Entrevistas

Um papo sobre amor, Simon e OREO

26 / agosto / 2016

foto_simon(Foto: blog Mais que Livros)

“Sempre fui romântica, mesmo quando não queria”, confessa Becky Albertalli. Em entrevista concedida aos blogs parceiros da Intrínseca, a psicóloga e escritora norte-americana fala sobre a história de amor que conduz seu celebrado romance Simon vs. a agenda Homo Sapiens, compartilha suas receitas preferidas à base de biscoito OREO e revela seus novos projetos (SIM, tem livro novo vindo aí!).

Na próxima semana, Becky desembarca pela primeira vez no Brasil para participar da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. A autora irá discutir sobre “A diversidade na literatura para jovens adultos” na Arena Cultural, no sábado, 3/09, às 19h. No dia seguinte ela estará no estande da Intrínseca, ao meio-dia, para sessão de autógrafos. Confira a entrevista:

 

Ana Clara Magalhães (blog Conjunto da Obra): Há tempos eu não lia um livro sobre homossexualidade que soasse tão divertido e natural quanto Simon vs. a agenda Homo Sapiens. Você tirou a ideia da postagem anônima no Tumblr de algum lugar ou apenas quis mostrar quanto esse tipo de exposição pode mudar a vida de uma pessoa?

Becky Albertalli: Muito obrigada! Na verdade, é um pouco difícil para mim lembrar de onde veio a ideia para certos elementos da trama, mas o Tumblr Creeksecrets [fonte de segredos e fofocas da Creekwood High School] provavelmente foi inspirado no blog que reunia as confissões anônimas dos alunos do meu colégio alguns anos atrás. Até onde sei, não houve nenhum caso como o de Simon (felizmente)! Mas minha intenção não era fazer algum tipo de manifesto sobre exposição pública, embora eu acredite que expor uma pessoa sem permissão é, sem sombra de dúvidas, errado.

 

Patricia Argachof (blog Borogodó Literário): Imagino que, como Simon, você também seja uma adoradora de OREO, rs. Qual sua receita predileta utilizando esse ingrediente dos deuses?

Becky: Eu sou louca por OREO e tenho várias receitas preferidas com ele. Algumas são muito fáceis! Uma das mais simples é a manteiga de OREO. Tudo o que você precisa fazer é moer os biscoitos em um processador e misturar óleo até chegar à consistência de sua preferência. É uma cobertura incrível para sorvete. Eu também amo trufas de OREO, que nada mais são que OREO misturado com cream cheese, enrolados em bolinhas, e mergulhados em chocolate. E meu tio Larry faz uma deliciosa torta de OREO. A borda é feita com biscoitos moídos com manteiga, e o recheio é sorvete!

BECKYBecky Albertalli

Diego José da Silva (blog The Paper Towns): Simon vs. a agenda Homo Sapiens é um livro incrível e maravilhoso. De onde surgiu a ideia de escrever um livro com personagens gays? Quais são os planos para o futuro? Quero mais Simon em minha vida.

Becky: De várias formas, a ideia surgiu com o próprio Simon! Assim que comecei a imaginá-lo, soube que ele era gay. Dito isto, quando atuava como psicóloga clínica, trabalhei por anos com crianças, adolescentes e adultos LGBTQ. Tive muito cuidado para não basear meu livro em nenhum dos meus pacientes nem em suas histórias, mas, em um sentido bem geral, fui inspirada por essas crianças.

Quanto a projetos futuros, meu segundo romance YA, The Upside of Unrequited, será publicado nos Estados Unidos em 1º de abril de 2017, e os direitos de publicação no Brasil já foram comprados pela Intrínseca. Upside é quase um spin-off de Simon, ambientado em uma cidade diferente, e mostra a família e os amigos que Abby deixou para trás quando mudou de escola. Podem se preparar para ver outra vez vários rostos familiares.

Agora estou trabalhando em meu terceiro livro, que será um spin-off de Simon vs. a agenda Homo Sapiens sob a perspectiva da Leah. A história se passa durante o terceiro ano na Creekwood High School.

 

Ana Mutti (blog Vivendo entre Palavras): Quando eu li o seu livro, me questionei muito sobre o amor. Às vezes eu pensava “cara, amar pode ser fácil”, mas ao mesmo tempo havia as complicações de um relacionamento construído pela internet. Então, quero saber de você Becky: você acredita no amor? Ele pode mesmo ser tão encantador quanto o que vemos em Simon vs. a agenda Homo Sapiens?

Becky: Essa é uma pergunta muito importante! A resposta curta é que sim, acredito plenamente no amor. Sempre fui romântica, mesmo quando não queria. Não acho que o amor seja algo fácil, mas é difícil como todas as coisas boas são. Acho que a internet tem o potencial de moldar essa dinâmica de maneira interessante, ainda mais para jovens LGBTQIAP+. Existe certo tipo de liberdade em conversar com alguém que não está ligado a você na “vida real”. E também acho que a relação entre Simon e Blue floresce por causa dessa dinâmica.

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Juliana d’Arêde (blog Vai Lendo): Você criou uma história extremamente delicada e sensível, com uma narrativa bem verdadeira e natural. Quais foram suas principais preocupações e os desafios ao escrever esse livro?

Becky: Muito obrigada! Foi uma grande alegria escrever Simon vs. a agenda Homo Sapiens, mas é claro que enfrentei alguns solavancos e contusões ao longo do caminho. Um dos maiores desafios foi encontrar o equlíbrio para que a identidade do Blue fizesse sentido, mas não fosse óbvia (ao menos não óbvia para Simon). Os primeiros leitores me ajudaram nisso: eliminei pistas, plantei algumas pistas falsas, incluí cenas novas e tirei outras. Até hoje os leitores se envolvem de formas completamente diferentes com os mistérios de Blue. Outro desafio foi escrever uma história de amor sob a perspectiva de um garoto. Descobri que eu não tinha dificuldade em me conectar com a voz de Simon em seu monólogo interior, mas em alguns momentos precisei fazer perguntas embaraçosas ao meu marido para entender melhor como é viver no corpo de um garoto.

 

Isabella Florenzano Rosa (blog Entre Parágrafos): Aposto que você já ouviu que seu livro ajudou algumas pessoas a se aceitarem mais e enxergarem como é normal ter outra orientação sexual que não seja a hetero. Como você se sente ao ouvir isso?

Becky: Ouço relatos assim dos meus leitores — e isso me deixa sem fôlego. Nunca vou conseguir expresser o quanto isso significa para mim. Muitas vezes, leitores adolescentes me dizem que se inspiraram em Simon para sair do armário, e alguns dividem essa experiência comigo. Me sinto muito honrada por Simon ter feito parte desse processo para tantas pessoas e grata por tantos leitores terem a generosidade de compartilhar esses momentos comigo.

 

>> Leia um trecho de Simon vs. a agenda Homo Sapiens

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