Clóvis Bulcão

Sempre alerta

10 / outubro / 2016

Minha geração cresceu escutando a conhecida frase do humorista Juca Chaves: “Escotismo é um bando de garotos vestidos de idiotas, comandados por um idiota vestido de garoto.” Não tenho dúvida de que passei minha vida olhando o movimento escoteiro com um olhar crítico. Penso que boa parte do meu preconceito era reforçada pelo uso do uniforme por seus integrantes e por seu comportamento militar. Em plena ditadura, nem todo mundo via o escotismo com bons olhos.

Ao longo da pesquisa para escrever Os Guinle, esbarrei com os escoteiros. Arnaldo Guinle e sua mãe, Guilhermina, foram dois grandes entusiastas do movimento. No início do século XX, o escotismo era visto como um caminho para se praticar atividades físicas e desenvolver o lado moral, intelectual e cívico dos jovens. A família Guinle acreditava no lema “escola de abnegação” e investiu pesado para que o Fluminense fosse um polo vigoroso de disseminação desse ideal.

O escotismo tinha tanto prestígio social que, em 1916, na então capital da República, o Rio de Janeiro, Azevedo Sodré, diretor da Instrução Pública, órgão gestor da educação pública, instituiu a prática nas escolas masculinas. As aulas eram ministradas por membros do Batalhão Naval, sempre às quintas-feiras, quando as aulas regulares eram suspensas. Apesar disso, resolvi não incluir as relações dos Guinle com o escotismo no livro.

Recentemente, esbarrei com grupos de escoteiros pelas ruas da cidade. Meu preconceito já não é o mesmo. Eles não usam mais o uniforme de inspiração militar e parecem mobilizados de forma menos rígida, ou seja, sem formação de pelotões, marchas e outras práticas típicas dos quartéis. O mais importante, no entanto, para a minha mudança de opinião foi saber que a história do escotismo brasileiro tem o dedo da família Guinle.

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Comentários

Uma resposta para “Sempre alerta

  1. Sou um dos fundadores de um Grupo Escoteiro em 1988, em São José dos Campos -SP. “Grupo de Escoteiros do Ar Falcões do Vale”. Foi uma fase muito boa de convivência com o meu filho Arthur, que foi um ótimo Escoteiro chegando a ser condecorado com o mais alto grau, que é o “Escoteiro Liz de Ouro”. Não tenho nenhuma dúvida que para meu filho, foi uma coeducação que com certeza agregou uma contribuição relevante em sua educação e mais tarde para a formação de sua Família.
    Para terminar, fiquei muito feliz, ao saber que minha netinha Maya, que completou 7 aninhos, filha do meu filho Arthur e da minha nora Graziela, ingressou à duas semanas como “Lobinha” no Grupo de Escoteiros Guaypacare da cidade de Lorena – SP.
    Desejo muito sucesso para a Maya em essa nova fase de sua vida.
    Bjos do vovô Dão.

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