O Museu do Filho

Por Leticia Wierzchowski

23 / setembro / 2013

Museu do Filho_16.09

Marina Silva disse num artigo publicado na Folha de São Paulo que, se a internet mudou nossa concepção de viajar, de estudar, de nos comunicarmos e fazermos compras, inevitavelmente ela também mudaria a nossa concepção de fazer política (Marina falava das manifestações de rua no país). Pois é nesse espírito — a internet está aí pra revolucionar a vida, e para melhor — que a Tetê Pacheco, publicitária gaúcha radicada em São Paulo, teve uma ideia genial: o Museu do Filho. Tudo começou dentro de casa, com Bento e Otto, os filhos da Tetê. Mas este espaço digital, seguro e organizado, logo ganhou a participação dos filhos dos amigos e amigos dos amigos, numa corrente que se multiplica com a velocidade que só a internet — aliada a uma boa ideia — é capaz de gerar.

Afinal, quem é pai sabe que não existe gaveta no mundo que possa abarcar os trabalhos artísticos que nossos filhotes fazem ao longo da vida. As cores, os traços, a ousadia, as marcas pessoais que as nossas crianças, amadurecendo e desbravando este mundo maluco e incrível, deixam no papel podem ser maravilhosas para além de qualquer corujice. É por isso que vale a pena conferir o Museu do Filho — tudo que é postado passa pela Tetê Pacheco: são obras de pequenos artistas, selecionadas com critério de curadora e carinho de mãe. O Museu do Filho é uma gaveta digital. Uma gaveta sim, mas também uma vitrine do mundo que palpita dentro das cabeças dos nossos filhotes. Tetê criou o Museu para guardar e para mostrar, mas também para valorizar a arte dentro de casa, no convívio entre pais e filhos. A gente fica louco de orgulho quando uma obra entra para o acervo e pode ser vista e compartilhada por um monte de gente. Resultado? Tem filho aí saindo das gavetas para o mundo (como bem disse a Tetê, os pais são gavetas de lembranças das suas crianças). Vale a pena conhecer, mesmo se você não é o orgulhoso papai de um Picasso de fraldas.

O Museu do Filho tem uma fanpage em que, além das obras, a Tetê dá dicas de exposições, arte e cultura pelo mundo afora. Há também uma conexão entre artistas, que participam contando dos seus começos, tropeços e experiências mis. O Museu do Filho está no Facebook, no Instagram e no Pinterest, cumprindo a sua missão de aproximar a arte dos adultos do olhar infantil, e a arte infantil do olhar adulto. É lindo de ver. É emocionante de participar.

 

Leticia Wierzchowski é autora de Sal, primeiro romance nacional publicado pela Intrínseca, e assina uma coluna quinzenal aqui no Blog.

Nascida em Porto Alegre, Leticia estreou na literatura aos 26 anos e publicou 11 romances e novelas e uma antologia de crônicas, além de cinco livros infantis e infantojuvenis. Um de seus romances mais conhecidos é A casa das sete mulheres, história que inspirou a série homônima produzida pela Rede Globo e exibida em 30 países.

Este texto foi publicado originalmente no jornal Zero Hora, no dia 16/09/2013.

Leticia Wierzchowski nasceu em Porto Alegre e estreou na literatura aos 26 anos. Já publicou 11 romances e novelas e uma antologia de crônicas, além de cinco livros infantis e infantojuvenis. É autora de SalNavegue a lágrima e de A casa das sete mulheres, história que inspirou a série homônima produzida pela Rede Globo e exibida em 30 países.
Leticia escreve às sextas.

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