testeAs primeiras fotos das filmagens de Pequenas grandes mentiras

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Foram divulgadas as primeiras imagens da adaptação de Pequenas grandes mentiras para a TV. Baseado no romance de Liane Moriarty, a atração está sendo produzida pela HBO e deve estrear no ano que vem.  Nicole Kidman, Reese Witherspoon e Shailene Woodley serão as protagonistas. Kidman dará vida a personagem Celeste, Shailene interpretará a jovem mãe Jane e o papel de Madeline ficou a cargo de Reese.

Alexander Skarsgård (True Blood), James Tupper (Revenge), Jeffrey Nordling (Desperate Housewives), P. J. Byrne (O lobo de Wall Street), Sarah Baker (Mike & Molly), Hong Chau (CSI) e Gia Carides (Casamento grego) também estão confirmados no elenco.

Pequenas grandes mentiras conta a história de três mulheres que aparentemente têm uma vida comum em uma pequena cidade da Austrália. Madeline é forte e passional. Celeste é dona de uma beleza estonteante e Jane é uma jovem mãe solteira. Os filhos dessas três mulheres estudam na mesma escola, onde acontece uma misteriosa tragédia.

testeSempre alerta

Minha geração cresceu escutando a conhecida frase do humorista Juca Chaves: “Escotismo é um bando de garotos vestidos de idiotas, comandados por um idiota vestido de garoto.” Não tenho dúvida de que passei minha vida olhando o movimento escoteiro com um olhar crítico. Penso que boa parte do meu preconceito era reforçada pelo uso do uniforme por seus integrantes e por seu comportamento militar. Em plena ditadura, nem todo mundo via o escotismo com bons olhos.

Ao longo da pesquisa para escrever Os Guinle, esbarrei com os escoteiros. Arnaldo Guinle e sua mãe, Guilhermina, foram dois grandes entusiastas do movimento. No início do século XX, o escotismo era visto como um caminho para se praticar atividades físicas e desenvolver o lado moral, intelectual e cívico dos jovens. A família Guinle acreditava no lema “escola de abnegação” e investiu pesado para que o Fluminense fosse um polo vigoroso de disseminação desse ideal.

O escotismo tinha tanto prestígio social que, em 1916, na então capital da República, o Rio de Janeiro, Azevedo Sodré, diretor da Instrução Pública, órgão gestor da educação pública, instituiu a prática nas escolas masculinas. As aulas eram ministradas por membros do Batalhão Naval, sempre às quintas-feiras, quando as aulas regulares eram suspensas. Apesar disso, resolvi não incluir as relações dos Guinle com o escotismo no livro.

Recentemente, esbarrei com grupos de escoteiros pelas ruas da cidade. Meu preconceito já não é o mesmo. Eles não usam mais o uniforme de inspiração militar e parecem mobilizados de forma menos rígida, ou seja, sem formação de pelotões, marchas e outras práticas típicas dos quartéis. O mais importante, no entanto, para a minha mudança de opinião foi saber que a história do escotismo brasileiro tem o dedo da família Guinle.

testeAssista ao trailer de Caçadores de Trolls, nova série da Netflix

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Fonte: Netflix

E se o navio que trouxe os primeiros colonizadores para a América tivesse transportado mais do que apenas humanos? Para Guillermo del Toro e Daniel Kraus, foi exatamente isso o que aconteceu.

untitledNo livro Caçadores de trolls, o cineasta, produtor e roteirista que assina sucessos como A Espinha do Diabo, O Labirinto do Fauno e Hellboy apresenta um mundo no qual criaturas bizarras — e famintas por carne humana — habitam cavernas subterrâneas, inclusive na pacata San Bernardino. Foi nessa cidade que, 40 anos atrás, dezenas de crianças desapareceram sem nenhuma explicação; entre elas, o tio do jovem Jim Sturges.

E agora San Bernardino será palco da jornada de Jim e seu melhor amigo, Bola que juntos defenderão dois mundos: o dos humanos e o dos trolls na adaptação para a Netflix do livro. A série de Caçadores de Trolls estreia em 23 de dezembro de 2016, e você pode assistir ao trailer abaixo:

 

 

Confira também a galeria com algumas das ilustrações do livro que inspirou a animação:

 

testeO mistério sobre a identidade de Elena Ferrante

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As obras devem falar por si só ou precisamos conhecer os autores para gostar de um título? Com um mistério em torno de sua verdadeira identidade, a escritora italiana (ou escritor, ou escritores) que utiliza o pseudônimo de Elena Ferrante se tornou um dos maiores fenômenos literários do momento.  Desde o início da carreira, nos anos 1990, já são mais de um milhão de exemplares vendidos no mundo todo e livros traduzidos em cerca de 30 países.

Para preservar seu anonimato, Elena Ferrante concedeu poucas entrevistas ao longo dos anos, sempre por e-mail, e nunca posou para fotos. Quando lançou seu primeiro livro, afirmou: “Já fiz o suficiente por essa história, eu a escrevi.” Desde então, as dúvidas sobre sua identidade já deram margem a vários questionamentos: Será que é um homem? Será que as histórias são autobiográficas? Com tanta especulação, o enigma sobre Ferrante levou o jornalista Claudio Gatti a investigar e publicar, no The New York Review of Books, um polêmico artigo em que afirma ter descoberto a verdadeira identidade de Ferrante.

A matéria, publicada há poucos dias, teve grande alcance e gerou controvérsia. O jornalista teria o direito de revelar a identidade de Ferrante? Veículos como The Guardian, The New York Times, Folha de S.Paulo e O Globo repercutiram a notícia que virou um dos assuntos mais comentados da semana. Autores como Jojo Moyes declararam que a atitude de Gatti foi invasiva.

Surprised at how angry I feel about @NYBooks‘ unmasking of Elena Ferrante. Esp its ‘justification’ that her success made it ‘inevitable’.
— Jojo Moyes (@jojomoyes) 2 de outubro de 2016

 

Em 2014, Elena Ferrante explicou por que escolheu o anonimato em entrevista ao The New York Times. “O que conta para mim é o direito de preservar o espaço criativo.” Em outra rara conversa, dessa vez com o jornal O Globo, ela afirmou que prefere se expressar apenas com a escrita, mantendo-se distante da mídia e dos holofotes criados em torno da figura do autor.

untitledEm suas obras, Ferrante explora dramas familiares e aborda temas como maternidade e casamento de uma forma sincera e sensível. Suas personagens italianas conquistaram anônimos e famosos do mundo todo, que vão de Hillary Clinton, candidata à presidência dos Estados Unidos, à atriz Gwyneth Paltrow e à escritora vencedora do Prêmio Nobel Alice Munro. A escolha de Ferrante reacendeu o debate sobre a necessidade de os leitores saberem quem são os autores para gostarem das obras — justamente num tempo em que artistas em geral se mostram e interagem cada vez mais com seu público a fim de expor suas obras, Ferrante conseguiu, apesar da sua invisibilidade (ou com a ajuda dela), levar sua arte tão longe a ponto de sua identidade real se tornar alvo de investigação e repercussão mundial.

Em outubro, a Intrínseca publica A filha perdida, romance inédito no Brasil, cuja personagem principal, Leda, é uma professora universitária de 40 e poucos anos que decide tirar férias no sul da Itália após as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai. A obra acompanha os sentimentos conflitantes dessa personagem que reflete sobre o papel de ser mãe, os desejos e as vontades das mulheres. Nesse mesmo mês, Uma noite na praia, livro de estreia de Ferrante na literatura infantil, também chega às livrarias brasileiras.

>>Leia um trecho de A filha perdida 
>> Leia também a sinopse de  Uma noite na praia

testeEventos de lançamento de Magnus Chase: o Martelo de Thor!

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Nos dias 15 e 16 de outubro, semideuses de todo o país se juntarão para o lançamento do novo livro de Rick Riordan: O martelo de Thor, segundo livro da trilogia Magnus Chase e os deuses de Asgard. Confira a lista das cidades com eventos abaixo!

 

Rio de Janeiro: 15/out – 10h

Livraria Cultura Cine Vitória

Rua Senador Dantas, 45 – Centro

[Confirme sua presença]

 

Curitiba: 15/out – 14h

Livraria Curitiba Shopping Curitiba

Rua Brigadeiro Franco, 2300 – Loja 126, Piso L1 – Batel

[Confirme sua presença]

 

São Paulo: 15/out – 15h

Livraria Cultura Shopping Market Place

Avenida Doutor Chucri Zaidan, 902 – Lojas 222, 223, 224A, 224B, 224, Piso 1 – Vila Cordeiro

[Confirme sua presença]

 

Vila Velha: 15/out – 15h

Livraria Saraiva Shopping Vila Velha

Rua Luciano das Neves, 2418 – Loja 2042, Piso L2 – Divino Espírito Santo

[Confirme sua presença]

 

Brasília: 15/out – 15h

Livraria Cultura CasaPark

SGCV-Sul, Lote 22 – Loja 4-A, Piso 2 – Zona Industrial (Guará)

[Confirme sua presença]

 

Fortaleza: 15/out – 16h

Livraria Saraiva Shopping Iguatemi

Avenida Washington Soares, 85 – Loja 68 – Edson Queiroz

[Confirme sua presença]

 

Recife: 16/out – 14h

Livraria Saraiva Shopping RioMar Recife

Avenida República do Líbano, 251 – Luc 227 – Pina

[Confirme sua presença]

 

Belo Horizonte: 16/out – 14h

Livraria Leitura Shopping Cidade

Rua dos Tupis, 337 – Loja GG01, Piso GG – Centro

[Confirme sua presença]

 

Goiânia: 16/out – 15h

Livraria Leitura Goiânia Shopping

Avenida T-10, 1300 – Loja 321A, Piso 3 – Setor Bueno

[Confirme sua presença]

 

Natal: 16/out – 15h

Livraria Saraiva Midway Mall

Avenida Bernardo Vieira, 3775 – Tirol

[Confirme sua presença]

 

Belém: 16/out – 15h

Livraria Leitura Shopping Pátio Belém

Travessa Padre Eutíquio, 1078 – Piso 3 – Batista Campos

[Confirme sua presença]

 

Manaus: 16/out – 15h

Livraria Saraiva Manauara Shopping

Av. Mário Ypiranga Monteiro, 1300 – Adrianópolis

[Confirme sua presença]

 

testeImaginando o pior: o futuro árido de Faca de água pode ser real

*Por Josué de Oliveira

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Qualquer ser humano pensa e especula sobre o futuro. Como você se imagina daqui a cinco anos? Onde gostaria de estar trabalhando? Esse futuro pessoal está sempre passeando em nossos pensamentos; fazemos planos, traçamos metas, tentamos nos preparar para os anos à frente.

Ao fazer isso, automaticamente damos algumas coisas como certas. Não imaginamos um cenário apocalíptico onde perdemos o acesso a necessidades básicas, como alimentação e moradia, ou um governo totalitário cerceando nossas liberdades de ação e pensamento. A maioria de nós, acredito, não conta com essas variáveis ao refletir sobre como as coisas serão no tempo que virá.

Mas não tem problema: a literatura faz isso por nós. Faca de água, ficção científica do norte-americano Paolo Bacigalupi, imagina um futuro nada promissor em que uma das coisas mais essenciais para nossa sobrevivência está em perigo: a água. Estados norte-americanos lutam entre si para canalizar as fontes ainda não esgotadas pela seca mais severa que a humanidade já presenciou; nas ruas poeirentas de cidades outrora limpas e desenvolvidas, a luta pela sobrevivência ceifa as vidas dos mais pobres, enquanto aqueles com dinheiro o suficiente se mantêm a salvo no inferno que o território americano se tornou.

facadeaguagrandeA história acompanha três personagens falhos e nada exemplares em suas tentativas de lutar contra essa terrível conjuntura.

A ficção científica de Bacigalupi passa longe das imagens mais comumente associadas ao gênero, como exploração espacial e alienígenas. O assunto de Faca de água é a Terra e sua (possível) degradação futura. Um pouco como em Neuromancer, romance de William Gibson considerado um dos nascedouros do subgênero cyberpunk, a humanidade não está mais com os olhos voltados para o céu conjecturando acerca da vida em outros planetas, mas atenta a qualquer movimento brusco à sua volta, pois o caos urbano ocasionado pelo pesadelo climático gera formas cada vez mais difundidas de violência.

Encontramos paralelos com a obra de Gibson também na maneira como outras organizações tão poderosas quanto os governos (e, por vezes, praticamente integradas a eles) decidem todos os dias o destino de milhares de pessoas, assim como nas descrições vertiginosas tanto das metrópoles sombrias — sobretudo Phoenix, onde grande parte da ação ocorre — como das grandiosas arcologias.

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As arcologias merecem um destaque à parte. Baseadas num conceito real, proposto pelo arquiteto ítalo-americano Paolo Soleri, estas construções titânicas são verdadeiras cidades autocontidas, lugares ecologicamente sustentáveis de grande densidade populacional onde os mais ricos encontram todo o conforto que o dinheiro pode comprar, protegidos da seca e das tempestades de areia que assolam a terra. Os olhos dos personagens voltam-se a todo momento para essas edificações colossais, construídas por impensáveis impressoras 3D, enormes e distantes dos que lutam para chegar vivos ao dia seguinte.

As arcologias são parte de um universo habilmente construído por Bacigalupi, que o apresenta de modo gradual e fluído ao leitor, sem tentar chamar atenção para os detalhes de sua criação de maneira gratuita. À medida que a trama avança, vemos que a energia solar faz carros e casas funcionarem; entendemos que a China tomou o lugar dos Estados Unidos como a grande potência mundial; acompanhamos o drama e as tensões dos refugiados texanos, espalhados por diversos cantos do país após o colapso do estado em que nasceram; presenciamos ataques militares contra estações de água que se recusam a ser vendidas às pessoas que controlam o curso das coisas. Esses e diversos outros elementos compõem o nebuloso e inconvenientemente verossímil futuro de Faca de água.

Bacigalupi nos apresenta um mundo corroído por uma catástrofe natural que ninguém esperava, e consegue ainda mostrar, através da interação entre seus personagens, a forma como as relações humanas são reconfiguradas num ambiente tão hostil. No dia a dia de uma terra devastada, o terrível e o desumano não estão longe nem mesmo dos mais virtuosos. Teria a humanidade secado como os reservatórios? O que aconteceria se um cenário como esse realmente se concretizasse?

E se…? é, por definição, a pergunta da ficção científica. E Bacigalupi tenta fazê-la atento às pistas (climáticas, culturais, tecnológicas) que o presente nos dá. Faca de água é um lembrete de que nossas vidas dependem de coisas que podemos perder. Como você se imagina se a água do mundo acabar?

>> Leia um trecho

*Josué de Oliveira é assistente de edições digitais na Intrínseca. Lê e escreve histórias policiais. Vive papagaiando sobre o assunto, às vezes é até meio chato. Colabora com o Literatura Policial, site totalmente dedicado ao gênero, e com o Colofão, onde fala sobre livros digitais.

testeUma marionete nas linhas habilidosas de Delphine de Vigan e Gillian Flynn

Por Liciane Corrêa*

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Uma é L., apenas L. A outra só conhecemos pelo apelido: Nerd. L. é ghost-writer de biografias; Nerd é uma devoradora de livros, com uma queda especial por histórias de fantasmas. Ambas são mulheres fortes, com bastante sensibilidade para ler pessoas.

Se as duas fossem vizinhas, provavelmente se tornariam amigas. Talvez passassem noites em claro discutindo literatura, L. defendendo que só a não ficção importa, porque as pessoas estão cansadas de histórias sem autenticidade, produzidas por farsantes. Mas L. e Nerd nunca se conheceram, pois não fazem parte do mesmo universo. Nós, leitores, podemos conhecer as duas através das obras de Delphine de Vigan e de Gillian Flynn.

untitledQuem nos apresenta a L. é Delphine, narradora de Baseado em fatos reais. Elas são como aquelas amigas que a gente costuma ter na adolescência: vão juntas ao cinema, ao mercado, à padaria, trocam mensagens a toda hora. L. encontra sempre as palavras certas para consolar e acalmar Delphine. O mesmo tipo de palavras certas que Nerd, protagonista com que Gillian nos presenteia no conto O adulto, tem para as mulheres que vão até ela pedindo uma luz porque estão com a vida desmoronando — a diferença é que Nerd é paga para isso.

Com frequência Nerd tem que ler nas entrelinhas dos relatos das clientes e preencher as lacunas para lhes contar o que está escrito nas estrelas. Já o papel de L. na vida de Delphine é preencher os espaços vazios deixados pela ausência de inspiração criativa. Acho que qualquer leitor gostaria de ter uma amiga dedicada como L. se, de cara, Delphine já não deixasse tão claro que a outra é a responsável por seu fracasso.

Mas comecemos do início: Delphine havia lançado um livro em que abordava a relação com a mãe bipolar e suicida — uma história que lhe deixou cicatrizes, assim como se espera de qualquer história que envolva mães problemáticas, quer ela vire livro ou não. Depois de uma obra tão pessoal, sobre o que Delphine poderia escrever? É nesse período da vida, quando está refletindo sobre seu próximo livro, que ela conhece L.

Logo as duas descobrem muitas afinidades e a irresistível e espirituosa L. com sua beleza e confiança, tem todos os predicados para ser uma pessoa inspiradora. Mas não adianta: Delphine não consegue mais escrever. A princípio, o bloqueio criativo parece fruto do sentimento de culpa que Delphine já experimentou antes, ao se afastar de um livro publicado e partir para uma nova história. Mas a situação piora e, em certo ponto, ela começa a sentir dor só de pensar em se sentar ao computador. Sorte dela que L. está sempre a seu lado, sempre vem ao seu socorro. Delphine torna-se, então, refém de alguém tão próximo, tão familiar, tão íntimo.

adultograndeSe por L. a gente já é induzido a sentir antipatia desde o primeiro capítulo, sem nem mesmo saber o que exatamente ela fez para merecer isso, Nerd conquista nossa empatia logo no início. Sabe aquela pessoa por quem a gente torce mesmo sabendo que é vilã, tipo Carrie White em Carrie, a estranha? Esta é Nerd: ganha a vida ludibriando pessoas, mas ainda assim é difícil resistir a ela. Afinal, seu destino foi moldado pela infância de mentiras criada pela mãe.

Ela aprendeu a ler e conhecer as pessoas como a palma da própria mão e usa isso para tirar proveito de quem está fragilizado. Mas um dia, quando a dona de uma casa mal-assombrada chega para uma consulta, o feitiço se vira contra Nerd e ela se vê envolvida em uma trama de tirar o fôlego. Enquanto L. e Delphine compartilham afinidades que acabam por sufocar a relação, Nerd encontra sua redenção na mais improvável das pessoas.

Mergulhar nas obras de Delphine e de Gillian é como estar em um mar tranquilo e de repente se ver sendo tragado pela correnteza para depois ser jogado de volta, atordoado, na areia. Em entrevista, Gillian Flynn já afirmou que gosta de personagens complexos, e de fato ela sempre nos brinda com personalidades que nunca deixam o leitor entediado.

>> Leia também: As mulheres de Gillian Flynn

A narrativa extremamente convincente das duas autoras nos faz acreditar em qualquer coisa. E depois desacreditar. E, em seguida, acreditar de novo. E Delphine vai além: interessada na fronteira entre a razão e a loucura, ela extrapola os jogos narrativos comuns a thrillers psicológicos quando brinca não apenas com os personagens, mas também com o leitor. A autora compartilha com a protagonista o nome, os filhos, o marido, o suicídio da mãe. A todo tempo nos perguntamos o que mais a autora Delphine de Vigan emprestou à personagem Delphine. Mas nem tudo é o que parece, e os fatos reais do título talvez sejam tão reais quanto as visões que Nerd tem sobre o futuro de suas clientes.

Durante a leitura dos dois livros, eu me senti manipulada como uma marionete nas linhas habilidosas de Delphine e Gillian. Não são apenas as personagens Delphine e Nerd que perdem o controle da própria vida à medida que as páginas avançam: nós, leitores, também somos seduzidos a acompanhar a tensão de cada cena com a mesma intensidade que Delphine precisa de L. em sua vida.

>> Leia também: Eva Green está no elenco da adaptação de Baseado em fatos reais, novo filme de Roman Polanski

 

Liciane Corrêa, ao contrário de L., prefere livros de ficção — e, assim como Delphine e Nerd, gosta de Stephen King (de quem já foi editora e cujos livros agora tem o prazer de traduzir) e histórias de fantasma. Também compartilha com Delphine os péssimos hábitos de coçar os olhos quando está de rímel e tropeçar em todos os móveis da casa.

testeLiteratura sem vaidade

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(Fonte: Slate.com)

Nesta semana, a notícia que mais repercutiu no meio cultural foi a revelação do rosto por trás da escritora italiana Elena Ferrante, um dos mais famosos pseudônimos da literatura atual. Ao que tudo indica, Elena Ferrante seria, na verdade, Anita Raja, 63 anos, tradutora responsável pela publicação, entre outros, de autores como Franz Kafka em italiano.

O jornalista italiano Claudio Gatti foi fundo para tentar revelar quem é Elena Ferrante. Ele cruzou os dados de vendas dos livros da autora com o aumento nos repasses feitos pela editora a Anita. Descobriu que, dado o sucesso global de todos os livros de Elena, os depósitos bancários cresciam na mesma proporção dos ganhos da editora.

Seja ou não Anita a verdadeira Elena, tudo o que tenho a dizer é: não importa. O que me é claro é que a pessoa por trás desses livros optou por um caminho raro no mundo das artes, onde todo mundo parece estar em busca de reconhecimento. Elena Ferrante, com todo o sucesso que atingiu, abriu mão da fogueira das vaidades.

Ao concentrar-se na mais importante fase da literatura — a criação em si —, deixando a promoção e o lançamento por conta de seus editores, Elena conseguiu formar uma legião de fãs e também conceber suas histórias em uma velocidade muito maior. Ampliou sua base de leitores da melhor forma possível: encantando-os.

Neste momento, dois livros de Elena Ferrante fazem parte da minha lista de leituras: A amiga genial, primeiro capítulo de uma tetralogia, e Dias de abandono. Em ambos, encontrei personagens femininas fortes, uma prosa direta e um estilo discreto que, sem firulas, joga o leitor em histórias absorventes e bem observadas.

A Intrínseca está publicando um título novo de Elena — A filha perdida — que, certamente, entrará na minha lista de futuras leituras. A fluidez da narrativa de Elena certamente deverá ser, a partir de agora, uma fonte de inspiração para meus próximos livros.

testeLançamentos de outubro

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Confira as sinopses e trechos dos livros que publicaremos neste mês:

O martelo de Thor, de Rick Riordan: No segundo livro da série Magnus Chase e os deuses de Asgard, o filho do deus Frey descobrirá que casamentos arranjados ainda não saíram de moda: para recuperar o martelo de Thor, que está nas mãos dos inimigos, Loki, o deus da trapaça, propõe uma aliança entre semideuses e gigantes. [Leia +] [Leia um trecho]

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Deuses americanos, de Neil Gaiman: Deuses americanos é, acima de tudo, um livro estranho. E foi essa estranheza que tornou o romance, publicado pela primeira vez em 2001, um clássico imediato. Nesta nova edição, preferida do autor, o leitor encontrará capítulos revistos e ampliados, artigos, uma entrevista com Gaiman e um inspirado texto de introdução. [Leia +] [Leia um trecho]

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A filha perdida, de Elena Ferrante: Lançado originalmente em 2006 e ainda inédito no Brasil, o romance da autora que se consagrou por sua série napolitana acompanha os sentimentos conflitantes de Leda, uma professora universitária de meia-idade que, aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, decide passar férias no litoral sul da Itália. [Leia +] [Leia um trecho]

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Uma noite na praia, de Elena Ferrante: Após ganhar um gatinho de presente do pai, a pequena Mati fica tão fascinada que acaba esquecendo na praia a sua melhor amiga: a boneca Celina. Deixada para trás na areia deserta e sem saber como voltar para casa, Celina vai enfrentar uma noite interminável, cheia de sustos e surpresas, além da companhia indesejada de um salva-vidas cruel e seu terrível ancinho. [Leia +]

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A garota com a tribal nas costas, de Amy Schumer: A atriz, roteirista, comediante vencedora do Emmy e estrela de um filme indicado ao Globo de Ouro Amy Schumer expõe seu passado em histórias sobre a adolescência, a família, relacionamentos e sexo, e divide as experiências que a tornaram quem ela é – uma mulher com a coragem de desnudar a própria alma e se colocar diante do que acredita, tudo isso enquanto faz as pessoas rirem. [Leia +] [Leia também: O que você precisa saber sobre Amy Schumer]

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O hotel na Place Vendôme, de Tilar J. Mazzeo: Em O hotel na Place Vendôme, Tilar Mazzeo investiga a história do Hôtel Ritz, marco cultural desde a sua inauguração na Paris de fin de siècle até a era moderna. Além disso, faz uma crônica extraordinária da vida no Ritz durante a Segunda Guerra Mundial, quando o hotel serviu ao mesmo tempo de quartel-general dos mais graduados oficiais alemães e de lar dos milionários que permaneceram na cidade. [Leia +]

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Como matar a borboleta-azul: Uma crônica da era Dilma, de Monica Baumgarten de Bolle: Conta-se que, na década de 1970, atormentados por uma superpopulação de coelhos, os ingleses adotaram uma política tão bem-intencionada quanto equivocada, que culminou com a extinção da borboleta-azul no sul do país. O triste fim da bela borboleta é a metáfora escolhida pela economista Monica Baumgarten de Bolle para descrever a desconstrução do Brasil durante os anos de Dilma Rousseff (2011-2016) à frente da nação. [Leia +] [Leia também: Por que Borboleta-azul?]

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O guia essencial do vinho: Wine Folly, de Madeline Puckette e Justin Hammack: Com explicações claras e acessíveis, O guia essencial do vinho: Wine Folly reúne informações imprescindíveis sobre as uvas mais cultivadas do planeta, apresenta as características de cada uma – afinal, qual é a diferença entre Cabernet Sauvignon e Pinot Noir? –, ensina sobre harmonização com alimentos e até mesmo a degustar e a servir a bebida. Tudo isso com um projeto gráfico inteligente e intuitivo que é um verdadeiro convite a uma taça. [Leia +]

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Tony e Susan, de Austin Wright: Há vinte e cinco anos, Susan Morrow deixou Edward Sheffield, seu primeiro marido. Certo dia, ela recebe um embrulho que contém o manuscrito do primeiro romance de Edward, que pede que ela o leia. Susan se vê às voltas com seu passado, obrigada a encarar a própria escuridão e a dar um nome para o medo que corrói seu futuro e que vai mudar sua vida. O livro será adaptado para os cinemas em Animais Noturnos. [Leia +][Leia um trecho]

Sully – o herói do rio Hudson, de Chesley B. “Sully” Sullenberger com Jeffrey Zaslow: Em 15 de janeiro de 2009, o comandante Sullenberger habilidosamente deslizou um Airbus sobre o rio Hudson, em Manhattan, após perder os dois motores da aeronave, salvando todas as 155 vidas a bordo. O incidente inspirou o comandante a contar a própria história: uma trajetória de dedicação, esperança e prontidão, que revela as importantes lições aprendidas por ele na infância, durante o serviço militar e depois, trabalhando como piloto da aviação civil.

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testeO que você tem em comum com Steve Jobs

*Por Glauco Madeira

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Steve Jobs, Elon Musk, Sir Ken Robinson, você. Sim, você faz parte desse grupo. Mas o que todas essas personalidades e você, em muitos aspectos tão diferentes entre si, possuem em comum?

Vou explicar.

Steve Jobs, o já falecido ex-CEO da Apple, era um gênio dos palcos. Os famosos lançamentos de produtos da gigante de tecnologia eram sempre eventos superconcorridos. Jobs fazia com que todos na empresa mantivessem um segredo quase doentio até o dia do lançamento.

Nas apresentações, ele utilizava alguns artifícios que sempre se repetiam: além de ser conhecido por ensaiar exaustivamente até que todo o conteúdo fosse perfeitamente gravado, Jobs geralmente exibia apenas uma mensagem poderosa por slide, de modo que essas informações não se dispersassem na memória do público. Além disso, ele elogiava a própria apresentação em momentos estratégicos, orientando os sentimentos da plateia, fazendo com que ela sentisse o que ele gostaria. Fantástico. Uma de suas apresentações mais icônicas é o lançamento do iPhone, em 2007.  Veja como ele guia o público desde a primeira fala:

Elon Musk, o bilionário fundador de empresas como PayPal, Tesla, Solar City e SpaceX, muitas vezes citado como o “novo Steve Jobs”, passa longe de ter a mesma competência e desenvoltura do Jobs original quando sobe ao palco. Muito pelo contrário. Musk aparenta sempre estar nervoso, com as mãos trêmulas, a voz embargada, quase gaguejando — tudo fruto de um passado como alguém tímido e retraído, como mostra sua biografia Elon Musk: Como o CEO bilionário da SpaceX e da Tesla está moldando nosso futuro.

Porém, Musk utiliza outra técnica que faz com que se destaque dos demais e com que o público espere ávido por seus pronunciamentos: apresentar uma ideia de futuro. Suas empresas são conhecidas por revolucionar os seus setores de atuação: pagamentos on-line, carros e baterias elétricas, energia solar e exploração espacial. Musk é capaz de entrar em uma espécie de campo de distorção da realidade, imaginando coisas que ninguém mais imaginaria daquela maneira. Com efeito, consegue convencer os melhores profissionais e diversos investidores a apostar em suas ideias. Perceba, em sua participação no TED, como ele está longe de ser um showman como Jobs, mas sua didática faz com que ideias tão distantes se tornem algo simples, ao alcance de todos:

Ken Robinson, britânico, é escritor, palestrante e consultor internacional em educação. Em 2003, foi nomeado cavaleiro (Sir), pela Coroa britânica, por seus serviços à educação. Sir Ken Robinson também é conhecido por ter a palestra do TED mais vista de todos os tempos: mais de 40 milhões de visualizações. Com um mix de humor e didática, ele apresenta uma estrutura muito simples em suas apresentações:

  1. Introdução — apresentação, o que será exposto
  2. Contexto — por que a questão é relevante
  3. Conceitos principais
  4. Implicações práticas
  5. Conclusão

Claro que Sir Ken vai muito além de uma fórmula estrutural, mas ele sugere que todo mundo adote essa estrutura. Veja a mágica acontecer em seu vídeo do TED:

Por fim, você. Sim, você faz parte desse grupo. Tímido ou extrovertido. Empreendedor de sucesso ou estudante. Bilionário ou correndo atrás do salário do fim do mês. Você possui algo em comum com Steve Jobs, Elon Musk e Sir Ken Robinson.

Você é um vendedor de ideias. O tempo todo.

untitledNo trabalho, nas amizades, nos relacionamentos, com a família. Estamos todos vendendo ideias. Lembra aquele aumento de mesada que você queria dos seus pais? Você teve que lutar por ele. Ou a sugestão que você deu ao seu chefe e a coisa bombou na empresa. Aquela apresentação para o cliente que lhe tirou do sério. Ou mesmo o pedido de casamento que você fez ao amor da sua vida. Em cada um desses e outros tantos momentos, você estava apresentando ideias, mesmo que não soubesse na hora.

E não importa se você não é um rockstar ou um grande piadista quando vai falar em público. Você também pode virar um apresentador eficaz como Jobs, Musk e Robinson.

Com essas e outras preciosas dicas que vão desde a preparação, passando pela construção da ideia e de slides, até a atuação no palco, Chris Anderson, presidente e curador-chefe do TED, explica em TED Talks: O guia oficial do TED para falar em público como alcançar o feito de produzir uma fala marcante. Sem fórmulas, já que nenhum discurso deve ser igual ao outro, mas com ferramentas importantes que podem melhorar o desempenho de qualquer orador (ou vendedor de ideias).

Boa leitura!

> Leia também: Cinco palestras do TED a que todo mundo deveria assistir
                                Quatro dicas do TED para não cair em armadilhas ao falar em público
                                TED Talks e as boas ideias disseminadas pelo mundo

 

Glauco Madeira é publicitário formado pela ESPM e está cursando MBA em Design Estratégico. Trabalhou em uma startup, onde tomou gosto pelo desenvolvimento de negócios inovadores, e em uma agência de publicidade como estrategista de marcas. Foi gestor da Alumni ESPM Rio. É fundador da consultoria Adapter e planejador estratégico na Artplan.