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Um mergulho com Joakim Zander

10 / março / 2016

Por João Lourenço*

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Primeiro romance do sueco Joakim Zander, O nadador é um thriller de espionagem surpreendente e, como nas melhores obras do gênero, cheio de intrigas e suspense, perseguições e tiroteios. Aqui, vale o velho clichê aplicado aos livros que magnetizam a atenção do leitor: é impossível parar de ler.

Tudo começa no início de 1980, em Damasco, na Síria. Um agente americano, depois de uma operação malsucedida, precisa abandonar a filha recém-nascida para manter um disfarce. Enquanto isso, em uma ilha remota no oeste da Suécia, uma menina, Klara Walldeen, cresce sem pai. Agora, trinta anos depois, ela descobre um segredo que foi ocultado à custa de muitas vidas.

nadadorgrandeDepois desse início explosivo, Zander apresenta Mahmoud Shammosh, um estudante de doutorado. na Suécia, George Lööw, um jovem lobista, e, claro, o nadador, um agente aposentado que busca esquecer os erros de um passado turbulento. Juntos, eles precisam encontrar e desvendar esse segredo e, para se salvarem, terão que remexer em suas memórias e revelar quem realmente são.

A história, ambientada em vários países, percorre cantos remotos da Suécia, passa por Estados Unidos e Bélgica, e chega ao Afeganistão devastado pelos conflitos recentes. “Queria escrever algo sobre as relações entre o mundo ocidental e o Oriente Médio. As memórias da minha adolescência na Síria e em Israel ainda estavam muito frescas. E, por ter trabalhado no Parlamento Europeu, também estava interessado em desvendar até onde as pessoas vão em busca do poder”, explica o autor.

Nascido em Estocolmo, Zander cresceu em Söderköping, pequena cidade na costa leste da Suécia. Quando tinha 15 anos, seu pai conseguiu um emprego na ONU e a família se mudou para Damasco e, depois, para Israel. Memórias desse período no Oriente Médio inspiraram O nadador, assim como os dez anos em que o autor trabalhou no Parlamento Europeu. “Sempre quis ser escritor, esse era meu sonho de criança, mas não tive coragem de ir atrás, então acabei virando advogado. E também demorou um tempo até eu encontrar uma história que pudesse chamar de minha.”

A complexa trama de O nadador é contada por meio de inúmeros pontos de vista, além de viajar no tempo, alternando acontecimentos passados e presentes. Zander mostra que domina muito bem seu ofício: escreve com fluidez e sabedoria, saltando entre os vários narradores sem perder o ritmo da história e construindo personagens verossímeis que vivem o conflito de ter que encarar seus segredos para, enfim, livrarem-se dos fantasmas do passado.

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Joakim Zander (Foto: Viktor Fremling)

Tendo como inspiração J.D. Salinger, Faulkner e John le Carré (“Quando se trata de romances de espionagem e suspense, não há ninguém melhor do que Carré”, ressalta o autor), Zander diz que também é admirador de Stieg Larsson: “Ele abriu as portas para muitos autores escandinavos. As pessoas começaram a prestar atenção na literatura daqui graças a nomes como ele.” O autor conta que começou a escrever O nadador depois de ler Sobre a escrita, de Stephen King: “Ele me fez perceber que eu não tinha disciplina para ser um escritor. Então, fiz uma promessa de escrever pelo menos mil palavras por dia. A maior parte do livro foi escrita de madrugada. Não queria que interferisse no meu trabalho nem na minha vida familiar.”

Desde criança, Zander foi incentivado pelos pais a buscar uma carreira artística. “Aos 18 anos eu tinha certeza de que seria um escritor de sucesso, mas não era obstinado o bastante. Acho que se eu pudesse dar um conselho para alguém que está começando, seria esse: ‘Criatividade é bom, mas disciplina é melhor ainda’.”

Após o sucesso do romance, Zander abandonou o trabalho como advogado no Parlamento Europeu. Atualmente, vive na Suécia com a mulher e as duas filhas. O nadador já foi vendido para 28 países e teve os direitos de adaptação para o cinema ou minissérie para TV adquiridos.

 

João Lourenço é jornalista. Passou pela redação da FFWMAG, colaborou com a Harper’s Bazaar e com a ABD Conceitual, entre outras publicações estrangeiras de moda e design. Atualmente está em Nova York tentando escrever seu primeiro romance.

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