Clóvis Bulcão

Um século de conquistas

5 / setembro / 2016

maracana_finalcopadasconfederacoes_reuEstádio Maracanã  (Foto: Agência Reuters)

Foi com muita alegria que li a notícia de que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) decidiu que a Copa América de 2019 será disputada no Brasil. Além de ocupar os estádios construídos para a última Copa do Mundo, verdadeiros elefantes brancos, o evento trará novo fluxo de turistas ao país. Sem contar que será uma boa oportunidade para se celebrar o centenário da primeira grande conquista internacional do futebol brasileiro, o Sul-Americano de 1919.

Será ainda uma excelente ocasião para o Brasil — em especial, o Rio de Janeiro — reverenciar a memória de um dos maiores desportistas de nossa história: Arnaldo Guinle. Patrono e figura de proa do Fluminense F.C., Arnaldo foi também mecenas do Sul-Americano de 1919. Seus esforços pelo desenvolvimento de atividades esportivas diversas no país até hoje não foram devidamente reconhecidos.

Arnaldo foi o primeiro dirigente brasileiro do Country Club do Rio de Janeiro, agremiação da elite carioca. Fundado em agosto de 1915, na praia de Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, o clube era frequentado basicamente por estrangeiros. No dia de sua inauguração, segundo o jornal A Notícia, o Country estava perfeitamente equipado para a prática dos seguintes esportes: football, lawn-tennis, baseball e cricket. Graças ao dedo de Arnaldo, outra modalidade entrou no cardápio da festa inaugural: uma apresentação de jiu-jítsu, feita pelo professor Mário Aleixo e seu discípulo Ernesto Goeth.

Cinco anos depois, em 1920, lá estava Arnaldo fundando o Iate Clube do Rio de Janeiro. Nunca é demais lembrar que, além da parte náutica, na proposta original de fundação do clube dava-se um papel relevante à aviação (até 1939 funcionou uma pista de pouso no local) e ao tiro, com a criação de um estande.

Portanto, qualquer semelhança com o atual panorama das práticas esportivas mais expressivas no Brasil de hoje não é mera coincidência. Arnaldo Guinle e seus irmãos ficaram de fora do livro oficial comemorativo dos 450 anos de fundação do Rio de Janeiro. Em 2019, a prefeitura terá a chance de fazer justiça e festejar a memória desses cariocas que tanto ajudaram a construir a maravilhosa fama da cidade.

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