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O mistério sobre a identidade de Elena Ferrante

7 / outubro / 2016

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As obras devem falar por si só ou precisamos conhecer os autores para gostar de um título? Com um mistério em torno de sua verdadeira identidade, a escritora italiana (ou escritor, ou escritores) que utiliza o pseudônimo de Elena Ferrante se tornou um dos maiores fenômenos literários do momento.  Desde o início da carreira, nos anos 1990, já são mais de um milhão de exemplares vendidos no mundo todo e livros traduzidos em cerca de 30 países.

Para preservar seu anonimato, Elena Ferrante concedeu poucas entrevistas ao longo dos anos, sempre por e-mail, e nunca posou para fotos. Quando lançou seu primeiro livro, afirmou: “Já fiz o suficiente por essa história, eu a escrevi.” Desde então, as dúvidas sobre sua identidade já deram margem a vários questionamentos: Será que é um homem? Será que as histórias são autobiográficas? Com tanta especulação, o enigma sobre Ferrante levou o jornalista Claudio Gatti a investigar e publicar, no The New York Review of Books, um polêmico artigo em que afirma ter descoberto a verdadeira identidade de Ferrante.

A matéria, publicada há poucos dias, teve grande alcance e gerou controvérsia. O jornalista teria o direito de revelar a identidade de Ferrante? Veículos como The Guardian, The New York Times, Folha de S.Paulo e O Globo repercutiram a notícia que virou um dos assuntos mais comentados da semana. Autores como Jojo Moyes declararam que a atitude de Gatti foi invasiva.

Surprised at how angry I feel about @NYBooks‘ unmasking of Elena Ferrante. Esp its ‘justification’ that her success made it ‘inevitable’.
— Jojo Moyes (@jojomoyes) 2 de outubro de 2016

 

Em 2014, Elena Ferrante explicou por que escolheu o anonimato em entrevista ao The New York Times. “O que conta para mim é o direito de preservar o espaço criativo.” Em outra rara conversa, dessa vez com o jornal O Globo, ela afirmou que prefere se expressar apenas com a escrita, mantendo-se distante da mídia e dos holofotes criados em torno da figura do autor.

untitledEm suas obras, Ferrante explora dramas familiares e aborda temas como maternidade e casamento de uma forma sincera e sensível. Suas personagens italianas conquistaram anônimos e famosos do mundo todo, que vão de Hillary Clinton, candidata à presidência dos Estados Unidos, à atriz Gwyneth Paltrow e à escritora vencedora do Prêmio Nobel Alice Munro. A escolha de Ferrante reacendeu o debate sobre a necessidade de os leitores saberem quem são os autores para gostarem das obras — justamente num tempo em que artistas em geral se mostram e interagem cada vez mais com seu público a fim de expor suas obras, Ferrante conseguiu, apesar da sua invisibilidade (ou com a ajuda dela), levar sua arte tão longe a ponto de sua identidade real se tornar alvo de investigação e repercussão mundial.

Em outubro, a Intrínseca publica A filha perdida, romance inédito no Brasil, cuja personagem principal, Leda, é uma professora universitária de 40 e poucos anos que decide tirar férias no sul da Itália após as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai. A obra acompanha os sentimentos conflitantes dessa personagem que reflete sobre o papel de ser mãe, os desejos e as vontades das mulheres. Nesse mesmo mês, Uma noite na praia, livro de estreia de Ferrante na literatura infantil, também chega às livrarias brasileiras.

>>Leia um trecho de A filha perdida 
>> Leia também a sinopse de  Uma noite na praia

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