Sempre gostei do diferente. Daquilo que ninguém nota, da pessoa no canto da festa, do olhar que se recusa a encarar, do sorriso de canto de boca, das palavras que tropeçam, da música que não toca, do amor que nunca foi. Fazer o quê? Esse é o meu jeito. Em um mundo onde tudo se tornou comum demais, procurar o diferente se tornou minha missão e meu objetivo. Procuro o detalhe, o que passou despercebido, o que ficou invisível aos olhos. Procuro a agulha no palheiro, o raro, a exceção, o que está entrando em extinção. Busca eterna, cansativa.

É engraçado que nós, pessoas observadoras, conseguimos saber tudo sobre alguém que não conhecemos apenas observando suas atitudes. Pessoas que fingem felicidade, que escondem sentimentos, que não estão onde gostariam, que não conseguem amar, que não são quem queriam ser. As pessoas que nós observadores não conseguimos ler e decifrar são os diferentes. Aqueles que também observam. Essas pessoas têm uma espécie de escudo em volta de si que as protege de qualquer análise, e isso me intriga. Por que não posso saber mais sobre elas? O que escondem? O que pensam? Já amaram alguém? Como se chamam? Seu cheiro? De onde vieram? Pra onde querem ir? Me levem?

Pessoas diferentes têm o poder de desnudar a alma apenas com o olhar. É o tipo de gente que você conhece num dia e já quer ficar ”pra sempre” no outro. Pessoas que conectam, enlaçam, encantam.

Eu procuro uma pessoa assim todos os dias, em todos os lugares, e a todo o momento. A dúvida que fica é uma só, será que ela também procura por mim? Eu estou aqui. Vem logo.