Por Cindy Leopoldo*

A Intrínseca vem estudando o mercado de e-books há algum tempo para definir qual caminho seguir em relação à produção e à venda de seus livros digitais. Diferentemente do livro impresso, o e-book, em especial o de formato ePub, não é um arquivo estático, visualizado da mesma forma por todos os leitores. Ele é dinâmico e se adapta à tela do dispositivo usado, seja celular, pc, tablet, e-reader com tela preta e branca ou colorida… Essa liberdade que de início parece exclusivamente boa é a maior dor de cabeça para os editores, pois é sempre difícil ver seus projetos gráficos alterados. Como somos uma editora exigente em relação à qualidade e ao design, nossa expectativa inicial era que o e-book fosse, no mínimo, tão perfeito quanto o impresso. E, não, não é bem assim.

Acostumamo-nos a chamar de “conversão”, mas o processo de transformar um livro impresso em um e-book é, na prática, uma segunda diagramação. A produção de e-books começa assim que o departamento editorial finaliza o livro e libera seu arquivo para a gráfica. A partir daí, é possível iniciar a conversão usando o arquivo final do InDesign ou o PDF final. Só não se engane, ambos são trabalhosos.

Os e-books dificilmente conseguem ficar iguais ao livro impresso. Além de o formato da tela mudar de aparelho para aparelho, os leitores têm o poder de alterar a diagramação feita pela editora. Tanto nos aplicativos dos tablets como nos e-readers é permitido que o próprio usuário defina a fonte, o tamanho da fonte, a margem, a cor do background, entre outros detalhes. E esse foi nosso primeiro choque. Tentamos muito manter os projetos originais, mas, à medida que o tempo foi passando, percebemos que fontes se perdem, vinhetas que deveriam ficar em um local específico do livro se movem e perdem o sentido quando a fonte é aumentada etc. Então, foi preciso se render ao e-book e entendê-lo como um outro produto, que não é apenas um livro impresso digitalizado.

Assim, em vez de transformá-lo, nos transformamos e aprendemos a usar as funcionalidades desse novo produto para melhorar a experiência de nossos leitores com pequenos detalhes que costumam ser deixados de lado, por exemplo: nossa folha de rosto busca ser sempre como a do impresso, com as mesmas imagens e fontes; inserimos uma página com links que apresentam ao leitor nosso Facebook, Twitter, canal no YouTube e, claro, nosso site; o sumário externo explicita todo o conteúdo do e-book, permitindo que os leitores possam pular toda a informação pré e pós-textual; inserimos também páginas que  apresentam os autores e seus livros publicados (todos com link para o nosso site, com o primeiro capítulo disponível para leitura).  Por enquanto, todos os nossos e-books possuem o formato ePub, o DRM Adobe — a forma de proteção contra a pirataria mais usada — e estão à venda nas livrarias Cultura, Gato Sabido e Saraiva.

O mercado de e-books ainda é muito restrito e restritivo em diversos lugares do mundo. Restrito porque, exceto nos Estados Unidos, os leitores, em sua maioria, ainda se sentem mais confortáveis lendo em papel — apesar de as vendas de e-books estarem surpreendendo, o impresso ainda vende muito mais. E restritivo porque o usuário, no mundo inteiro (incluindo Estados Unidos), ainda tem pouca liberdade para escolher onde vai ler seu e-book. Sua escolha está diretamente ligada ao local onde efetuou a compra. Por exemplo, se você compra um livro com DRM Adobe, esqueça os famosos e-readers Kindle e Nook, e o aplicativo do iPad chamado iBooks, porque eles só leem arquivos sem DRM ou os que foram comprados nas livrarias Amazon, Barnes and Noble e iTunes, respectivamente. Então, para ler nossos e-books, aconselhamos que:

    – se for ler no computador (Mac ou Windows), baixe gratuitamente o aplicativo Adobe Digital Editions aqui (http://www.adobe.com/products/digitaleditions/);

    – se for ler em um tablet ou smartphones da Apple, baixe na app store, também gratuitamente, o aplicativo Bluefire ou os próprios da Saraiva, da Cultura ou da Gato Sabido;

    – se for ler em um tablet ou smartphones com sistema Android, baixe, mais uma vez gratuitamente, o aplicativo Aldiko ou também os próprios da Saraiva, da Cultura ou da Gato Sabido.

Esses são apenas alguns aplicativos, mas há muitos outros (a maioria gratuitos) tanto para ler no computador como para os que usam o sistema Android ou aparelhos da Apple.

Espero que as vendas continuem crescendo exponencialmente e façam os preços caírem, os arquivos tenham outra forma de proteção que permita que todos os e-books possam ser lidos em qualquer aparelho e que fiquem cada vez mais interessantes, buscando não apenas ser uma cópia do livro impresso, mas um produto aberto a muitas mídias, com capacidade de explorar outros caminhos dentro da leitura e, quem sabe, despertar novos leitores em nosso país.

*Cindy Leopoldo é assistente editorial, responsável pela produção dos e-books da Intrínseca.