Clóvis Bulcão

Os ecos de 1932

17 / outubro / 2016

Por indicação do meu colega professor de história Rodrigo Gutemberg Rig, ganhei a Medalha Governador Pedro de Toledo. A honraria foi concedida pelo Núcleo MMDC Norte General Euclydes Figueiredo, em belo evento realizado no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo. A entidade, na verdade uma ONG, visa preservar a memória da Revolução Constitucionalista de 1932.

Curioso é que os eventos que marcaram aquele ano lembram muito os dias de hoje. À época, para uma boa parcela da sociedade o presidente Getúlio Vargas era um golpista. Ele chegara ao poder por meio do uso da força no que ficou conhecido como Revolução de 1930. Já seus oponentes, principalmente em São Paulo, se diziam representantes legítimos da democracia.

Do ponto de vista econômico também há pontos em comum. A crise econômica de 1930, causada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova York, trouxe graves consequências para o Brasil. Mas, diferentemente da crise atual, sua recuperação foi rápida. Tanto que em 1931 a família Guinle entrou com um pedido junto ao novo governo para expandir o porto de Santos (como o porto era uma concessão, dependia de autorização federal).

Em 1932, quando a Revolução estourou, o porto de Santos estava em reforma. A instalação foi alvo de revoltosos, que queriam a sua paralisação, contra as ordens de Getulio. Guilherme Guinle, gestor da Cia. Docas de Santos, precisou se equilibrar entre as duas forças antagônicas. No livro que escrevi, Os Guinle, narro em detalhes os violentos combates pelo domínio do porto, um dos capítulos mais duros e desconhecidos da Revolução Constitucionalista.

Conhecer esse período da história do Brasil é cada vez mais importante. Desde a nossa Independência, em 1822, a crise de 1930 havia sido a mais severa. Acabou com um governo eleito e destruiu os setores mais vigorosos de nossa economia. Só foi suplantada pela atual, pois nunca antes em nossa história o Brasil sofreu três anos seguidos de retração.

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