Clóvis Bulcão

A Copa América, cem anos depois

13 / junho / 2016

Não curto a ideia de festejar o centenário da Copa América nos Estados Unidos. Os americanos do Norte não têm nenhuma intimidade com o torneio.  Tanto que quando ele foi criado, em 1916, era chamado de Campeonato Sul-Americano de Futebol. De sua primeira edição, em Buenos Aires, na Argentina, participaram apenas Uruguai, Chile, Brasil e os donos da casa.

Somente na edição de 1921, realizada de novo em solo argentino, uma nova equipe, a do Paraguai, foi aceita no seleto grupo. No torneio de 1927, Peru e Bolívia já eram participantes. Em 1928, aconteceu pela primeira vez um encontro futebolístico com o nome Copa América, mas o torneio que seguia hegemônico no continente era o Sul-Americano.

A Copa América, nos moldes contemporâneos, só começou a ser disputada em 1975. Na edição de 1993, entraram os mexicanos e os norte-americanos. São tão estranhos ao ninho que até hoje nenhum deles conseguiu erguer o troféu.

A história do futebol sul-americano sempre foi marcada por idas e vindas.  Hiatos na realização das competições, brigas e boicotes de algumas seleções, inclusive a nossa, mas nada comparável aos escândalos de hoje.

Neste momento, por exemplo, a AFA, federação argentina de futebol, está mergulhada em um enorme escândalo eleitoral. Em 2015, foram indiciados por corrupção sistemática, pela Justiça americana, Juan Ángel Napout (presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol, Conmebol), Manuel Burga (ex-presidente da Federação de Futebol do Peru), Carlos Chavez (Federação da Bolívia), Luis Chiriboga (Equador), Eduardo Deluca (secretário-geral da Conmebol), Jose Luis Meiszner (ex-secretário da Conmebol), Romer Osuna (auditor da Federação da Bolívia), além do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e do seu ex-presidente Ricardo Teixeira.

Mas como dizia o ex-presidente da antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD), Arnaldo Guinle, o futebol é civilizatório. O melhor da atual Copa América é saber que a alta cúpula do futebol cucaracha não poderá participar da festa. Muitos de seus dirigentes, quase todos, são procurados pela Justiça norte-americana.

Que a Copa América Centenário sirva de lição para os gestores do nobre esporte bretão. Só com uma gestão civilizada, e honesta, voltaremos a ocupar o posto de melhor escola de futebol do mundo.

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