Quando nasci, meu sexo já sentenciou: posso ser pai, não posso ter filho. Eu nunca terei o privilégio de sentir a dor do parto. Talvez, para mim, a dor que mais se aproxime, seja a dor da criação da arte, a dor da necessidade de colocar a minha arte para o mundo.
Isso me fez pensar que criar também dói. Meu livro acabou de nascer. Foi um processo que levou cinco ou seis meses de gestação, desde a conversa com a editora até niná-lo em minhas mãos, impresso. Babando digo: é a capa do pai! Senti contrações. Contração das mãos, contração das ideias. Senti também aquele susto bonito: o susto de não saber o que nos espera. Obviamente, as dores são incomparáveis e não estou aqui querendo descobrir qual dor dói mais. Em comum, podemos diz que são duas dores que nascem da criação.
Sinceramente, não sei quantos ossos eu precisei quebrar para ver nascer cada página do meu filho, mas ontem tive a emoção de olhar pela vitrine de uma livraria do meu bairro e pude ver o meu livro dormindo em paz, entre um best-seller e um romance latino-americano. Sei lá, a imagem que me veio é a de um pai contemplando seu filho – a sua criação – pelo vidro do berçário da maternidade.
Eu nunca terei o privilégio de sentir a dor do parto, então fico por aqui, quebrando 29 ossos imaginários…
Quem sabe esperando um novo filho.
“Quem sabe esperando um novo filho”
Frase um tanto quanto profética neah!! Parabéns papai Antônio!!
Adoro metáforas. E o Antônio mostra seu filho através desta linda metáfora.
Como é bom saber que nós pudemos acompanhar a gestação. Posso dizer que me sinto um pouco mãe (desculpe, sem querer apropriar-me de sua obra) mas curti cada guardanapo de desejos e enjôos dessa gestação.
PARABÉNS, mais um lindo texto.
Você é incrivel.
“Quem sabe esperando um novo filho”
Fico aqui, louca pelo próximo!
SOU SUA FÃ!