Navegue a lágrima, uma história sobre a felicidade

Por Leticia Wierzchowski

22 / maio / 2015

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A ex-editora Heloísa se muda para um balneário no Uruguai disposta a recomeçar depois de uma grande rasteira do destino. Compra uma casa, que pertencera a uma família que conheceu de passagem nos seus tempos editoriais, e tenta se recompor em meio às difíceis cicatrizes do passado.

De repente, Heloísa, uma mulher pragmática, passa a ter estranhas visões. Em alguns entardeceres, sem mais sinais do que uma luminosidade diferente da habitual, sem mais pistas do que um estranhamento que lhe toma a alma, ela encontra os ex-habitantes da casa vivendo situações cotidianas — cenas de anos atrás desenrolam-se diante dos seus olhos incrédulos, e a vida da família Berman se desdobra como num filme.

link-externoLeia um trecho de Navegue a lágrima

Heloísa acha que anda bebendo demais; mas, mesmo longe dos martínis e bellínis, Laura, Leon e os dois filhos do casal insistem em aparecer às horas mais inesperadas. Heloísa os vê em momentos mais íntimos, nas cenas mais corriqueiras, sem ordem cronológica ou avisos. A vida dos Berman parece seguir acontecendo dentro daquela bela casa, outrora tão amada por todos eles, como se o tempo se misturasse inteiro, como se os Berman, mesmo levados para longe pelos ventos da vida, ainda permanecessem ali, uma parte importante de cada um deles, a parte de suas vidas em que foram realmente felizes.

Então Heloísa se vê como testemunha de um amor, de uma existência a dois cercada por livros e por poemas. Ela acompanha duas infâncias, algumas desilusões, e se descobre plateia dos desgastes que o tempo impõe até à mais profunda das paixões. Tudo passa, e a vida dos Berman também passou — com seus picos ensolarados e os profundos penhascos de tristeza, com suas rosas e livros, seus cálices de vinho e seus meninos perdendo os primeiros dentinhos de leite.

Tudo passa, mas ela descobre ali, naquela casa de veraneio, em meio às visões que nunca contará para ninguém, que a felicidade permanece para sempre. A felicidade permanece como uma estrela, cuja luz segue brilhando mesmo depois de seu fim.

Leticia Wierzchowski nasceu em Porto Alegre e estreou na literatura aos 26 anos. Já publicou 11 romances e novelas e uma antologia de crônicas, além de cinco livros infantis e infantojuvenis. É autora de SalNavegue a lágrima e de A casa das sete mulheres, história que inspirou a série homônima produzida pela Rede Globo e exibida em 30 países.
Leticia escreve às sextas.

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Comentários

2 Respostas para “Navegue a lágrima, uma história sobre a felicidade

  1. Fiquei muito curiosa para ler esta história. Parece cheia de emoções e lindos sentimentos. Vou procurar.

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