DIÁRIO DE ISABELA FREITAS

Por Isabela Freitas

15 / agosto / 2014

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Outro dia aconteceu algo na minha academia de musculação que me deixou pensando por horas.

Acontece que nosso bebedouro é um pouco, digamos, inconstante. Tem dias que sai água gelada; em outros, temos que nos contentar com aquela água quente que amarga o céu da boca. Fazer o quê? Supernormal na vida de um bebedouro de classe média. O problema é que eu não gosto de água quente e desde pequena sempre gostei de tudo aos extremos. Bebida muito gelada e comida muito quente. E o que isso tudo tem a ver com o que estou escrevendo? Bem, dia desses enquanto esperava com minha garrafinha em mãos após fazer uma cansativa aula de spinning, notei que ela ainda estava pela metade. Mas continuei impassível. As pessoas me olhavam julgando, como se perguntassem “por que essa menina espera na fila quando sua garrafa ainda tem um pouco de água?”. Simples. Minha água estava quente! Havia exatos 45 minutos que eu a enchera, e o conteúdo certamente já não era mais a mesmo. Esperei mais um pouco. Quando chegou a minha vez, despejei tudo no ralo e preenchi com um pouquinho de água “nova”. Fui sedenta ao pote, bebi com uma vontade inigualável, mas tive uma surpresa… A água estava quente. Mais quente do que a de antes, e eu ― idiota ― a recusei. Foi um risco que eu corri, verdade. E isso me intrigou de certa forma, porque não é assim que acontece em nossas vidas todos os dias?

A gente tem que arriscar às vezes. Às vezes não, permitam-me discordar de mim mesma. Sempre. Temos que arriscar o tempo todo. Mudar de emprego, de cabelo, de casa, de amigos, de namorado, de vida.

Mudanças são sempre boas. Vai dizer que você nunca se sentiu leve, quase sem gravidade alguma a sua volta, após tomar uma decisão que mudou completamente o rumo que as coisas estavam tomando? Pode não ter sido a melhor decisão, pode não ter te levado a lugar algum, mas foi você quem decidiu. Você ousou desconfiar do destino. Você contestou o que ‘’estava escrito’’.

Faz bem sair do script, mudar as falas, pegar o atalho, acordar com o pé esquerdo. Faz bem quando o carro enguiça na estrada, e você tem que dormir num motelzinho barato com cheiro de mofo. Faz bem virar a noite estudando um capítulo que não vai cair na prova do dia seguinte. Sem mais delongas, faz bem errar. Porque errando a gente não aprende com os erros. Isso mesmo, você leu certo. Não aprende. E erra mais. E passa a vida errando. E aprende que erros são nada mais, nada menos, do que viver a vida com leveza… Sem medo.

Isabela Freitas é autora de Não se iluda, não e de Não se apega, não, o primeiro livro jovem nacional da Intrínseca. Em 2011, começou seu blog, que já soma mais de 130 milhões de visualizações. Estudante de Direito, pretende cursar Jornalismo um dia. Mora com os pais em Juiz de Fora (MG), onde nasceu.

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Comentários

5 Respostas para “DIÁRIO DE ISABELA FREITAS

  1. alguém quer o livro dela? ganhei de presente e achei uma verdadeira B-O-S-T-A

  2. Muito bom! Acho que esse texto veio numa hora bastante oportuna da minha vida. Vale a pena refletir.

    Parabéns, Isabela!

  3. Engraçado que muitas dessas atitudes se resumem ao fato de deixar a preguiça de lado. Expulsá-la da sua vida.Uma pessoa preguiçosa certamente iria desistir ao ver a fila grande e se contentaria com o que tivesse em mãos, nenhum lição seria aprendida.

  4. Gostei muito de ler seu texto Isabela,tão jovem mas com uma escrita muito acertada,sucesso fiquei seu fã.

  5. Isabela quando vira seu proximo livro, minha irma esta ansiosa. Bjs

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