Diário de Isabela Freitas

Por Isabela Freitas

6 / novembro / 2014

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Geralmente o amor dá e passa. Como uma doença que pegamos e, depois de muito lutar, nos livramos. Foi assim que aconteceu com a gente, meu bem. Você chegou sem pedir licença, invadiu meu coração e bagunçou tudo aquilo que costumava ser arrumadinho. Não gostei, não gostei nem um pouco.  Sou paranoica demais para ver minhas coisas fora do lugar. Demorei meses, quase um ano, para conseguir achar o amor-próprio que se perdeu em meio a tantos sentimentos novos que ocupavam o meu coração. A coragem tirou férias. A vontade de ficar sozinha? Se perdeu. Eu me perdi. Você me sufocou demais, apertou tanto que mal conseguia respirar. Não é que eu estivesse me fazendo de difícil, é que não conseguia me entregar assim tão facilmente. Eu tinha vontade de dizer que te amava a cada sorriso, a cada abraço, a cada conselho. E isso me assustava demais. Você era a melhor parte de mim e talvez a única que realmente fosse verdadeira. Toda vez que nos víamos eu sentia como se fosse a última, porque, mais cedo ou mais tarde, sabia que isso aconteceria. Estragar todas as coisas boas que aconteciam na minha vida era mais forte do que eu. Eu era viciada em decepcionar pessoas.

O que você não sabia é que por trás de toda essa casca de mulher durona existia uma garota com medo do amor. Estava ali na sua cara o tempo todo – só você não via. Eu chorava com comerciais de margarina, assistia filmes de comédias românticas e adorava livros sobre amores impossíveis. Minhas músicas preferidas eram as mais calminhas, e eu me imaginava entrando de branco na igreja com todas elas. Admirar o amor é uma coisa; ter coragem de vivê-lo, outra. Quanto a esta última, nunca tive. E por não tê-la, escolhi odiá-la. Bater no peito e me declarar independente. O único amor que me permito sentir é o amor-próprio e sempre que chego perto de alguém que faz minha alma levitar, dou um jeito de afastá-la.

Então, por favor, peço que me entenda. Tudo que fiz para te magoar foi para provar que, mais uma vez, eu conseguiria escapar do amor. Quando eu disse que nunca te amei? Eu menti. Era demais admitir em voz alta que sou uma covarde em fuga. Sei o que você deve estar pensando, se vou fugir do amor para sempre… Olha, não sei. Mas vou lutar com todas minhas forças para que ele nunca me domine. O amor rasga corações, extermina esperanças e engana os mais espertos. E eu não sou tão corajosa assim. Prefiro perder pessoas incríveis do que perder a mim mesma.

Isabela Freitas é autora de Não se iluda, não e de Não se apega, não, o primeiro livro jovem nacional da Intrínseca. Em 2011, começou seu blog, que já soma mais de 130 milhões de visualizações. Estudante de Direito, pretende cursar Jornalismo um dia. Mora com os pais em Juiz de Fora (MG), onde nasceu.

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Comentários

3 Respostas para “Diário de Isabela Freitas

  1. A Bel é muito linda e seus textos são mais que perfeitos… Um dia eu quero escrever tão bem quanto ela, ela é a minha maior inspiração e eu a amo demais!!

  2. Quero mais textos dela pra alegrar o meu dia …. Hahahahah Intrínseca, vocês já podem fazer um evento com a Isabela em JF…
    @nsanisafreitass

  3. Cara !!!! Você me defineee eeem tudo que escreve !! Você sabe realmente descrever o que um garota/mulher sente !

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