Luiz Fernando Vianna

Antes de tudo vem a música

19 / janeiro / 2017

Escrevo profissionalmente sobre música, mas estou muito longe de ser um especialista em notas, escalas e acordes. Falta teoria, sobra prática. Ouço canções brasileiras desde que me entendo (ou não me entendo) por gente.

Em casa, quando eu tinha seis anos, meus pais alternavam os — desculpem a expressão, jovens — LPs na vitrola: se saía Meus caros amigos, de Chico Buarque, entrava Galos de briga, de João Bosco e Aldir Blanc. E vice-versa. Fui parido pela segunda vez por aquelas duas bolachas.

Eu ficava conversando com colegas da minha idade e, de repente, cantava: “Acendo um cigarro, molhado de chuva até os ossos” ou “E que tantos homens me amaram, bem mais e melhor que você”.

Eu já era estranho naquela época, portanto não surpreende que, ao escrever um livro sobre minha relação com meu filho, eu tenha escolhido como subtítulo “Histórias de um garoto autista e seu pai estranho”. Também não é de espantar o título: a expressão “Meu menino vadio” está no primeiro verso de “Sem fantasia”, composição de Chico Buarque.

Batizar os capítulos do livro com títulos ou trechos de canções é algo artificial; não precisava ser assim. Mas, para mim, foi quase natural. Escrever sobre assuntos tão pessoais sem tocar (em) música é que seria artificial, acho.

A maioria das escolhas derivou-se do significado das palavras, não do sentido das canções das quais foram extraídas. No entanto, com maior ou menor intensidade, gosto de todas as músicas que serviram de inspiração. 

Como mostra do repertório que o livro sugere, selecionei doze canções que me emocionam ou me alegram. A começar, é claro, pela que clama “Vem, meu menino vadio”.

 Ouça a playlist: 


 

>> Leia um trecho de Meu menino vadio

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