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Guerreira sou eu. Guerreira é você. Guerreiras somos nós.

7 / abril / 2017

Por Fabiane Pereira*

Regras secretas sobre como ser uma mulher perfeita (contém ironia)

Mulheres não são minoria. Nem no Brasil, nem no mundo. Juntas, somos potentes, imensas e fazemos grandes revoluções. Muitas de nós levam a vida inteira para entender isso. A grande maioria, infelizmente, morre sem compreender o poder feminino. A boa notícia é que, de uns tempos para cá, com a ajuda das redes sociais, cada vez mais mulheres se empoderam e, ao se empoderarem, tornam-se uma espécie de farol para muitas outras.

Glennon Doyle Melton é um exemplo muito bem-sucedido de farol. Autora americana do best-seller Somos guerreiras, que acaba de ser lançado no Brasil, e fundadora do blog sobre maternidade “Momastery”, ela se comunica, diariamente, com milhares de mulheres de diferentes nacionalidades pela internet. Glennon também idealizou e preside a “Together Rising”, organização sem fins lucrativos que ajuda pessoas em “situações difíceis” no mundo inteiro.

No entanto, antes de ser essa grande figura, Glennon passou muito tempo experimentando sensações comuns a muitas mulheres: vulnerabilidade, vergonha e desconforto em viver na própria pele. Mas foi nesse limbo que ela aprendeu a desconstruir ideologias, um caminho árduo e que pode nos deixar nos sentindo deslocadas e sozinhas. E foi justamente essa jornada solitária que a motivou a compartilhar seus sentimentos, transformando suas batalhas individuais em batalhas coletivas — e com novos significados.

Hoje, ao ler e compartilhar seus posts nas redes sociais, fica difícil imaginar uma Glennon frágil e repleta de fobias. A princípio — e com o distanciamento que a internet promove — o que vemos é uma mulher guerreira, articulada e promotora de diálogos que trazem as questões femininas para o centro do debate, mas ao descascarmos algumas de suas camadas ou, usando uma expressão utilizada por ela, ao retirarmos suas capas de fingimento, podemos entender seu longo e revolucionário caminho e constatar que essa estrada nunca foi reta, mas circular.

Glennon é aquela mulher que todas nós conhecemos e, na maioria das vezes, já fomos em algum momento da vida, principalmente quando se trata do conjunto de regras que nos são impostos e nos colocam naquele estado de dormência mental. A identificação com os conflitos vivenciados pela autora é imediata, e, quando há identificação, há também compreensão, estreitamento e sororidade.

Até ontem achávamos que éramos histéricas e loucas. Até ontem nem sabíamos que tínhamos o direito de nos sentir mal com cantadas ofensivas proferidas por desconhecidos. Até ontem engolimos caladas o desconforto diário. Até ontem era normal uma mulher exercer a mesma função que um homem e receber 30% menos do que ele. Até ontem usávamos o álcool, as drogas e a comida como muletas sociais.

Mas isso foi ontem. Hoje vivemos a “Primavera das Mulheres” nas ruas, nas redes, nas mídias, na literatura, nos filmes, mas principalmente entre nós. Estamos construindo juntas um novo normal, uma nova postura, que busca transformar o indivíduo e depois o coletivo. Glenn, eu e você estamos de mãos dadas caminhando juntas.

E, por meio de sua escrita, Glennon nos convida a olhar para a vida, brutal e ao mesmo tempo bela, afirma que é mais corajoso ser Clark Kent do que Super-Homem e apela para que não tenhamos medo de sentir e partilhar. Somos guerreiras revela não só a história de Glennon, mas a guerra diária travada por nós que buscamos simplesmente ser quem somos. Diante dessa força que não é singular, mas plural, guerreira sou eu. Guerreira é você. Guerreira somos nós.

>> Leia um trecho de Somos Guerreiras

 

 

Fabiane Pereira é jornalista, pós-graduada em Jornalismo Cultural pela ESPM e em Formação do Escritor pela PUC-Rio. É mestranda em Comunicação, Cultura e Tecnologia da Informação no Instituto Universitário de Lisboa. É curadora do projeto literário Som & Pausa e toca vários outros projetos pela sua empresa, a Valentina Comunicação. Foi apresentadora do programa Faro MPB, na MPB FM.

 

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