DIÁRIO DE ISABELA FREITAS

Por Isabela Freitas

4 / junho / 2014

coluna6

Você dá pitaco nos relacionamentos dos seus amigos? Pois não deveria. O conceito do que é o amor e de como ele deve ser tratado é algo completamente subjetivo. Cada um tem para si o que é o certo e nunca chegaremos a um consenso de como devemos lidar com determinadas situações. Vamos a um exemplo: a namorada do amigo do meu namorado (confuso, mas dá pra entender) é proibida de ter amizades masculinas. . É só isso? Bem, não é. Além de não poder ter amigos, ela não deve dirigir nenhuma palavra aos representantes do sexo oposto. É isso mesmo que você leu! Então enquanto estávamos no restaurante e o  garçom lhe perguntou se ”podia ser Pepsi”, ela desviou o olhar e fitou seu namorado. Ele assentiu, e continuamos a conversa, como se aquilo não fosse nada demais. Fiquei embasbacada. Não consegui manter um diálogo durante os minutos seguintes, e assim que a menina disse que iria ao banheiro, parti em disparada atrás.

– E aí, me empresta seu batom? – puxo assunto.

– Claro! Pode pegar.

– Então… Posso te perguntar uma coisa estranha? Sei que a gente nem se conhece, mas…

– Pode sim. Ah, me passa o papel?

– Toma. – digo enquanto passo o papel por cima da cabine. – Então, por que você não respondeu àquele garçom?

– Que garçom?

– O garçom. Da Pepsi. Se podia ser.

– Nem vi.

– Viu sim, eu vi que você viu.

– Não vi não… Nossa, acho que essa descarga está com problemas. – desconversa.

– Olha, você viu. Eu só queria saber o porquê.

– Você não vai entender…

– Vou entender. Sou pHd em relacionamentos. Manda ver.

– É que o Rodrigo não gosta que eu fale com homens. – disse, corando.

– Peraí, quando você diz homens, homens no geral? Qualquer homem? Seu pai, seu tio, seu primo, seu porteiro? Homens?

– É. Homens. Do meu pai ele não tem tanto ciúmes… Mas…

– HOMENS? VOCÊ NÃO PODE F-A-L-A-R COM HOMENS?

– Sim. É isso aí.

– E você não liga? Tipo normal, tranquilo, numa boa?

– Não. Eu o amo, e faço isso por ele. Não me importo.

– Ah tá. Ok. Eu, é… Vamos voltar.

Você deve estar se perguntando: “Como assim você não deu alguns conselhos para a pobre garota?”, ou então “Por que não disse a ela que isso não é um relacionamento e que o amor não deveria ser assim?”. A verdade é que não tenho esse direito. E provavelmente se eu tivesse dito algo, ela me olharia diferente e comentaria com as amigas que eu tenho inveja do seu relacionamento ”perfeito”. O que é um relacionamento? O que é o amor? O que podemos ou não fazer dentro dele? Isso somos nós que delimitamos. E por mais que eu ache um absurdo uma garota ter que cortar os laços com qualquer pessoa do sexo masculino só para manter o seu parceiro feliz,  quem sou eu para dizer o contrário se isso também a faz feliz?

Tá aí. Nós linguarudos  morremos todos os dias pela boca. Damos conselhos a quem não pede, tentamos socorrer princesas no alto de torres. E elas nem sonham em ser socorridas – na verdade, sentem-se em casa lá em cima. Então me perdoem a inércia, mas eu cansei.

Mesmo com mentiras, traições, machismo, arrogância, palavras que ferem e agressões, existem aqueles que optam por continuar como um casal. Os motivos? Cada um com os seus. Medo de ficar sozinho, medo do que pode acontecer e, principalmente, medo de mudanças. Mas por que viver assim? Por que não tomar as rédeas da sua vida e se tornar o dono do seu destino?

Eu acredito no amor. No amor que é livre para amar e que mesmo com toda a liberdade sempre volta para sua casa. Mas tenho plena consciência de que esse amor não vem para todos. Aliás, ele até viria se as pessoas não se agarrassem a qualquer um que aparece no meio do meio do caminho batendo no peito e ditando regras sobre ‘’como devemos amar’’.

E você? Está livre para amar ou preso às pedras do caminho? Pense nisso.

Isabela Freitas é autora de Não se iluda, não e de Não se apega, não, o primeiro livro jovem nacional da Intrínseca. Em 2011, começou seu blog, que já soma mais de 130 milhões de visualizações. Estudante de Direito, pretende cursar Jornalismo um dia. Mora com os pais em Juiz de Fora (MG), onde nasceu.

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Comentários

2 Respostas para “DIÁRIO DE ISABELA FREITAS

  1. Olha, e bem isso mesmo.
    Cada um com seu cada um, muitas vezes abrimos mao de algo por alguem, mas nao para mantermos a pessoa com a gnte, mas pq a gnte ama e quer faze-la feliz. Todo mundo tem uma cabeca. Sou extremamente ciumenta, e pedi para meu namorado parar de virar a noite conversando com as coleguinhas dele, pois ligavam direto e tal. Ele parou e elas comecaram a falar um monte de coisas, que ele nao deveria ficar comigo, que eu era horrivel, que ele deveria encontrar alguem que deixasse ele mais livre… Entao um dia, depois de uma discurssao por uma ter deixado um recado na timeline dele, ele simplesmente excluiu todas e nao foi por eu pedir, foi pq ele qs. Entao assim, cada um sabe o amor que tem e mantem.

  2. Realmente, eu nunca faria isso por causa do meu namorado, ué ele não confia nela? Isso é puro machismo, credo!

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