Diário de Isabela Freitas

Por Isabela Freitas

15 / março / 2013

É engraçado porque a gente nunca imagina o dia em que vai escrever um livro. Peraí, livro sobre o quê? Minha vida? Minhas opiniões? Meus ideais? Ninguém quer saber sobre isso. Minha vida não tem nada de interessante, meus ideais são os mais errados possíveis e eu não consigo sequer ser iludida o suficiente para criar um casal perfeito. Ah, você sabe. Não se faz de bobo. Casais perfeitos são os queridinhos do público. As pessoas gostam de ler sobre o que elas nunca serão. Vampiros que brilham na luz do sol e amores à primeira vista… Você vai me desculpar a sinceridade, mas isso não cola.

Não existe casal perfeito e é por isso que nós, escritores, falamos sobre eles. É legal escrever sobre algo que poderia acontecer se não fossemos tão estúpidos. Ou egocêntricos. Ou individualistas. Verdade seja dita, os melhores relacionamentos são aqueles que, apesar dos erros, permanecem. Quanto às comédias românticas, esquece. Não que os roteiristas desses filmes sejam grandes mentirosos —– eles só escondem as partes ruins de um casal comum. E eu não culpo aqueles que sonham com um relacionamento perfeito, acontece. Eu também sonho com o dia em que eu vou acordar milionária. Ou descobrir que na verdade sou uma princesa perdida de um reino bem, bem distante. Sonhar nunca é demais. Você só precisa ter a consciência de que é um sonho. E somente um sonho.

Então, tudo bem, abra aquele livro empoeirado que está na sua estante, leia sobre um amor proibido, lute e torça por eles. Afinal, torcer pelo amor nunca é demais. Sonhe com o que poderia ser e nunca foi. Viva histórias que jamais conseguiria vivenciar. Sinta sensações que nunca se permitiu sentir. Se encante por pessoas que sequer existem. As palavras têm esse poder, você sabe. Elas conseguem te fazer sentir, nem que seja por alguns minutos, que tudo é possível.

Mas o meu vai ser um pouquinho diferente daquilo a que vocês estão acostumados… Quero escrever um livro que faça com que as pessoas sintam tudo aquilo que nunca se permitiram sentir. Portanto, não se preocupe. Quando sua alma transbordar sentimentos e não se permitir acumular mais nada, eu estarei aqui. Pronta para contar uma história sobre a vida da gente, de um amor impossível, um amor que já se foi ou um amor que não deu tão certo. Porque finais felizes só existem nos livros, e eu não quero ser mais uma a te iludir. Aqui é a realidade. Final feliz que nada, apenas fim. Aquilo que acaba não é feliz, porque se acabou, não tem sentimento que caracterize.

Leia a coluna anterior de Isabela Freitas. 

Isabela Freitas é autora de Não se iluda, não e de Não se apega, não, o primeiro livro jovem nacional da Intrínseca. Em 2011, começou seu blog, que já soma mais de 130 milhões de visualizações. Estudante de Direito, pretende cursar Jornalismo um dia. Mora com os pais em Juiz de Fora (MG), onde nasceu.

VER TODAS AS COLUNAS

Comentários

24 Respostas para “Diário de Isabela Freitas

  1. Acho que o filme “500 dias com ela” mostra o lado “real” do relacionamento. Pelo menos um bom pedaço dele: as pessoas mudam. Elas acordam e querem outra coisa, outra vida. Rotina cansa, por isso queremos sempre o novo, experimentar, ousar.

    Talvez por isso relacionamentos sejam complicados. “Mas existe o amor Erick.” Sim, existe amor. Até você encontrar alguém mais inteligente, mais bonito, se dar conta de que é somente mais um idiota e “experimentar algo novo.”

    No fim, tudo passa, tudo enjoa. Amor também faz parte da rotina. Mas há quem goste disso – da rotina. E do amor.

  2. AAAAAAAAAH, VEM VEM VEM “NÃO SE APEGA NÃO”, apenas contando os dias.

  3. Um dos textos mais perfeitos e mais “fuck yeah!” que eu eu já li. Se final feliz fosse realmente FELIZ, não teria um fim.

  4. Bebela, estou ansiosa pelo teu livro <3<3

  5. Que pessimismo! Taí um livro que eu não vou ler 😉
    Algumas pessoas não têm finais felizes, algumas nem sequer acreditam. Mas existem sim, casais que vivem felizes até o fim de suas vidas e quem sabe até além .. só porque você não conhece o amor, não significa que é ilusão. E se você pensa assim, nunca vai entrar de cabeça num relacionamento, sempre vai esperar ele terminar, então não culpe os defeitos de um casal por terminarem com um relacionamento, todo casal tem defeito. Mas se você entra numa relação achando que ela pode acabar, não tem como ela dar certo, o amor acredita no pra sempre, não tem desconfiança, ou ama ou não ama.

  6. Adorei! Não vejo a hora do seu famoso “não se apega, não” chegar. <3

  7. Oie, gostaria de saber o nome do filme da primeira foto ..com a Anne e o Gyllenhaal. Agradeço.

  8. Lindo texto, Bebela! É ótimo poder ler coisas sobre a realidade. Contos de fadas, já não bastam os de livros e filmes? Hoje em dia, nós mulheres gostamos de realidade! Gostamos de ter os olhos sempre abertos e atentos (exceto algumas), e ver e sentir o amor com olhos realistas. Beijo, e comprarei seu livro, com certeza (:

  9. Parabéns mais uma vez Bebela, acompanhando você no Twitter, no blog e aqui. Futuramente com o livro. Sua forma de escrita é simples e gostosa, muito fácil de se identificar, entender e ser semelhante a nossa.

  10. Parabéns, Isabela! Estou aguardando ansiosamente pelo seu livro. Tenho certeza de que será um belo trabalho e de muito sucesso, você é muito iluminada e me ajudou muito com seus textos, visito seu blog sempre! Beijos e muito sucesso. 😀

  11. “Quero escrever um livro que faça com que as pessoas sintam tudo aquilo que nunca se permitiram sentir.” cada dia mais ansiosa! Boa sorte, Bebela <3

  12. Então, é interessante isso de um livro na linha: “Aqui é a realidade. Final feliz que nada, apenas fim”, de verdade. Prefiro histórias que têm um final coerente, em vez de um final forçado, tutti-fruti, só para eu não embirrar pra sempre com o autor. Mas, às vezes, fugir um pouco da realidade, se permitir sonhar com o que desejamos é bem vindo também. A gente já dorme e acorda na realidade, mas não estamos precisamos estar condenados à ela todo o tempo.

  13. Acho muito legal. Mas se eu quisesse algo real, abria a página de um jornal, não um livro de romance ‘-‘

  14. Se for um final feliz, mas coerente, condizente com a realidade e com a trama, tudo bem. OK, tudo certo. Acho que dá pra criar finais felizes sem “iludir” o leitor. Li finais infelizes inesquecíveis, mas também li finais adoráveis e possíveis.

  15. Olá, Wallace! Na primeira foto estão Emma e Dexter, personagens do filme “Um dia”, inspirado no romance homônimo de David Nicholls. Abraços

  16. Eu tb acho!! Prefiro um livro mais realista…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *