Clarice Freire

Mais uma vez o amor batendo as botas

24 / setembro / 2015

24_09 Post

O amor me estica, contrai, vai embora e fica. Sem falar, sem dar dica.

Tantos poetas já versificaram sobre o amor de verdade. Aquele que não escolhe, tudo espera, não tem fim nem idade. Vai ver se ficaram assim inteiros ou foram pela metade.

Vai ver. Vai saber. Essas coisas são tão imprevisíveis.

Os amores e os poetas.

Parecem fazer das dores, grandes festas e do amor uma fresta para quem perdeu tudo celebrar — contente — o que lhe resta.

E cá estou, falando de novo sobre o amor. Mas que assunto repetitivo, manjado, cansativo.

Fazer o quê, meu Deus? Se para falar de amor, basta estar vivo?

Quem não fala já morreu. Desculpe, é o que penso eu.

Mas e se o sujeito não é do tipo falante; se for um guardador, de olhar encolhido, braços cruzados, palavras contidas?

Ah, se pensa calado no amor, está salvo, tudo bem,

Não termina de botas batidas.

Nunca duvide de um pensamento. Vai por mim.

Mas eu

espero só bater as botas em uma noite de frio, pode ser num jardim.

Com espaço pra dançar, mexer todos os músculos do corpo assim, assim, assim.

Entendeu? Está me ouvindo bem?

Bato as botas só em passos desajeitados de dança, porque não sei dançar, sempre fui uma desgraça, nunca aprendi com ninguém. Mas vale a graça de me exibir, amostramento,

com aquele ar de quem tem.

A música? Tem que ser alta. E que eu cante, grite, me esgoele sem ouvir minha voz cantando, mas sou a própria revelação do ano. Daquele jeito que eu juro ser o Paul, o George, o John ou o Caetano.

Cantando o amor manjado, batido, igual as minhas botas

sujas de lama.

E o olho feliz daquele jeito

de amor passado,

de amor vivido,

de amor que ama.

Comentários

4 Respostas para “Mais uma vez o amor batendo as botas

  1. Choro! Pq hj acabo de deixar um amor ir. Hj so sinto que o amor e eu somos incompatíveis! E choro

  2. Ele era um soldado, queria ir para guerra, queria ser capitão, major, tenente coronel de depois general.
    Mais ele descobriu que era só um poeta!
    Mais ele queria ser soldado, mais ele era poeta!
    Mais ele ainda queria ser um soldado, Mais ele era só um poeta!
    O soldado que queria ser poeta, o poeta que queria ser soldado.
    Talvez o menino poeta nunca quisesse ser soldado, porque ele descobriu que.
    Os soldados carregam armas, e os poetas carregam flores, os soldados morrem de guerra.
    Os poetas morrem de amor!

  3. Ele era um soldado, queria ir para guerra, queria ser capitão, major, tenente coronel e depois general.
    Mais ele descobriu que era só um poeta!
    Mais ele queria ser soldado, mais ele era poeta!
    Mais ele ainda queria ser um soldado, Mais ele era só um poeta!
    O soldado que queria ser poeta, o poeta que queria ser soldado.
    Talvez o menino poeta nunca quisesse ser soldado, porque ele descobriu que.
    Os soldados carregam armas, e os poetas carregam flores, os soldados morrem de guerras.
    Os poetas morrem de amores!

  4. Poesia simples e bela, como tudo que é simples,como tudo que é belo……………

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