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DA REBELDIA À MARINHA MERCANTE

7 / novembro / 2013

Autor_DeverDeCapitao_

“Eu queria iniciar alguma comunicação com os piratas que não se limitasse às ordens que eles gritavam e eu obedecia (ou fingia obedecer). Qualquer treinamento para casos de reféns recomenda: não afronte demais os sequestradores nem pareça submisso demais. Mantenha sua dignidade era uma frase que ficara na minha memória. Se você ficar gritando com o chefão ou choramingando num canto, dá um motivo, uma razão a mais para eles meterem uma bala na sua cabeça. Resolvi que agiria simplesmente como eu mesmo. Isso vinha funcionando até aquela altura da minha vida. Decidi confiar nos meus instintos e esquecer qualquer ideia quanto ao refém perfeito.”

Richard Phillips nunca se deixou intimidar por ninguém. Desde a adolescência, era conhecido como um cara durão e dono de uma natureza rebelde. No colégio, embora gostasse de esportes, não aceitava a disciplina da vida de atleta, sendo um problema para os técnicos do time de futebol americano. Um deles lhe disse que pretendia transformá-lo em capitão da equipe, mas Phillips só queria se divertir e trocou o jogo por um lugar na banda da escola. Outro treinador perguntou o que ele faria se fosse deixado no banco de reservas durante a temporada inteira, ao que Phillips respondeu sem hesitar: “Vou ficar.”

Diziam que o rapaz não chegaria a lugar nenhum na vida e, por um tempo, aquilo pareceu verdade. Phillips teve uma série de empregos sem futuro, como segurança em uma empresa de tecnologia aeroespacial, transportador de cheques de bancos locais e motorista de táxi. E foi como taxista que vislumbrou, pela primeira vez, a possibilidade de entrar para a marinha mercante. Após receber uma boa gorjeta de um marinheiro, ficou impressionado com as roupas caras e o desprendimento do homem em partir sozinho para a noite em uma cidade estranha e concluiu que aquela era a vida que desejava.

“Todos os caras que conheci na marinha mercante tinham histórias parecidas com a minha. Não éramos os primeiros da turma. Éramos aqueles que chegavam ao colégio em motocicletas caindo aos pedaços, jogavam na linha ofensiva e bebiam no Fells, o bosque das proximidades, onde a garotada se reunia. Fazíamos o que queríamos. Éramos os rebeldes que se recusavam a seguir ordens.”

Assim, quando o Maersk Alabama foi abordado por piratas somalis em abril de 2009, os bandidos não encontraram uma tripulação indefesa e inclinada a entregar os pontos. Eles encontraram um capitão que faria tudo para proteger seus tripulantes e derrotar os oponentes.

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