Maurício Gomyde

As melhores músicas para anular os efeitos dos hits do carnaval 2016

5 / fevereiro / 2016

O carnaval acabou hoje de manhã. Nos últimos quatro dias, você pulou, dançou, tomou todas, deu vexame. Se foi sozinho para um bloco, ou trio, provavelmente deu em cima de alguém ou alguém deu em cima de você. Caso tenha ido acompanhado, passou mais tempo preocupado em proteger sua companhia do assédio do que com a festa em si. Levou “serpentinada”, “confetada” e “sprayzada” de espuma no rosto. Foi atacado por índios, piratas e pelo Darth Vader. Cantou errado as marchinhas antigas e aprendeu certinho todas as coreografias da Bahia. Bebeu cerveja quente, comeu pastel frio, fez xixi onde deu, escapou das brigas e, com muita sorte, achou um táxi disponível na madrugada. Parabéns, você é um sobrevivente! E agora precisará voltar à vida normal.

O grande problema é que, para regressar à vida, você necessitará de um processo intenso e doloroso de desintoxicação musical. Porque carnaval já não tem mais nada a ver com sambão —  isso é coisa do passado. Em 2015, você foi bombardeado pelo Xenhenhem, Tchuco no Tchaco, Parará Tibum e Lepo Lepo. E sabe muito bem como foi complicado deixar de cantar os refrãos quando estava tomando banho, já que essas músicas foram feitas para grudar como carrapatos. É difícil mesmo e, justamente por isso, procuro não ter contato. Então, aposto que você, sobrevivente, hoje está tentando e não está conseguindo parar de cantar “Aquele 1%”, “Gordinho da Saveiro”, “Tchanranran gostoso”, “Metralhadora”…

Só para constar, em relação a carnaval, eu sou um divergente. Passei quatro dias enfurnado em casa, assistindo a uma série chamada Vikings, em que, por episódio, em média vinte ou trinta pessoas são decapitadas a machadadas. Provavelmente eu teria vontade de fazer a mesma coisa, caso escutasse mais do que três vezes seguidas a música da metralhadora. Foi melhor ter ficado em casa mesmo…

De todo modo, tenho uma tática: quando você não consegue parar de cantar uma música, basta ouvir uma quantidade insana de músicas com o estilo diametralmente oposto e tudo se resolverá. É como uma reação química: um polo negativo sendo anulado por um positivo. Dessa forma, para o seu processo de desintoxicação, pensei na playlist “As melhores músicas para anular os efeitos dos hits do carnaval 2016”:

– “Aquele 1%” – Música romântica. Para ficar ainda mais apaixonado: “Something”, Beatles; “Quase um segundo”, Paralamas do Sucesso; “Every breath you take”, Police; “Love of my life”, Queen.

– “Gordinho da Saveiro”: Música engraçadinha. Para começar a chorar: “Bolero de Ravel”, Maurice Ravel; “Total eclipse of the hear”t, Bonnie Tyler; “Love will tear us apart”, Joy Division; “Streets of Philadelphia”, Bruce Springsteen.

– “ Tchanranran gostoso”: Música de dancinha. Para conseguir parar de dançar e refletir sobre a situação atual, que não tá fácil pra ninguém: “Que país é esse?”, Legião Urbana; “Desordem”, Titãs; “Até quando”, Gabriel o Pensador.

– “Metralhadora”: Música de guerra. Para ficar em paz: “War Pigs”, Black Sabbath; “This is war”, Thirty seconds to mars; “Wake me up when september ends”, Green Day; “A canção do senhor da guerra”, Legião Urbana.

 

Comentários

8 Respostas para “As melhores músicas para anular os efeitos dos hits do carnaval 2016

  1. Aquele 1% de autor que cita Bonnie Tyler e ainda se chama Gomyde <3 Quanto às listas, acrescentaria Landslide: Can I handle the seasons of my life? Sim, pelo menos a season do Carnaval, que com muita leitura e fones de ouvido sobrevivemos…

  2. Ri sozinha lendo seu artigo e imaginando os carnavalescos quase morrendo no pós carnaval. Aliás, fiquei como você Maurício, em casa, no meu CarnaNerd, na maratona cinematográfica, vendo a Trilogia Matrix, A Casa do Lago, De Volta ao Jogo, 47 Ronins e entre outros filmes. Livros não entraram na maratona esse ano. Mas valeu! Sua playlist, gostei! Tá valendo! Abraços! 😉

  3. Hahahahahaha o tra tra tra é difícil de tirar da cabeça. Adorei as dicas.

  4. Vikings é demais. Realmnte mil x melhor do que a metralhadora. ?

  5. Eu também sou divergente! kkk. – amei isso! – Adorei sua tática! Porque mesmo estando em casa, acho que os vizinhos esqueceram o que significa respeito, e o maldito “tra tra tra” não sai da cabeça! Mas suas escolhas já fizeram com que eu esquecesse que existe música chiclete por aí kkk. “Something” é meu xodó! Thirty Seconds to Mar, Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Titãs, Green Day, The Police, Bonnie Tyler… Ah, é pra fazer a vida ser mais feliz! kkk. Parabéns pelo post!

  6. Alegria em saber que não fui a unica que passei o carnaval fazendo maratona de vikings e the walking dead

  7. kkkkkkkkkkk era tudo o que eu precisava ler. Parou um bloco perto da minha rua e eles tocavam o tal do baile de favela e metralhadora a cada 10 minutos. Foi de doer. E o pior é que eu estava tentando, só tentando, ler o “S” (que já requer concentração em silêncio). Ou seja, foi simplesmente impossível. Ainda bem que agora é só daqui a 360 dias. kkkkkkkkk

  8. Não tinha conhecimento de que você escrevia para esse blog. Amei o artigo e todas as músicas já estão em minha playlist. Quanto ao carnaval, fico dentro de casa sim, assisto a todas as séries, vejo todos os filmes tomando café com canela, chocolate ou cravo. Amei!

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