Clóvis Bulcão

Havia joias no meu caminho

17 / julho / 2015

Place Vendome

Place Vendôme, em Paris (acervo Victor Burton)

Ingenuamente, quando comecei minha pesquisa para escrever Os Guinle o meu foco era histórico e econômico. Contudo, desde o início dos trabalhos comecei a esbarrar no gosto da família por joias. Eu sou um ponto fora da curva, pois não ligo para elas. Mas que menina não sonha com colares e anéis? Que a mulher que não adora ser presenteada com brilhantes e pérolas? Mesmo entre os homens, quantos não gostam de relógios, anéis, brincos e prendedores de gravatas? Em se tratando de joias, os Guinle seriam como qualquer família, exceto por um pequeno e relevante detalhe: o exagerado amor por elas.

Ainda bem jovem, Eduardo Guinle, o primeiro a usufruir da fortuna de sua família, se tornou um frequentador habitual da Place Vendôme, em Paris. A praça reúne as mais famosas joalherias do mundo. Eduardo era consumidor voraz da Maison Cartier. Para ele, comprar uma joia cara era um ato banal. Uma vez seu sobrinho Jorginho ficou doente e se recusou a tomar a medicação prescrita. Tio Eduardo dobrou o menino oferecendo-lhe um relógio de ouro.

Guilherme, irmão de Eduardo, não via com bons olhos esse comportamento perdulário, mas passou a vida carregando as mais lindas bengalas, todas com castão de ouro.

A cunhada deles, Gilda Guinle, casada com Carlos, também ficou famosa pela coleção de joias. Foi uma das mulheres mais elegantes do jet set internacional. Mesmo nos jantares do dia a dia, sempre trajava estola inglesa. Todas as colunas sociais de seu tempo sublinhavam isso: “a embaixatriz dos tons suaves”, “esguia e simples num modelo escultural”, “destacando-se por sua finesse”.

A coleção de joias de dona Celina Guinle parecia não ter fim. No dia de seu casamento ganhou do pai uma corbelha repleta delas. Ela era muito católica e ao longo da vida doou muitas para entidades católicas. Nada comparado com a doação que fez para a realização do Congresso Eucarístico no Rio de Janeiro, em 1955. Nada menos do que 121 pedras preciosas — ametistas, topázios, águas marinhos, esmeraldas, rubis, brilhantes — e um berilo azul esverdeado de 190 gramas.

Histórias como essa que fizeram dos Guinle uma família mítica.

link-externoConheça Os Guinle: A história de uma dinastia

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