Clóvis Bulcão

Novas ideias, antigos ideais

11 / julho / 2016

Sede do Banco Boavista (Fonte)

Sede do Banco Boavista (Fonte)

Andei conversando com ex-funcionários do extinto banco Boavista. Tenho uma ligação afetiva com a casa, pois foi na agência da rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, que abri minha primeira conta-corrente. Ao contrário dos estabelecimentos bancários de hoje, o Boavista dos anos 1970 tinha um clima familiar, todo mundo se conhecia pelo nome.

Em uma página do Facebook, ex-funcionários despejam saudosos elogios ao banco: “Não era trabalho, era uma casa de amigos e irmãos”; “Tempo bom demais!”; “Uma grande experiência.” Por meio dos relatos percebe-se que a empresa estimulava o crescimento profissional. Datilógrafas viraram gerentes de conta, telefonistas ascenderam ao Departamento de Cobranças, boys foram parar no setor de Valores. Segundo uma ex-bancária, a política de valorização dos empregados era única no setor bancário brasileiro.

Boa parte dessas histórias aconteceu no século XX, quando ainda não havia informatização e diversos procedimentos eram resolvidos por telefone. Então, como as pessoas não se conheciam pessoalmente, o banco organizava confraternizações. Há emocionados depoimentos de gente que se conheceu em festas no Canecão, no Tivoli Park, na Lagoa, no prédio da Candelária, no Centro, ou na sede campestre do município de Miguel Pereira (RJ). Um post resume bem o espírito da gerência: “O banco fazia de tudo para ver seus funcionários felizes.”

Não seria justo ignorar os elogios feitos ao dr. Linneu de Paula Machado, o grande timoneiro do Boavista. Ele ligava para os funcionários no dia do aniversário de cada um. Em 1994, no entanto, ele precisou se afastar para acompanhar a esposa aos Estados Unidos para um tratamento de saúde. Uma nova concepção de gestão foi inaugurada e a passagem do bastão parece não ter sido bem realizada. Os rigorosos critérios de concessão de crédito foram abandonados e os descaminhos foram de tal ordem que nem com o retorno do dr. Linneu, em 1998, foi possível reverter o quadro.

O Boavista me remete mais ao bairro Botafogo da minha juventude do que à família Guinle, proprietária do banco. Tanto que em Os Guinle não deixei clara minha relação afetiva com o banco. Porém, bastou entrar em uma única rede social para que uma ex-gerente me relembrasse que quase toda a minha família foi correntista do Boavista.

Comentários

7 Respostas para “Novas ideias, antigos ideais

  1. Essa descriçao eh exatamente o q vivi, parte da minha vida.

  2. Gostaria de saber mais sobre a história do Banco, principalmente porque o slogan sempre me i mpactou, ainda mais agora sabendo das breves informações sobre a gestão de pessoal

  3. Era uma grande família sempre juntos até nos finais de semana

  4. Sinceramente! De fato nao existe nada igual! Nem falo da valorização profissional, e sim da FAMILIA BOAVISTA! Aredito que ainda somos! Mesmo distantes, só que este espirito de gratidão pelo que vivemos! Degustamos do melhor sabor da vida, no lado profissional aliado ao sentimento de ter irmão ou uma irmã ao lado e poder confiar! Saudades de todos! Beijos nos corações e que DEUS abençoe cada um mais e mais!

  5. Foi uma experiência muito boa na minha vida onde tive o prazer de fazer parte dessa equipe de pessoas que tinham a mesma sintonia de fazer um grande ambiente de trabalho, tive como chefe Anisio da Costa Dias, uma grande pessoa de um caráter inestimável.

  6. Foi uma experiência muito boa na minha vida onde tive o prazer de fazer parte dessa equipe de pessoas que tinham a mesma sintonia de fazer um grande ambiente de trabalho, tive como chefe Anisio da Costa Dias, uma grande pessoa de um caráter inestimável.

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