Clóvis Bulcão

Colunas cruzadas

31 / outubro / 2016

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Casar no Copacabana Palace ainda é o sonho de muitas pessoas. (fonte)

Em uma de minhas colunas escrevi que casar e/ou passar a lua de mel no Copacabana Palace ainda é um sonho de consumo de muitas brasileiras. Também contei que quando fui ao programa televisivo do Jô Soares ele perguntou: “A família Guinle seria alvo da Operação Lava-Jato?” A resposta foi curta e grossa: “Não.” Esta semana os dois temas se cruzaram.

Com a prisão do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, no último dia 19, a imprensa noticiou que o casamento de sua filha, Danielle Dytz da Cunha, realizado em 2011 no Copa, foi pago com propina. Segundo a revista Época, a Justiça federal pediu que o hotel discriminasse os gastos com “aluguel/locação de salões, hospedagem, fornecimento de alimentos/bebidas, segurança, fotografia, cerimonial, equipamento de som, conjunto musical, serviços de decoração”. Tudo teria custado R$ 266.205,90, pagos entre abril e junho daquele ano. Honestamente, nem achei muito caro.

Para os padrões do ex-deputado, então, foi baratíssimo, pois ele não desembolsou um único centavo. Segundo as investigações da Lava-Jato, apesar de a fatura ter sido emitida em nome da empresa C3 Produções, de propriedade de Cláudia Cruz, mulher de Cunha, ela foi paga em dinheiro por terceiros.

Eu fico imaginando como os deputados do baixo clero da política nacional devem ter disputado, ou festejado, a honra de participar desse rega-bofe. Só consigo conceber uma festa de gosto duvidoso e repleta de parlamentares de honra questionável que não devem ter perdido a chance de adular o digníssimo Eduardo Cunha.

Os salões do Copacabana Palace, tornados icônicos por receberem a elite política e artística internacional, hoje parece que atraem principalmente arrivistas que acreditam ser possível se apropriar do prestígio e do glamour dos que realmente fizeram a glória do hotel.

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