Clóvis Bulcão

Arnaldo Guinle e as arenas do futebol brasileiro

28 / novembro / 2016

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(O “novo” Maracanã: Modelo não funciona – Fonte)

Já escrevi aqui que, em 1919, o então presidente do Fluminense, Arnaldo Guinle, inaugurou uma fase importante na história do futebol brasileiro com a construção de estádios com capital privado. O modelo foi copiado por diversos clubes em todo o país. Nos anos 1950, com o Maracanã criou-se um segundo paradigma: a edificação de grandes estádios financiados com dinheiro público. De certa forma, os dois modelos contribuíram para o desenvolvimento do esporte. O primeiro, popularizando-o; o segundo, consagrando o Brasil como um gigante do ramo.

No início do século XXI, surgiu um terceiro paradigma, o das arenas atuais. Os antigos estádios foram modernizados e, por medida de segurança, perderam a capacidade de receber grandes multidões. Nos últimos dias, a sociedade brasileira ficou sabendo o que se passava nos bastidores da construção e/ou reforma de alguns estádios. No dia da prisão do ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral, a imprensa revelou com destaque que a reforma do Maracanã, com custo de R$ 1,3 bilhão, havia gerado uma mesada ao ex-governador de R$ 300 mil ao longo de um ano.

Mesmo antes da prisão de Cabral, a jornalista Gabriela Moreira já revelara em seu blog que a administração do Maracanã ainda é feita por apaniguados de Cabral. Seu ex-chefe de Segurança, coronel Anderson Fellipe Gonçalves, explora os serviços de segurança e de limpeza no local por preços muito acima do mercado.

Diferentemente dos outros dois, o novo paradigma das arenas ainda não trouxe nenhum benefício ao esporte. Muito pelo contrário. Poucas arenas são rentáveis, os ingressos são caros e as plateias, escassas. Não sou adepto da tese de que a história serve para exaltar o passado e dar bons exemplos, mas o sonho de Arnaldo Guinle, que via o futebol como uma atividade civilizatória, precisa ser resgatado o mais rapidamente possível.

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