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Fantástico mundo real

17 / abril / 2014

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Considerado um dos thrillers mais assustadores e bem escritos de 2013 pelo Chicago Sun-TimesIluminadas, da sul-africana Lauren Beukes, mescla thriller, ficção científica e romance policial. Além disso, conta com o incrível apuro para detalhes da autora, uma observadora atenta da realidade, que acredita ser imprescindível o equilíbrio entre fantasia e mundo real, a fim de tornar qualquer história convincente.

Veja abaixo trechos de entrevistas com Lauren Beukes concedidas a duas revistas digitais.

Que importância você atribui à regra “escreva sobre o que você sabe” quando está fazendo ficção científica/fantasia?
Acredito que, se você se propõe a escrever o incrível, tem que torná-lo crível. Eu faço isso enraizando o romance na realidade.

Então o mundo real precisa ser o mais convincente possível em um romance de fantasia?
Definitivamente. É preciso haver harmonia entre o fantástico e os elementos verossímeis, os detalhes reais. Eu acho que isso torna o todo mais significativo.

Como você equilibra uma trama complexa com elementos de extrema fantasia?
Acho que grande parte vem intuitivamente, mas é importante ler o máximo possível. Eu li muito romance noir antes de começar a escrever e assisti a muito filme noir também. Acho que subestimamos a importância da influência de outros meios. É preciso absorver tudo que for possível, realmente entender o gênero que você está escrevendo. É como na famosa máxima de Picasso: você tem que saber desenhar o básico antes de fazer coisas malucas.

A violência [contra a mulher] é parte importante do romance. Por que você escolheu incluir esse tipo de violência tão terrível?
É preciso dar esse soco emocional no estômago. Se você não entender [as mulheres], então você não vai sentir a parte importante. A forma horrorosa como a vida dessas mulheres foi tirada, além do que nós perdemos em consequência disso e como isso se desenrola todos os dias. E geralmente não se trata de serial killers, mas de violência doméstica. Perdemos essas mulheres a cada dia.

Muitas vezes, é a história do agressor, e não da vítima. As vítimas desaparecem. Elas se tornam cadáveres, um quebra-cabeça sangrento, e nós atiramos sobre elas os mesmos clichês…

Acho realmente preocupante como essas vítimas são tão rapidamente reduzidas a uma soma de suas feridas.

O vilão de Iluminadas, Harper, também não é o serial killer estereotipado. Por que você optou por caracterizar seu assassino em série como um marginal paupérrimo, em vez de como um personagem tipo Hannibal Lecter?
Eu fiz várias pesquisas sobre assassinos em série reais, e eles não são como Hannibal Lecter. São homens cruéis, que aproveitam a oportunidade de fazer alguma coisa terrível, e grande parte disso está relacionada à impotência. Eles se sentem impotentes no mundo real.

[Harper] definitivamente tem a malandragem das ruas e é encantador – mas não é sofisticado nem diabólico. Não é um monstro. Acho que frequentemente nos equivocamos quando descrevemos as pessoas como monstros, coisa que elas não são. Elas são humanas. E isso é muito mais assustador. Se os assassinos fossem “os outros”, ou apenas estivessem possuídos pelo demônio, seria menos assustador do que encarar o fato de que qualquer um de nós é realmente capaz de coisas terríveis. Todos carregamos dentro de nós um instinto malvado e assassino.

Fontes:

http://www.scifinow.co.uk/

http://www.chicagomag.com/


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