a novidade que chamou a atenção do mundo do surfe. Os meninos têm sede de vitória, e ganhar no Rio tem um gosto especial. Por isso, em Saquarema, o sonho deles é levantar o título de campeão da etapa brasileira do circuito, como Adriano fez em 2011. Diante de uma multidão de fãs, na praia da Barra, no Rio, ele derrotou o australiano Taj Burrow na final e venceu a etapa. Na praia lotada, ao som dos gritos de “Mineiro, Mineiro”, ele chorou. Com a vitória, assumira a liderança do torneio. Era a primeira vez que um brasileiro chegava lá. O caminho estava aberto para novas e grandes conquistas.

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